Partido antissistema é alvo de escândalo na Itália

Movimento 5 Estrelas deve ser o mais votado nas eleições de março, diz pesquisa

Madri

A menos de um mês para as eleições italianas, o partido cotado para receber mais votos, o Movimento 5 Estrelas, foi alvo nesta semana de um escândalo que pode prejudicar a sua reputação.

Legisladores desse movimento antissistema, baseado em uma plataforma contra a política tradicional e a corrupção, foram acusados de burlar a sua própria regra interna de transferir parte dos salários para fundos de ajuda a pequenas empresas.

Segundo a imprensa local, que deu destaque ao escândalo nos últimos dias, os legisladores deixaram de restituir o equivalente a R$ 5,7 milhões. Não é um crime, pois se trata apenas de uma regra interna do movimento, mas a revelação mina a sua narrativa de que representa novas práticas na política italiana. Um legislador deixou o partido, e dois foram expulsos.

O italiano Matteo Renzi disse na terça-feira (13) em um programa de rádio que o 5 Estrelas é uma "arca de Noé de fraudes". Ele afirmou que o movimento "moraliza sem ter moral" e exigiu que esclareça quais dos legisladores estão envolvidos no caso.

O 5 Estrelas obriga que os legisladores devolvam parte do dinheiro, pois os considera demasiadamente bem pagos no país -- cinco vezes mais do que o salário de um trabalhador médio, segundo pesquisas. Mas alguns deles burlaram a regra exibindo os recibos das transferências e depois as cancelando.

O líder do partido, Luigi di Maio, prometeu que irá remover as "maçãs podres" da popular sigla, fundada em 2009 pelo comediante Beppe Grillo. "Não deixaremos que ninguém invalide o nome do movimento."

Entre as polêmicas propostas do 5 Estrelas está um plebiscito para decidir a permanência da Itália na zona do euro, ou seja, o uso da moeda comum europeia.

Previsão

As pesquisas de opinião indicam que o 5 Estrelas deve ser o partido mais votado nas eleições de 4 de março, mas deve ser derrotado por uma coalizão de centro-direita liderada pelo ex-premiê Silvio Berlusconi --que por lei não pode reassumir o cargo, devido a uma condenação por fraude. Sua inclui a controversa legenda de direita nacionalista Liga Norte, que tem um discurso contrário à imigração e ao islã.

Pesquisa publicada na segunda (12) indica que o Movimento 5 Estrelas terá 27,3% dos votos, contra 22,8% do Partido Democrático do premiê Paolo Gentiloni. Já a coalizão de centro direita receberá 37,4%. A EMG entrevistou 1.614 pessoas, de 9 a 11 de fevereiro. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais.

As eleições foram convocadas em 28 de dezembro com a dissolução do Parlamento pelo presidente Sergio  Mattarella. O processo será acompanhado de perto pelo continente --a Itália é a quarta maior economia europeia. Estão em disputa os cargos de 630 deputados e 315 senadores.

Brasileiros com cidadania italiana, uma população estimada em 350 mil pessoas, podem votar por correio até 1° de março.

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