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06/06/2012 - 07h12

HÁ 20 ANOS: Tratado da biodiversidade provoca racha no governo dos EUA

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DANILO JANÚNCIO
DO BANCO DE DADOS

Folha, 6.jun.1992 - A divulgação de um telegrama do chefe da delegação dos EUA na Eco-92, William Reilly, enviado a seu próprio governo, mostrou como o país está dividido em relação ao tratado da biodiversidade.

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Na quarta-feira passada, Reilly fez um apelo ao governo norte-americano para que mude de ideia e assine o documento que garante a preservação das espécies vivas. No entanto, ele não obteve sucesso e foi desprestigiado com a exposição pública de seu telegrama.

Nele Reilly dizia que o Brasil havia oferecido aos EUA a possibilidade de arrumar o texto do tratado sobre biodiversidade. No entanto, não há possibilidade de modificação da linguagem. Os países só podem assinar ou não, e têm um ano para isso.

Pouco antes de ser assinado pelo presidente Fernando Collor, o governo brasileiro negou ter tentado qualquer alteração no texto depois que ele foi concluído. Segundo a prática internacional, os textos das convenções não podem ser alterados após serem definidos.

O acordo sobre biodiversidade tem sido o ponto mais polêmico da Eco-92. As divergências entre os países ricos e pobres têm origem nos seguintes aspectos: 1) Quem possui a maior variedade de espécies vivas --no caso, os países do Terceiro Mundo-- quer ter direito a receber dinheiro pelos produtos derivados delas; 2) Os países ricos, por sua vez, têm o dinheiro e a tecnologia para transformar o patrimônio genético contido nestas espécies em produtos industrializados, como remédios, mas não querem pagar royalties pelo uso dos genes extraídos das espécies vivas.

Os norte-americanos estão em posição defensiva. Ao saber da divulgação de seu telegrama, Reilly soltou uma nota amarga logo pela manhã. "É impróprio que alguém dentro do nosso governo tenha decidido vazar informação a respeito desses importantes esforços --esforços que requerem discrição diplomática", afirmou.

Apenas EUA, Japão e Grã-Bretanha ainda não declararam suas posições finais sobre a assinatura do acordo. Os japoneses e os britânicos, no entanto, ensaiam um apoio ainda durante a conferência, o que deixa os EUA ainda mais isolados.

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COTIDIANO

O governo do Rio decidiu esconder a pobreza dos visitantes estrangeiros durante a Eco-92. Enquanto os países pobres se esforçam para incluir a miséria nos temas prioritários da conferência, a Fundação Leão 13, órgão estadual que recolhe mendigos, aumentou de 1.500 para mais de 3.000 a média diária de pessoas mantidas em suas unidades de abrigo.

No dia 26 de maio, a fundação passou a fazer duas incursões diárias na zona sul, onde circula a maioria dos estrangeiros que vieram para a conferência. Antes, o ônibus da fundação circulava uma vez por dia.

Segundo a fundação, o recolhimento aumentou com a chegada do inverno porque os mendigos "podem morrer de frio". Na zona sul, a temperatura atingiu ontem 32ºC.

Frederico Rozário - 5.jun.1992/Folhapress
Mendigos em Copacabana, no Rio de Janeiro
Copacabana (zona sul do Rio), que, com a Eco-92, é um dos alvos do governo no recolhimento de mendigos

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AGENDA 21

O Grupo dos 77 (G-77), que reúnes os países do Terceiro Mundo, não endossará a Agenda 21 --declaração de princípios na área ambiental-- se os países ricos não assumirem o compromisso de dar mais dinheiro para programas ambientais e de transferir tecnologia.

A ameaça foi feita pelo presidente do grupo, o ministro do Meio Ambiente do Pasquistão, Anwar Khan. A Comunidade Europeia já manifestou simpatia pelas reivindicações do grupo. EUA, Japão e alguns países europeus, resistem.

Khan exige que os países ricos destinem aos pobres 0,7% do PNB (Produto Nacional Bruto) e que o GEF (fundo do Banco Mundial para o Ambiente) seja reestruturado.

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SÃO PAULO

Ormuzd Alves - 5.jun.1992/Folhapress
Show de Daniela Mercury no vão livre do Masp, em São Paulo
Show de Daniela Mercury no vão livre do Masp, em São Paulo

O show do meio-dia, que acontece no vão livre do Masp, voltou a tumultuar o trânsito na avenida Paulista, no centro de São Paulo.

Ontem foi a vez da cantora baiana Daniela Mercury animar os paulistanos. A Secretaria Municipal de Cultura calcula que 15 mil pessoas compareceram ao show. A Polícia Militar estimou o público em nove mil pessoas.

A avenida paulista teve seu trânsito bloqueado e desviado depois que o público invadiu a pista. O bloqueio foi desfeito às 13h15, mas o trânsito continuou lento até as 14h30. A Secretaria de Cultura do município afirmou que pretende transferir os shows do meio-dia para local ainda não definido.

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CULTURA

Andreas Valentin/Divulgação
Metaesquema de Hélio Oiticica
"Metaesquema", uma das obras de Oiticica expostas em Paris

A partir da próxima quarta-feira, dia 10, a cidade de Paris vai receber a maior mostra sobre Hélio Oiticica já realizada. No Museu Jeu de Paume, os visitantes poderão apreciar 167 trabalhos do artista, alguns deles inéditos.

Toda a inventividade antropofágica e delirante de Oiticica estará no Jeu de Paume, museu que até 1986 abrigava uma coleção de pintores impressionistas.

A exposição traz exemplos de todas as fases do artista, das experiências monocromáticas neoconcretas dos anos 50 às suas mais ousadas invenções, como os penetráveis e os parangolés.

Segundo os curadores da mostra, essa é a primeira retrospectiva desse porte de um artista brasileiro.

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FRASE

"Nós tentamos trabalhar com ele. Mas não deu."

GEORGE BUSH
presidente dos EUA, sobre as negociações com o presidente do Iraque, Saddam Hussein, antes da invasão do Kuait, em junho de 1990. Bush respondia a um repórter sobre críticas do Congresso à venda de tecnologia que Bagdá poderia usar militarmente

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Leia mais no Acervo Folha

Pouco depois de acesa em Olímpia, na Grécia, a tocha olímpica foi roubada. Símbolo dos Jogos, ela estava com o arremessador de martelo Sauvas Saritzoglou, o primeiro dos 367 atletas que vão levá-la a Barcelona, na Espanha

Na manhã de ontem, após percorrer um quilômetro, Sauvas parou para descansar e entregou a tocha a um homem vestido com a camiseta do Comitê Olímpico Internacional. Minutos depois, o atleta percebeu que o desconhecido havia fugido.

A tocha teve que ser substituída, e a corrida prosseguiu.

 

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