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04/09/2012 - 17h40

Custo de mão de obra chinesa sobe e indica mudanças

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JULIANA ELIAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um dos maiores trunfos para a atratividade econômica da China e motor de seu crescimento exponencial nas últimas décadas --a mão de obra barata-- começa aos poucos a mudar.

Um estudo divulgado nesta terça-feira (4) pela USP (Universidade de São Paulo), que se aprofundou nas principais mudanças do país nas últimas décadas, mostra como a média salarial do chinês vem aumentando rapidamente.

Este fenômeno, ao lado da criação e do fortalecimento de leis e direitos trabalhistas mais rígidos, pode até começar a reduzir as vantagens competitivas da potência chinesa em relação ao resto do mundo.

"Os impactos mais intensos serão sentidos pelas indústrias tradicionais, e outros países poderão ter mais fôlego para ganhar participação no mercado global em relação à China", disse o professor e pesquisador da FEA/USP, Gilmar Masiero, responsável pelo estudo.

"Hoje não dá para pensar o desenvolvimento da nossa economia sem pensar no desenvolvimento econômico chinês", disse Roger Leal, secretário-executivo da SAE/PT (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República), que encomendou a pesquisa à USP. "Queríamos ter um raio-x completo do país para podermos saber como lidar com ele."

Os dados levantados pela pesquisa mostraram que o aumento do salário médio do chinês foi de 19,8% ao ano, no período de 2005 a 2009 --mesmo que a média atual, de US$ 327 por mês (R$ 664,76), continue violentamente abaixo da média mundial.

O valor é ainda seis vezes mais barato que o salário de um trabalhador brasileiro, e 24 vezes menor que o rendimento médio nos Estados Unidos. Em 1998, um chinês ganhava 40 vezes menos que o norte-americano.

LEIS TRABALHISTAS E GREVES

Ainda assim, outros fatores também começam a reconfigurar as relações trabalhistas na China --que, nas últimas três décadas, se baseou em pilares como os migrantes ilegais vindos das áreas rurais, exploração da mão de obra feminina, ainda mais barata, e, claro, o aumento da população, fator que consolidou o país como o maior mercado de consumo do mundo e, sozinho, foi o responsável por um quarto do crescimento econômico de 1980 a 2000.

Um aumento demográfico bem mais baixo, o envelhecimento da população e a substituição das gerações mais antigas de migrantes por jovens com outra formação cultural remodelam aos poucos este perfil, e colaboram para pressionar os salários para cima.

O fortalecimento de leis trabalhistas, bem como do movimento sindical --tradicinalmente controlado pelo governo e pelas empresas-- também pesam na balança.

Em 2008, o país promulgou uma nova lei trabalhista com pesadas proteções ao trabalhador, como a obrigatoriedade de contrato, o direito de entrar diretamente com ações (antes possível apenas via sindicatos) e a proibição de demissão sem justa causa.

Desde então, uma leva de greves desponta nas principais metrópoles chineses. Honda, Hyundai, Toyota e Foxconn são algumas das companhias que sofreram com protesto de funcionários em suas filiais chinesas desde 2010.

 

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