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17/03/2011 - 19h03

Anistia pede que Dilma discuta Guantánamo com Obama

DA BBC BRASIL

A Anistia Internacional espera que a presidente Dilma Rousseff inclua na agenda de seu encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, temas como a vigência da pena de morte nos Estados Unidos, o fechamento da prisão americana na Baía de Guantánamo e um questionamento a práticas da chamada guerra ao terror, como as detenções ilegais promovidas por forças americanas em outros países.

O líder americano chega ao Brasil neste sábado e permanece no país até segunda-feira pela manhã.

No entender de Patrick Wilcken, pesquisador de Brasil da organização de direitos humanos, os temas que a entidade gostaria de ver discutidos não são ambiciosos demais, se levado em conta o papel atual do Brasil no cenário internacional.

"O Brasil é uma economia emergente que está desempenhando um papel bem mais importante no mundo hoje em dia e está encontrando a sua voz em temas internacionais, o que é algo muito bom. E tem o poder de influenciar os seus vizinhos, e, com esse novo papel, uma responsabilidade de não apenas lutar por direitos humanos internacionalmente, mas o de promover direitos humanos internacionalmente."

GUANTÁNAMO

A pressão pela inclusão de temas que não costumavam constar da agenda bilateral dos dois países se deve, de acordo com o pesquisador, "às mudanças do mundo em que vivemos, um mundo multipolar, no qual o Brasil é um dos países-chave do mundo e uma voz com credibilidade no palco internacional. O Brasil está bem posicionado e tem uma certa responsabilidade de levantar estes temas, claro que de forma diplomática, com seus parceiros".

Em relação à prisão de Guantánamo, na base militar que os Estados Unidos mantêm em Cuba, onde estão detidos suspeitos de envolvimento de atividades terroristas contra forças americanas, a organização "clama à presidente Dilma Rousseff que levante esse tema, a fim de reforçar os esforços que visam concluir esse capítulo obscuro da história americana".

A Anistia Internacional argumenta que muitos dos detidos em Guantánamo estão atrás das grades sem terem sido submetidos a julgamento justos ou sujeitos a acusações formais.

"Sabemos que essas discussões [entre Dilma e Obama] vão girar em torno de uma série de temas comerciais, mas não queremos que elas negligenciem os temas de direitos humanos."

AGENDA DE OBAMA

A entidade também espera que o líder americano discuta com Dilma temas relativos a direitos humanos no Brasil, entre eles a situação de segurança pública no país, direitos de populações indígenas e abusos decorrentes de grandes projetos do governo.

"Quanto à segurança pública, avanços estão sendo feitos no Rio de Janeiro e também em Recife e São Paulo, mas somente no ano passado, mil pessoas foram mortas pelas polícias do Rio e de São Paulo. Também recebemos relatos constantes de execuções extrajudiciais", afirma Wilcken.

O pesquisador afirma que seria crucial ainda debater "os direitos indígenas à terra, em especial no Mato Grosso do Sul, onde os Guarani-Cayowá vêm lutando há tempos para ter seus direitos reconhecidos, sofrendo com intimidações e assassinatos".

Um terceiro tópico, comenta Wilcken, é fruto do rápido desenvolvimento do país. "O Brasil está realizando uma série de grandes projetos e temos recebido denúncias de pessoas forçadas a deixar suas terras, por conta de projetos de ponta como a usina Belo Monte. Reconhecemos a importância do desenvolvimento brasileiro, mas ele não pode ser feito à custa de direitos humanos básicos."

A Anistia Internacional também vê temas ligados aos direitos humanos nos quais os dois países poderiam convergir e, assim, aproveitar para estreitar os seus laços.

Um deles é em relação a supostos abusos cometidos pelo governo do Irã. Dilma, no entender da Anistia Internacional, já teria sinalizado uma linha um pouco distinta da de seu antecessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em relação ao alinhamento do Brasil com o país governado por Mahmoud Ahmadinejad.

"No passado, criticamos o governo brasileiro em relação ao tema do Irã e sentimos que é muito importante construir solidariedade internacional, e possivelmente o Irã seria uma opção, assim como a China para uma discussão produtiva."

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