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Gruta famosa por arte pré-histórica resiste ao tempo e a turistas
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DA EFE
Totalmente fechada ao público desde 1963, depois de ocorrerem contaminações, a gruta francesa de Lascaux, na França, obra-prima da arte pré-histórica, resiste ao tempo.
Há um portão fechado com a placa de Monumentos Históricos e uma câmara de vigilância no meio dos carvalhos que crescem na colina de Montignac.
Difícil de suspeitar que, a apenas alguns metros sob a terra, atrás de um pesado portão de bronze envelhecido, existem vacas vermelhas, bisões negros, cavalos ocres e cabritos monteses pré-históricos de 18 mil anos.
Bertrand Rieger/France Presse | ||
Cavalos selvagens e bois domésticos pintados na caverna de Lascaux, ao sul da França; veja galeria de fotos |
Apesar da presença de cabos elétricos e de mastros metálicos suportando toda uma bateria de aparelhos de vigilância ligados à superfície, a emoção de ver os desenhos é a mesma da época de sua descoberta.
Até para Jean Clottes, especialista de arte parietal que conhece bem a gruta. Ele se lembra, ainda, das lágrimas de emoção que derramou por ocasião de sua primeira visita, em 1960.
Antes mesmo de sua descoberta fortuita, em 1940, Lascaux havia sofrido "alterações consideráveis", destaca Muriel Mauriac, conservador da gruta.
TURISTAS
Além de fenômenos lentos e naturais, a invasão súbita do turismo de massa, alguns anos mais tarde, foi muito violenta --erros pelos quais Lascaux ainda paga o preço.
"A gruta foi completamente perturbada. Durante a adaptação, em 1947, foram retirados 600 metros cúbicos de sedimentos", lembra Clottes.
A modificação era para se instalar uma entrada e concretar o solo, além de instalar uma iluminação para facilitar o acesso ao público. "Isso causou mudança total na atmosfera da gruta, sem nenhum estudo prévio", lamenta.
O outro choque: antes de seu fechamento, em 1963, até 2.000 turistas percorreram por dia suas estreitas passagens, sem qualquer precaução.
"O maior problema de Lascaux é que foi rompido um equilíbrio. Uma gruta é um organismo vivo, em estado de equilíbrio instável, como o corpo humano", comenta Jean Clottes.
ALGAS E MANCHAS
Seguiu-se uma invasão de algas verdes em 1960 e, depois apareceram manchas brancas provocadas pela proliferação de um fungo, no final 1999.
Mais recentemente, outras manchas, agora negras, foram observadas, mas parecem em regressão, segundo cientistas.
O visitante que deseja penetrar no santuário deve cumprir os rituais parecidos aos exigidos numa sala de cirurgia: é preciso cobrir os sapatos, usar luvas e roupões esterilizados de plástico.
Após um primeiro crivo, chega-se ao "pulmão artificial" da gruta, de onde os técnicos trabalham para manter uma temperatura constante, a fim de captar a umidade sem influir nos deslocamentos de ar.
"O princípio de base, é causar menos perturbações. É como um grande doente, tenta-se não agredi-lo", sorri Clottes.
Apesar de sua idade avançada, os afrescos são comoventes, apesar da presença dos fungos indesejáveis, hoje limitados a alguns traços acizentados.
A presença humana na gruta não deve ultrapassar o equivalente a 800 horas por ano. Nestas condições, será possível, um dia, reabrir a gruta ao público? "Não", responde categórico, acrescentando, depois, num suspiro: "Não num futuro previsível."
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