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Estudo indica que ser humano moderno surgiu no sul da África
MARK KINVER
DA BBC NEWS
Um novo estudo genético entrou na discussão sobre as raízes da humanidade, fortalecendo a versão de que o ser humano moderno surgiu no sul da África e não no leste do continente, como indicam pesquisas e descobertas anteriores.
Em um artigo divulgado na publicação científica "Proceedings of the National Academy of Sciences", os pesquisadores americanos sustentam que o sul africano provavelmente ofereceu melhores condições para o surgimento do ser humano moderno.
"A África é apontada como o continente de origem de todas as populações humanas modernas. Mas os detalhes da pré-história e da evolução humana na África permanecem obscuros devido às trajetórias complexas de centenas de populações distintas", afirma o estudo.
A coautora do estudo Brenna Henn, da Universidade de Stanford, na Califórnia, disse à BBC que a equipe encontrou uma "diversidade [genética] enorme" entre as populações caçadoras e coletoras da África --mais que entre as sedentárias, baseadas na agricultura.
Tais populações eram altamente estruturadas e relativamente isoladas umas das outras, provavelmente retendo grandes variações genéticas entre si, afirmou.
"Analisamos os padrões de diversidade genética entre 27 populações africanas atuais, e percebemos um declínio de diversidade que começa de fato no sul da África e progride à medida que a análise caminha em direção ao norte do continente", contou Henn.
MARCO
Os modelos usados pela equipe são consistentes com a perda de variedade genética que ocorre quando um número muito pequeno de indivíduos estabelece uma nova população a partir de uma população original mais numerosa.
"As populações no sul da África têm a maior diversidade genética de qualquer população de que temos notícia", afirmou a pesquisadora. "Isso sugere que esta pode ter sido a melhor região para dar origem aos humanos modernos."
O paleontólogo Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, que não faz parte da equipe que elaborou o estudo, disse que a pesquisa é um "marco" no seu campo de pesquisa.
"É um marco, que conta com muito mais dados sobre os grupos de caçadores e coletores que qualquer outro, mas eu continuo cauteloso em apontar um local de origem [para os primeiros humanos]", afirmou.
'JARDIM DO ÉDEN'
O professor discorda da visão de que tenha havido uma espécie de "Jardim do Éden" a partir do qual a humanidade evoluiu.
"Diferentes populações da África antiga provavelmente contribuíram com os genes e o comportamento que formam o ser humano moderno."
Stringer explicou que, embora a ocorrência de grupos caçadores e coletores seja bastante restrita atualmente, pinturas rupestres atribuídas a esses grupos sugerem que no passado eles se espalhavam por uma área muito maior.
"O novo estudo sugere que os genes dos Khomani [grupo étnico do sul da África], dos Biaka [da África Central] e dos Sandawe [do leste] parecem ser os mais diversos, e por consequência estas são as mais antigas populações de Homo sapiens", argumenta.
"É mais provável que os grupos sobreviventes de caçadores e coletores sejam hoje restos localizados de populações que em outras épocas se distribuíam por toda a África subsaariana há 60 mil anos", afirmou o paleontólogo.
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