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Por que missão Chang'e 6 é passo crucial para avanço do programa espacial da China

Sonda chinesa recolheu amostras do lado afastado da Lua para pesquisas; leia edição da newsletter China, terra do meio

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Igor Patrick
Washigton

Esta é a edição da newsletter China, terra do meio desta terça-feira (4). Quer recebê-la toda semana no seu email? Inscreva-se abaixo.

A espaçonave chinesa Chang’e-6 pousou com sucesso no lado oculto da Lua no sábado (1º), uma conquista científica significativa que acirra a corrida espacial com os Estados Unidos.

Batizada em homenagem à deusa lunar da mitologia chinesa, a Chang'e 6 alunissou na Bacia do Polo Sul-Aitken.

De acordo com a Administração Espacial Nacional da China, a sonda recolheu cerca de 2 kg em amostras rochosas que voltarão para a Terra para pesquisas.

O principal objetivo é fazer descobertas sobre as diferenças entre os lados visível e oculto do satélite. Pesquisadores também esperam encontrar pistas sobre a formação do sistema solar.

Do ponto de vista técnico, esta é uma missão dificílima.

  • Nenhum país além da China conseguiu até hoje pousar sondas no lado oculto da lua;
  • Lançar as amostras lunares de volta para o planeta Terra é uma operação delicada, conduzida por uma equipe extensa com os melhores engenheiros do país.
Imagem de vídeo que simulou o pouso de sonda chinesa no lado afastado da Lua - Jin Liwang/Xinhua

Nesta terça (4), a imprensa estatal do país informou que a sonda decolou com sucesso da Lua carregando as amostras coletadas.

Por que importa: a missão é também um passo crucial nas ambições extraterrestres chinesas.

Pequim já anunciou que pretende enviar astronautas para o satélite até 2030 e construir uma base de pesquisa no polo sul da lua. As amostras vão ajudar cientistas a entenderem a composição do solo na região, assim como potencialmente confirmar a existência de água que permita assentamentos humanos por longos prazos.

pare para ver

Reprodução

Uma pintura retratando a deusa Chang’e. O trabalho é atribuído a Tang Bohu, um pintor, calígrafo e poeta nascido no século XV, considerado um dos "quatro mestres da Dinastia Ming".

o que também importa

★ A China acusou a agência de inteligência do Reino Unido de recrutar um casal como espiões . Segundo a denúncia, dois funcionários do governo chinês teriam sido recrutados após agentes do MI6 explorarem o "forte desejo por dinheiro" do homem, identificado como Wang, que convenceu sua parceira Zhou a se juntar a ele. As acusações surgem semanas após o Reino Unido acusar dois homens de espionagem para a China, no que Pequim chamou de "calúnia maliciosa". Segundo a denúncia, o MI6 recrutou Wang em 2015, quando ele estudava no Reino Unido. O pretenso espião recebeu jantares e passeios gratuitos, além de promessas financeiras. O caso ainda está sob investigação, sem confirmação se o casal será acusado. O governo britânico não comentou as alegações.

★ O governo de Seul informou na terça (28) que detectou substâncias tóxicas em níveis centenas de vezes acima do aceitável nos produtos infantis vendidos pela gigante chinesa Shein. Inspeções conduzidas por fiscais sul-coreanos identificaram altos níveis de ftalatos, um composto usado para amolecer plásticos, em sapatos infantis e bolsas comercializadas no site. Um par de sapato, por exemplo, continha 428 vezes o limite permitido. Segundo as autoridades sanitárias, a exposição ao produto pode causar distúrbios hormonais e atraso no desenvolvimento cognitivo no caso de bebês. A Shein reagiu dizendo que vai remover os itens mencionados da loja até que consiga investigar as alegações.

★ O Ministério da Segurança Pública da China iniciou na semana passada um grupo de trabalho para combater o câmbio ilegal na região especial de Macau. Conhecida pelas suas dezenas de cassinos, Macau lida há décadas com crimes financeiros que também incluem agiotagem, lavagem de dinheiro e contrabando. A China tem expandido a repressão a estes crimes e, no primeiro semestre do ano passado, prendeu mais de 8 mil pessoas na ex-colônia portuguesa sob a acusação de compra ou venda de câmbio ilegal. Agora a pasta espera criar uma estratégia unificada para lidar com o problema que, segundo o estatal Diário do Povo, tem colocado a segurança e a estabilidade em risco.

fique de olho

O presidente ucraniano Volodimir Zelenski acusou a China de ajudar a Rússia a sabotar a cúpula da paz organizada pela Suíça e pressionar outros países a não participarem.

Zelenski, que participa de uma conferência de defesa em Singapura, lamentou que "um país tão grande como China" tenha se tornado "um instrumento nas mãos de Putin".

  • A cúpula acontece nos dias 15 e 16 de junho em um resort próximo ao Lago Lucena, na Suíça.
  • Organizada pela presidente do país, Viola Amherd, o encontro deve reunir diplomatas e chefes de Estado de 21 países, além dos presidentes do Conselho da Europa e da Comissão Europeia. A Rússia não foi convidada.

Pequim não respondeu às acusações de Zelenski. Após declarar em abril que consideraria a participação, a China decidiu na semana passada que não vai enviar nenhum representante.

A chancelaria chinesa explicou a ausência dizendo que a reunião está "aquém dos pedidos da China [...] e da comunidade internacional". A porta-voz da pasta, Mao Ning, destacou que sem a participação da Rússia, será "difícil [...] desempenhar um papel substantivo na restauração da paz".

Por que importa: no fim de maio, o chanceler chinês Wang Yi e o assessor especial da presidência do Brasil, Celso Amorim, publicaram um comunicado conjunto em que pedem uma conferência de paz para a resolução da guerra russo-ucraniana.

Foi a primeira vez que Pequim formalizou um documento deste tipo e os pontos elencados pelos dois lados deixam claro as condições necessárias para que a China se engaje em um processo de paz —a começar pelo congelamento do conflito, o que a Ucrânia considera inaceitável.

Até que seja possível avançar neste ponto, os chineses dificilmente gastarão capital político e diplomático para se envolver em negociações de paz.

para ir a fundo

  • Em homenagem aos 50 anos das relações sino-brasileiras, o Grupo de Mídia da China lançou um concurso cultural que vai premiar o ganhador com uma viagem para Pequim. Interessados devem gravar um vídeo curto com o tema "China e Brasil: Um encontro que ultrapassa oceanos e montanhas". As regras podem ser conferidas aqui. (gratuito, em português)
  • A rede Observa China abriu vagas para especialista residente e fotógrafo documental. Interessados podem ler mais sobre o processo seletivo aqui. (gratuito, em português)
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