Serafina
50 ícones que mudaram a história da moda
Em comemoração do número 50 desta revista, convidamos cinco especialistas do mundo "fashion" para listar peças ou ideias que tranformaram esse universo. Participaram a empresária e consultora Costanza Pascolato, a jornalista Lilian Pacce, a editora do site Fashion Forward, Camila Yahn, a colunista de Moda da Folha, Vivian Whiteman, e o diretor de arte da Serafina, Luciano Schmitz
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Este texto foi publicado originalmente na Serafina de maio de 2012
New look (Dior)
Criado em 1947 pelo francês Christian Dior, apresenta uma nova silhueta feminina, com cintura fortemente marcada e saias até o meio das canelas. Era o retorno do glamour no pós-guerra.
Bota Doc Martens
Surgiu nos anos 1960, na Inglaterra, onde foi adotada por metalúrgicos. Nos 1970, era usada por skinheads; nos 1880, por punks; e nos 1990, ganhou as pistas de dança.
Ray-Ban Aviator
Desenvolvido pela Bausch & Lomb, em 1937, foi usado primeiramente por pilotos da Força Aérea dos Estados Unidos. Com suas lentes verdes e armação dourada, virou ícone fashion
Bomber jacket
A jaqueta aviador, criada pelo paraquedista Leslie Irvin, foi adotada pela Força Aérea norte-americana em 1917. Feita em couro, é fechada com zíper
Monokini (Rudi Gernreich)
Maiô de malha cortado logo abaixo do busto, deixando os seios à mostra, foi criado por Gernreich em 1964 e imortalizado pela musa Peggy Moffitt
Boné rapper
A peça, inventada há tempos, ganhou novo significado nos anos 1990, quando se tornou símbolo de uma cultura marginalizada e item obrigatório no hip-hop
Biquíni brasileiro
Do cortininha ao fio dental, da tanguinha à asa-delta, os modelos brasileiros de biquínis chamam a atenção por realçar as curvas da mulher brasileira
Sapato Armadillo
Criado por Alexander McQueen para a coleção de 2010, foi usado por Lady Gaga no clipe de "Bad Romance" e dividiu opiniões por seu formato hiperextravagante
Trench coat (Burberry)
Criado em 1879 por Thomas Burberry, nasceu como capa de chuva para ganhar o mundo
Pretinho básico (Chanel)
Ícone de elegância, foi criado em 1926 por Coco Chanel e não para de ganhar releituras desde então. Em 1961, foi imortalizado por Audrey Hepburn
Bolsa Birkin (Hermès)
Desenvolvida em 1984 para a atriz e cantora britânica Jane Birkin, é feita manualmente, em couro, e custa no mínimo US$ 10 mil
Legging
Calça grudada, em estilo meia-calça, ultrapassou as fronteiras das academias e tornou-se popular nos anos 1980. Ainda hoje, é usada com camisetas compridas e, quando bem composta, dá charme ao look
Bolsa baguette (Fendi)
Criada em 1997, é considerada a mãe das desejadas "it bags" por seu formato único e prático
Corte de cabelo de Mia Farrow em "O Bebê de Rosemary"
Feito pelo cabeleireiro francês Vidal Sassoon, ganhou as principais revistas de moda do mundo e causou frisson em 1968
Jeans (Levi Strauss)
Nascido nos EUA e patenteado em 1873 pelo francês Levi Strauss, foi estrela nos movimentos de contracultura, como o rockabilly, o punk e o hippie. Imortalizado por James Dean e Marlon Brando no cinema
Minissaia
Desenhada pela estilista Mary Quant, a saia de pouco pano ganhou as ruas da "swinging London" nos anos 1960. Tradução de liberdade e juventude, logo conquistou personalidades como Twiggy
Sapatilha (Repetto)
Marca de sapatos para bailarinas, foi fundada em 1947 por Rose Repetto. Em 1956, o calçado leve e confortável esteve nos pés de Brigitte Bardot nos cinemas e se popularizou pelo mundo
Pleats please (Issey Miyake)
A linha de tecidos plissados ultratecnológicos, lançada em 1993 por Miyake, alia tecnologia e leveza
Luva de cristais de Michael Jackson
Cravejada de cristais Swarovski, foi usada pelo astro durante a "Victory Tour", em 1984. Foi arrematada por US$ 190 mil em leilão realizado em 2010 nos EUA
Vestido envelope (Diane von Furstenberg)
O "wrap dress", criado pela estilista belga em 1972, valoriza o corpo da mulher
Smoking para mulher (Yves Saint Laurent)
Conhecido como "le smoking", foi apresentado pela primeira vez em 1966 e representa liberdade e poder na atitude feminina
Tênis All Star
Criado em 1917, é um clássico que sempre se reinventa. Está nos pés de músicos, modelos e até de bebês descolados. Teve auges de popularidade nos anos 1950, 1970 e 1990, mas nunca sai de moda
T-shirt
Feita em algodão, vestia oficiais da Marinha americana e ficava por baixo do uniforme.
Nos anos 1950, foi adotada por Marlon Brando e James Dean
Sapato bicolor (Chanel)
Criado nos anos 1920 por Coco Chanel, que, reza a lenda, tinha pés grandes e feios, o modelo com ponta escura disfarçava o tamanho do pé e hoje é um dos ícones da maison
Vestido esvoaçante de Marilyn Monroe
A peça de "O Pecado Mora ao Lado" (1955) foi criada por William Travilla, amigo e estilista preferido da diva
Moletom de capuz
Sempre associado a movimentos jovens, como os de grafiteiros e skatistas, é símbolo de atitude
Sapato plataforma
Originários da Grécia Antiga, eram usados por atores. Nos 1950, foram usados por Carmem Miranda. Nos 1970, fizeram o pé dos hippies e continuam a desafiar as leis da gravidade
Vestido lagosta (Schiaparelli)
Criado em 1937, em parceria com Salvador Dalí, amigo da estilista, o vestido foi um dos pioneiros da obra de arte "vestível"
Havaianas
Símbolo do "Brasil fashion", o chinelo de borracha nasceu em 1962 como um produto barato. Confortável para o clima tropical brasileiro, ganha versões a cada ano
Calça boca de sino
Justas nas coxas e abertas a partir dos joelhos, foram criadas para marinheiros, para dar mais liberdade de movimento. Nos anos 1970, viraram febre entre os hippies
Coleção Mondrian (YSL)
Com suas linhas verticais e horizontais, inspiradas na obra do holandês Piet Mondrian, os vestidos tubinho da coleção, desenhados por Laurent em 1965, se tornaram ícones absolutos
Biquíni (Louis Reard)
Criado pelo designer francês Louis Reard em 1946, o traje de banho de duas peças foi considerado uma afronta aos bons costumes
Tailleur Chanel
Variação feminina do terno, foi popularizado por Chanel no começo dos anos 1960. Confortável e de corte impecável, é um clássico atemporal
Jeans tipo skinny
Com um ar rock'n'roll, as calças ajustadas ao corpo já viraram um clássico da moda contemporânea. Ficaram mais faladas no começo dos anos 2000
Gravata
Foi o exército croata, com pedaços de tecido pendurados no pescoço, que apresentou o adorno à França, onde a peça se popularizou no fim do século 18
Melissinha
Lançada em 1979 pela marca gaúcha Grendene, a divertida sandália de plástico ganhou fãs quando brilhou na TV na novela "Dancin' Days". O primeiro modelo era chamado de "aranha"
Óculos John Lennon
Usados pelo cantor nos anos 1970, até hoje eles são informalmente chamados dessa forma e viraram um clássico de todas as gerações
Mala monograma (Louis Vuitton)
O monograma com as letras LV foi criado, em 1896, por Georges Vuitton, herdeiro de Louis. Desde então, as malas são reconhecidas como sinônimo de qualidade, status e elegância
Topete e costeletas de Elvis
O rockabilly e seu ritmo acelerado estouram em meados dos anos 1950 e projetam a figura de Elvis Presley, que aparece de cabelo empinado e costeletas
Coleção safári (YSL)
Criada por Laurent em 1968, teve como peça- chave a jaqueta saharienne
Rosa-choque (Elsa Schiaparelli)
O tom de rosa vibrante, o famoso "shocking", foi criado pela italiana Schiaparelli em 1937 e refletia sua atitude ousada diante do mundo
Chapéus Phillip Treacy
Desde o início dos anos 1990, as criações do chapeleiro irlandês conferem elegância bem-humorada aos trajes sociais. São sempre vistas em ensaios de moda, eventos de gala e casamentos reais -estiveram em 36 cabeças no casório do príncipe William com Kate Middleton
Sutiã-cone para Madonna (Jean Paul Gaultier)
Criada para a Blond Ambition Tour, em 1990, é uma das peças mais marcantes do designer francês
Bata
Peça democrática que pode ser usada por mulheres de todos os tipos, ganhou fama nos anos 1970, com o movimento hippie
Botas estilo caubói
Nos pés dos caubóis americanos desde 1860, volta e meia figuram entre os destaques das coleções de inverno
Galocha
Virou objeto de desejo contemporâneo em dias de chuva ou em festivais de rock. É encontrada em diversas cores, alturas e estampas
Sneakers
Tênis popularizados pela cultura hip-hop na década de 1970
Bolsa 2.55 (Chanel)
Leva no nome a data em que foi criada (fevereiro de 1955). Feita artesanalmente, não se abala com o passar do tempo e figura entre os acessórios "obrigatórios"
Salto-agulha
Queridinho das mulheres, também conhecido como "stiletto", foi inventado em 1954 pelo francês Roger Vivier
Figurino glam rock de David Bowie
Em 1972, o cantor lança o personagem Ziggy Stardust com roupas cheias de brilho, cabelo vermelho e muita maquiagem. Era o prenúncio da discussão da identidade sexual nos anos seguintes
TI-TI-TI
Terceiro seminário de moda da Folha e da serafina aconteceu no mês passado em são paulo para discutir o futuro fashion
Do luxo da Dior ao rock'n'roll da Cavalera e da elegância de Ricardo Almeida à exuberância de Lino Villaventura, todos os estilos desfilaram pelo 3º Seminário Construindo Marcas de Sucesso na Moda, realizado pela Serafina em 16 e 17 de maio, no hotel Renaissance, em São Paulo.
Nove representantes de grandes grifes revelaram o que acontece nos seus estúdios e "backstages". Para um público de cerca de 300 pessoas, entre empresários, estudantes e todo o tipo de gente que trabalha com moda, falaram sobre os desafios de transformar o Brasil numa potência do setor num momento em que o país se consolida como potência econômica.
A concorrência diante da invasão de produtos chineses e de consumidores que viajam (e compram) muito para o exterior e a evolução no relacionamento com os clientes foram alguns dos temas mais comentados.
Do passado ao futuro, estilistas e empresários falaram sobre a formação de suas marcas e sobre como imaginam que será o mercado de moda nos próximos anos. E mostraram que a moda precisa agradar e também vender para existir. Abaixo, alguns dos melhores momentos do seminário:
CLIENTE
"Nós registramos dados dos clientes para saber o que ele comprou, quem é, quando veio etc. Então, montamos estratégias personalizadas. No ano passado, a Dior fez uma exposição em Moscou e nós levamos as três melhores clientes brasileiras da Dior para lá, com tudo pago e com acompanhante. São uns mimos.
Rosangela Lyra, responsável pela Dior no Brasil
"A Cavalera não tem consumidor, tem fã. Tem gente que coleciona as nossas roupas, tem a mesma peça há dez anos, não joga fora, não dá.
Alberto Hiar, o Turco Loco, diretor de criação da Cavalera
CRIAÇÃO
"Hoje, não existe mais a figura do criador que diz: 'Não tô bem. Não posso criar'. O estilista também tem que ser empresário: se adaptar a um planejamento, se preocupar com qualidade, com prazo de entrega e ainda fazer um 'statement', apresentar uma coisa diferenciada e que desperte desejo.
Cris Barros, estilista da grife de mesmo nome
"Estou começando uma coleção que irei apresentar daqui a um mês e, como sempre, não sei o que vou fazer. Não tem tema, nada. Aí, depois de pronta, tenho que inventar um tema. Faço homenagens: já fiz homenagem a Francis Bacon, a uma cliente, a uma santa. Tudo isso para poder explicar para a imprensa o que eu fiz.
Lino Villaventura, estilista da marca de mesmo nome
INTERNACIONAL
"Nos sofisticamos para virar uma marca brasileira, não só carioca. E, no futuro, chegar ao mercado internacional. Trabalhamos com planejamento estratégico e linhas de produtos diferentes para cada loja. A cliente do Nordeste quer floral o ano inteiro. A nossa consumidora do Rio não compra preto, de jeito nenhum. Em São Paulo, é a cor que mais vende.
Roberta Ribeiro, gerente de estilo da Maria Filó
"Cada país é um desafio e exige adaptações diferentes. No Brasil, há problemas logísticos, de adaptação aos impostos, à cultura. O Brasil é um continente e precisa de uma estratégia completamente diferente. No Oriente Médio, a estratégia é outra. Em alguns países, as mulheres levam as roupas para casa porque não podem provar na loja."
Luis Mendes, português, CEO da grife internacional
Gant no Brasil
"Quando a gente pensa em concorrência hoje, falamos em Estados Unidos, especialmente Miami e Orlando. As pessoas estão indo mais para Miami do que para o Rio de Janeiro. Isso é muito ruim para o mercado daqui. Até as companhias aéreas estão incentivando as pessoas a gastar lá fora."
Tico Sahyoun, diretor criativo da Mandi
CHINA
"Durante muito tempo, a gente evitou a China. Mas estamos começando a fabricar uma parte das peças lá, principalmente os lançamentos. É uma fase de testes. Os tecidos no Brasil estão cada vez mais caros, enquanto concorrentes chegam aqui com a metade do preço."
Marjorie Romano Kerner, gerente de "trade marketing" da Hope
"A China mudou muito nos últimos dez anos. Várias marcas, como Burberry e Ralph Lauren, montaram fábricas com equipamentos de última geração por lá para terem qualidade. Você pode produzir na Itália um produto de baixa qualidade, como pode produzir na China um de boa qualidade. Não vou discriminar a China."
Ricardo Almeida, estilista da grife de mesmo nome
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