A TV Folha recebeu nesta quarta-feira (7) a colunista da Folha Djamila Ribeiro. Autora do texto "Nós, mulheres, não somos apenas 'pessoas que menstruam'", a pesquisadora recebeu muitas críticas nas redes sociais e foi chamada, inclusive, de transfóbica.
"O termo 'pessoas que menstruam', mesmo com a pretensa ideia de querer incluir, apaga a realidade concreta das mulheres, pois se está criando uma nova categoria universal que não nomeia a materialidade delas", diz ela no texto publicado na última quinta-feira (1º). Djamila Ribeiro foi entrevistada pela repórter Marina Lourenço em transmissão exclusiva para assinantes da Folha.
"Nós somos sujeitos políticos para além de nossas funções biológicas", disse Djamila Ribeiro durante entrevista ao vivo. "Se eu falo 'pessoas que menstruam', em termos de políticas públicas, eu estou falando de quem? De mulheres? De homens trans? Como é que eu vou ter dados concretos dessa realidade, se eu estou usando um termo que engloba vários grupos distintos?"
Sobre as acusações de transfobia que recebeu nas redes sociais, a pesquisadora diz que viu um conjunto de adjetivação, ataques pessoais, xingamentos. "Isso não é crítica, não é debate no campo das ideias."
"As pessoas acham que um tuíte de três linhas dá conta de responder a mais de 15 anos de pesquisa. Então eu não estou preocupada com esse tipo de ataque", diz. "Eu não entendi as acusações de transfobia, uma vez que eu não nego, de forma alguma, a existência de pessoas trans. No meu trabalho intelectual eu jamais neguei isso."
"Eu sou a favor da gente nomear as categorias. Nomear a categoria homens trans, nomear as categorias sociais, para não criar uma categoria que englobe lugares sociais distintos", afirmou a escritora.
O texto também afirma que "homens trans não são pessoas que gestam e menstruam, são sujeitos políticos".
Em resposta, a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) publicou que é preciso ampliar o debate, leitura e assimilação de conteúdos produzidos por estudiosos de gênero trans. "Ninguém está sugerindo que o termo seja usado como uma identidade universal", diz um dos posts da entidade.
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