A seção Vintage desta edição de Serafina traz o ator Chico Díaz, que, aos 55 anos, gravou no Uruguai a série "O Hipnotizador", a ser exibida pela HBO em 2015. Ele responde perguntas comparando quem é hoje com quem foi em 1978, quando tinha 19 anos e ainda estudava arquitetura. Confira o que ele respondeu:

ONTEM

O cinema brasileiro tinha equipes alegres, Kombis, estradas vermelhas e poeirentas.
Eu pintava para poder ver mais... entre as manchas.
Manhas e Manias era a minha (fam) ilha.
Arquitetava sonhos, pontes, vãos e horizontes.
Eu fazia o vilão quando era preciso, quando podia.
De mocinho eu tinha a beleza e a juventude.
Valia a pena atuar porque havia muito espaço.
De Corisco eu tinha nem noção.
A política brasileira era gente escondida, presa, perseguida, torturada.
Acreditava que com arte cresceria.

*

HOJE

O cinema brasileiro tem musculatura, fôlego, cérebro, coração.
Eu pinto para aprender a ver, saber olhar... entre as manchas.
Manhas e Manias é o coração de nós crianças do Brasil.
Arquiteto voos em vão.
Eu faço o vilão quando posso fugir a cavalo, com a mocinha na garupa e os mocinhos atirando.
De mocinho eu tenho ainda a juventude.
Vale a pena atuar porque é um caminho de busca poética e humana. Interpretar é o que há.
De Corisco eu tenho as piruetas, sede de justiça... e o "eu não me entrego não".
A política brasileira é um "nincho abluto de maragaifos"... não sei o que é isso.
Acredito que cresci.