Descrição de chapéu França imigrantes

Naufrágio no norte da França mata ao menos 12 migrantes

Embarcação com cerca de 70 pessoas tentava atravessar Canal da Mancha no momento em que virou, segundo imprensa local

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São Paulo

Um naufrágio no norte da França deixou pelo menos 12 migrantes mortos nesta terça-feira (3), afirmou o ministro do Interior do país, Gérald Darmanin, em suas redes sociais. A embarcação, que transportava cerca de 70 pessoas em direção ao Reino Unido, virou ao tentar atravessar o Canal da Mancha.

De acordo com o jornal local La Voix du Nord, uma grande operação tenta resgatar 50 pessoas no local do acidente, que ocorreu perto do cabo Gris-Nez, a pouco mais de 70 quilômetros da fronteira com a Bélgica.

Corpos de migrantes mortos ao tentar atravessar o Canal da Mancha ao lado de socorristas, em Boulogne-sur-Mer, no norte da França - Denis Charlet/AFP

Ainda segundo o jornal, desde o final da manhã (madrugada no Brasil), agentes da polícia, bombeiros e serviços de resgate estavam em um porto da comuna de Le Portel, enquanto serviços funerários se concentraram em Boulogne-sur-Mer, ambos locais próximos ao naufrágio.

Darmanin, que disse estar a caminho da região para se encontrar com autoridades e socorristas, afirmou que há dois desaparecidos e vários feridos. "Todos os serviços do Estado estão mobilizados para encontrar os desaparecidos e cuidar das vítimas", afirmou o chefe da pasta.

O La Voix du Nord divulgou que corpos de pelo menos sete migrantes chegaram a Boulogne-sur-Mer envoltos em lençóis brancos. Antes disso, um helicóptero da Marinha resgatou um homem, embora não se saiba seu estado de saúde.

O Canal da Mancha é uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo, mas suas fortes correntes impõem riscos a barcos pequenos. Em agosto, duas pessoas foram encontradas mortas depois que uma embarcação com migrantes enfrentou dificuldades na travessia.

De acordo com a agência europeia Frontex, houve pouco mais de 62 mil travessias ilegais nessa região em 2023. Mesmo com um decréscimo de 12% em relação ao ano anterior, o número coloca o canal atrás apenas do mar Mediterrâneo, onde houve mais de 157 mil passagens irregulares no mesmo período, e dos Bálcãs, palco de 99 mil entradas.

Travessias em embarcações precárias costumam aumentar nesta época do ano, quando o verão chega ao fim na Europa. O objetivo dos migrantes é chegar ao Reino Unido —o que, muitas vezes, não conseguem. Antes do último naufrágio, o mais mortal de 2024, 25 pessoas haviam perdido a vida desde o início do ano, superando o balanço de 12 mortos de 2023.

"Cada líder político de ambos os lados do canal precisa ser questionado: quantas vidas serão perdidas antes que eles acabem com essas tragédias evitáveis?" disse Steve Smith, presidente da ONG Care4Calais. "A contínua obsessão e investimento deles em medidas de segurança não estão reduzindo as travessias, estão simplesmente levando as pessoas a correr riscos cada vez maiores para fazê-lo."

Combater a imigração irregular tem sido uma prioridade para os governos britânico e francês —nos últimos sete dias, mais de 2.000 pessoas chegaram ao Reino Unido, de acordo com dados de Londres.

Após assumir o cargo em julho, o novo primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, prometeu acelerar o tratamento dos pedidos de asilo e reforçar as fronteiras. Na semana passada, ele e o presidente francês, Emmanuel Macron, comprometeram-se a trabalhar de forma mais coordenada para desmantelar rotas de contrabando de migrantes.

A ministra do Interior britânica, Yvette Cooper, chamou a morte dos migrantes de "incidente horrível e profundamente trágico" e disse que o trabalho para desmantelar gangues e fortalecer a segurança nas fronteiras é "vital e deve avançar rapidamente".

Com Reuters e AFP

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