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Reunião da Unasul sobre crise entre Colômbia e Venezuela termina sem consenso
da BBC Brasil
Depois de mais de cinco horas de tenso debate, os chanceleres da Unasul (União de Nações Sul-americanas) não chegaram a um consenso sobre a criação de mecanismos para conter a crise entre a Colômbia e Venezuela e decidiram deixar nas mãos dos presidentes do bloco sul-americano a tarefa de reaproximar os dois países.
Após troca de acusações entre Colômbia e Venezuela, os chanceleres do bloco passaram a debater um acordo proposto pelo Brasil, que contemplava "o compromisso de manter a América do Sul como zona de paz, de resolver diferenças por meios pacíficos" e a promessa de "lutar contra grupos ilegais, em especial os que são vinculados ao narcotráfico", dizia o acordo, segundo informações da chancelaria da Venezuela.
Ao final do encontro, à portas fechadas, não houve unanimidade sobre a proposta e a reunião terminou sem uma declaração final.
BRASIL
O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse à BBC Brasil que a reunião serviu para "baixar a temperatura" do conflito, ao mesmo tempo que admitiu que os países não chegaram a um acordo porque ainda havia tensão entre Colômbia e Venezuela.
"Os chanceleres precisavam fazer muitas consultas, os ânimos estavam ainda um pouco quentes, mas o importante é que conseguimos baixar a temperatura", afirmou Garcia, que substituiu o chanceler Celso Amorim no encontro.
Para o chanceler equatoriano Ricardo Patiño, a reunião significou um "avanço" na mediação da crise.
"O fato de que os chanceleres da Venezuela e Colômbia estejam aqui sentados, nos alegra muito", afirmou Patiño, em entrevista coletiva, ao final da reunião.
Falando em nome do Equador, que preside temporariamente o bloco sul-americano, Patiño disse que a maioria dos chanceleres concordaram em reiterar o o princípio da não-agressão entre os países e da inviolabilidade territorial.
" (Os países da) Unasul reiteram seu compromisso, um compromisso definitivo, de construir as condições para que a paz possa reinar na região", afirmou.
Antes mesmo de começar a reunião, o chanceler colombiano já havia dito não ter "expectativas" de um acordo, antecipando que não haveria consenso.
ACORDO DE PAZ
O chanceler venezuelano Nicolás Maduro deu início à reunião afirmando ter conhecimento de um plano militar da Colômbia para invadir a Venezuela antes do final do mandato de Álvaro Uribe, que deve entregar o poder dia 7 de agosto.
O chanceler colombiano, Jaime Bermudez, rebateu as acusações, ao afirmar que seu governo "não considera, nem considerará nenhuma agressão contra a Venezuela", disse Bermudez, de acordo com informação do jornal colombiano El Tiempo.
Durante a reunião, a Colômbia reiterou as acusações contra a Venezuela, e voltou a apresentar as fotos e as coordenadas de supostos acampamentos guerrilheiros na Venezuela.
Maduro rebateu as criticas, ao afirmar que "antes da Revolução, as Farc tinham um escritório em Miraflores (sede do governo) e o presidente (Hugo) Chávez acabou com isso".
O chanceler venezuelano Maduro apresentou as linhas gerais sobre o "plano de paz" para a Colômbia que prevê a observação da região para uma saída negociada do conflito armado colombiano.
"Começa a florescer uma posição de paz para a região e a corrente para impulsar um plano de paz para a Colômbia", afirmou Maduro, em entrevista coletiva no final da reunião.
Maduro disse que a Unasul começará a trabalhar em uma proposta de resolução para o conflito colombiano durante a reunião de Cúpula dos chefes de Estado do bloco.
"Chamamos a todos os homens e mulheres, lideres políticos, movimentos sociais, a que assumam que chegou o momento de construir a paz, na Colômbia e na América Latina".
Maduro acusou o governo colombiano de estar "obcecado pela guerra".
PRESIDENTES
A crise entre Colômbia e Venezuela deverá ser tema de debate de uma reunião extraordinária de presidentes da Unasul que deverá ocorrer logo depois que Juan Manuel Santos assumir a Presidência da Colômbia.
O conflito binacional teve início há uma semana, quando Bogotá apresentou ao Conselho Permanente da Organização de Estados Americanos (OEA) supostas provas sobre a presença de guerrilheiros das Farc e do ELN na Venezuela.
Em seguida, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, qualificou de mentirosas as acusações e rompeu relações diplomáticas com a Colômbia.
Para Chávez, as acusações são parte de uma "desculpa" para justificar uma intervenção armada da Colômbia em seu país, que a seu ver, conta com o apoio dos Estados Unidos.
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