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HÁ 20 ANOS: Polícia Federal e Interpol temem atentado terrorista durante Eco-92
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JEFFERSON CORREDOR
DO BANCO DE DADOS
Folha, 31.mai.1992 - O delegado Romeu Tuma Júnior, chefe da Interpol (polícia internacional) em São Paulo, recebeu há uma semana a denúncia de que terroristas planejam atentados no Rio durante a Eco-92.
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"Estamos trocando informações com as polícias de todo o mundo para saber o que se passa", disse Tuma Júnior, que mantém contato também com Cláudio Barrouin, delegado da Polícia Federal, e Edson de Oliveira, superintendente da PF carioca.
Tuma Júnior não divulgou os nomes dos envolvidos, mas a Folha apurou que a PF e a Interpol suspeitam de que a ação seria liderada por Abu Nidal, mentor da organização militar Fatah, grupo que luta contra o controle israelense sobre a Palestina.
As investigações indicam que o grupo supostamente planejaria atacar o Consulado de Israel no Rio durante a Eco-92 e promover um atentado contra o encontro de mulheres israelitas que ocorrerá durante a conferência, num hotel na zona sul da cidade.
Frederico Rozário - 23.mai.1992/Folhapress | ||
Soldados do Exército vigiam um dos acessos ao Riocentro, sede da Eco-92, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio |
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BRASIL
O Movimento Nacional dos Meninos de Rua, com sede no Rio, afirma que a polícia carioca está expulsando crianças de rua do Riocentro, por causa dos preparativos para a Eco-92, conferência da ONU que começa no dia 3 de julho.
Antônio Futuro, líder do movimento, diz que a Prefeitura do Rio e o governo estadual fluminense estão recolhendo as crianças e as levando para locais distantes da zona sul, como Niterói, Baixada Fluminense, Iguaçu e São Gonçalo.
Ele teme que, durante a conferência, os grupos de extermínio, que há anos atuam nesses locais, promovam "um massacre" e que seguranças privados de hotéis e restaurantes comecem a agredir os moradores de rua.
O 19º Batalhão da PM, responsável pela zona sul do Rio, nega a expulsão das crianças. A PM diz que apenas aumentou o quadro de policiais na região. A Secretaria de Polícia Militar do Rio diz que não há plano para retirar moradores de rua do Riocentro.
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MUNDO
A Dinamarca faz amanhã um plebiscito para decidir se apoia ou não o Tratado de Maastricht, assinado em dezembro de 1991 pelos 12 países-membros da CE (Comunidade Europeia). Pesquisas recentes apontam um empate técnico na votação.
O tratado define a adoção, até o final do século, de uma moeda única nos países que integram a CE. Um dos pontos polêmicos da proposta é que ela prevê também a unificação política entre os países-membros da Comunidade.
Pesquisa divulgada anteontem pelo Instituto Gallup revelou que o "sim" está vencendo o "não" por 43% a 37%. Os números refletem o paradoxo dinamarquês: enquanto o governo, os partidos e os sindicatos apoiam o plano, a classe média se opõe a ele.
Os motivos de desconfiança da população dinamarquesa em relação à CE são basicamente o custo orçamentário da unificação e o medo de ter que ceder ao peso político dos "grandes", como França e Alemanha.
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ESPORTE
Jorge Araújo - abr.1992/Folhapress |
O piloto Nelson Piquet, visitando Interlagos, em abril de 1992 |
O piloto Nelson Piquet começou ontem a andar de cadeira de rodas pelos corredores do Hospital Metodista de Indianápolis (EUA). Os médicos dizem que ele está de bom humor e que pode receber alta nos próximos dias.
O brasileiro, que no dia 7 de maio bateu de frente com um muro nos treinos das 500 Milhas de Indianápolis, feriu gravemente o pé, que precisou ser parcialmente reconstruído.
Piquet está fazendo exercícios para fortalecer a musculatura dos braços e do tórax. Quando o piloto iniciar a fisioterapia para as pernas, esses membros deverão estar preparados para as atividades.
Emerson Fittipaldi é outro piloto brasileiro que está se recuperando de um acidente que sofreu no International Motor Speedway, a pista onde ocorrem as 500 Milhas de Indianápolis. Durante a corrida de anteontem, ele bateu e feriu a perna esquerda.
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CIÊNCIA
Paul Ehrlich, biólogo e professor de estudos populacionais da Universidade Stanford, na Califórnia, comparou o ritmo atual de crescimento da população mundial ao comportamento de moscas alucinadas com um pedaço de banana podre.
O autor de "A Bomba Populacional" disse em entrevista à Folha que o aumento no número de pessoas no mundo será uma das causas da exaustão dos recursos naturais e da degradação ambiental. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:
Folha - Em uma entrevista à "Newsweek", o senhor disse que os EUA têm o pior problema populacional do planeta. Por que os EUA, e não outros países mais populosos?
Paul Ehrlich - Você deve levar em conta os fatores de degradação ambiental causados pela tecnologia e o consumo de recursos naturais pela população norte-americana. Um habitante de um país rico consome continuamente 7,5 quilowatts, contra apenas 1 quilowatt nos países pobres. Nos EUA, o consumo é de 11,5 quilowatts. O país tem a terceira maior população do planeta e os mais altos níveis de consumo.
Folha - O senhor teme que haja muita discussão e poucos resultados na Eco-92?
Paul Ehrlich - Sim, George Bush é péssimo em termos ambientais e populacionais. Ele negou fundos para um programa de população da ONU, isto é, ele cortou verba para dar anticoncepcionais para pessoas que vão recorrer mais ao aborto.
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FRASE
"Se ele fosse tudo o que dizem, teríamos um monstro, e não um homem"
ANTÔNIO CLÁUDIO MARIZ DE OLIVEIRA
advogado do empresário Paulo César Farias, o PC, referindo-se às denúncias de que seu cliente teria praticado tráfico de influência, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estaria ligado ao narcotráfico.
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A Agenda 21, um dos principais documentos a serem apresentados na Eco-92, dedica um capítulo inteiro às crianças e aos adolescentes. Segundo o texto, uma espécie de compromisso para se combater os problemas socioambientais do mundo, os jovens devem ser incluídos em todos os debates políticos que tratem de desenvolvimento econômico e qualidade de vida.
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