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Análise: Dado novo é o papel diferente do Egito pós-revolucionário
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SALEM H. NASSER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Houve quem duvidasse que as revoltas árabes tinham algo a ver com a questão palestina.
Ainda que se queira acreditar que as frustrações ligadas às derrotas militares para Israel e à continuidade da ocupação não participavam da vontade de revolta, hoje aparece claro que as mudanças em curso afetarão inevitavelmente o futuro do que se costuma chamar de conflito árabe-israelense.
No momento em que se chega a um acordo, que inclui o cessar fogo e vai além, anunciando a possibilidade do fim do bloqueio à faixa de Gaza, o Hamas aparece como vitorioso em mais de uma frente.
Por um lado, demonstrou ter avançado no estabelecimento de um equilíbrio de forças mais vantajoso no plano militar e, por extensão, emprestou maior credibilidade à sua tese de que não há alternativa, no confronto com Israel, à resistência armada.
Por outro lado, no plano político, emerge novamente como ator central na representação do povo palestino, em parte às custas da Autoridade Palestina.
Mas o contexto em que se chegou a um acordo revela outro dado novo e anuncia algumas interrogações. O dado novo fundamental é o papel transformado do Egito.
O país, sob a presidência de Mursi, procede a um exercício de equilíbrio entre, de um lado, as demandas da opinião pública egípcia, árabe e muçulmana, bem como as visões históricas da Irmandade Muçulmana e, de outro, as expectativas internacionais e regionais em relação à estabilidade, simbolizadas nos acordos com Israel.
Essa posição, de todo modo, é radicalmente diferente daquela dos tempos do ex-ditador Hosni Mubarak.
No entanto, a atitude egípcia, de um certo malabarismo, é parte de um cenário de incertezas. A leitura usual da situação no Oriente Médio pinta oposição entre aliança de partidários da resistência, que inclui Irã e Síria e, ao menos em princípio, ainda hoje, o Hamas, e os países classificados como moderados.
No cenário que se vai desenhando após as revoltas árabes, o Hamas foi atraído para uma maior proximidade, natural, por razões históricas, com o Egito da Irmandade e, por outras razões, com países tais como Qatar e Turquia.
Nos próximos tempos, tanto a chamada moderação quanto a opção pela resistência serão testadas. Veremos se o Egito fará pender a balança para a defesa da questão palestina e para o fortalecimento do Hamas, ou se, ao contrário, este último será atraído para o campo dos que entregaram o destino da Palestina aos EUA e a Israel.
SALEM H. NASSER é coordenador do Centro de Direito Global da Direito GV
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