Karzai diz que assassinato de seu irmão mostra realidade do povo afegão

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, condenou nesta terça-feira o assassinato de seu irmão Ahmed Wali Karzai e disse que o crime mostra a realidade diária do povo afegão.

Ahmed foi assassinado a tiros dentro de sua casa. Ele era uma figura polêmica, poderoso na instável Kandahar e acusado de envolvimento com o tráfico de ópio.

Segundo fontes afegãs, o atirador é Sardar Ahmad, guarda-costas e "amigo íntimo" de Ahmed. Ele entrou na residência de Ahmed para uma pretensa visita e, quando estavam sozinhos em um cômodo, sacou a pistola e o matou. Os seguranças do irmão do presidente entraram em seguida no local e mataram Sardar.

	Shah Marai/France Presse
	Presidente afegão, Hamid Karzai, ouve à pergunta durante entrevista coletiva no Palácio Presidencial

"Meu irmão mais novo, Ahmad Wali Karzai, foi assassinado em sua casa. Pertencemos a Alá e a ele voltamos. Esta é a vida do povo afegão. Todos nós estamos sofrendo e esperamos colocar fim no sofrimento do povo", afirmou Karzai, em entrevista coletiva.

Karzai compareceu diante da imprensa acompanhado do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que chegou nesta terça-feira ao Afeganistão em visita oficial e anunciou um calendário detalhado para a retirada de suas tropas do país.

"Minhas desculpas por não ter falado com ele [Sarkozy] com felicidade e sorrisos", desculpou-se o presidente afegão, com os olhos vermelhos.

Mais cedo, o grupo islâmico Taleban reivindicou o assassinato, dizendo que Ahmed estava envolvido em "atividades antiafegãs".

Ahmed Wali Karzai era o chefe do Conselho provincial de Kandahar e considerado o homem mais poderoso do sul afegão, embora sobre ele pesassem acusações de corrupção e de envolvimento no tráfico de ópio. Ele sempre negou as acusações e afirmava que não existiam provas.

	Rahmat Gul/Associated Press
	Ahmed Wali Karzai, irmão do presidente afegão, Hamid Karzai, assassinado nesta terça dentro de sua casa

Ele já havia sido alvo de outros atentados. Em maio de 2009, Ahmed anunciou que havia escapado ileso de uma emboscada contra seu comboio na província de Cabul.

A província de Kandahar, na fronteira com o Paquistão, é uma área de controle histórico dos talebans e uma das regiões mais instáveis do Afeganistão.

A morte de Ahmed representa um grave revés para o regime, já que constituía um forte apoio para o irmão nesta região onde as forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) combatem os guerrilheiros talebans.