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'Conflito com Nicolelis não é pessoal', diz dissidente da UFRN
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CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA E SAÚDE
O neurocientista Sidarta Ribeiro, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), contrariou as declarações da reitora Ângela Paiva e afirmou que existe "um problema" institucional entre a UFRN e o IINN (Instituto Internacional de Neurociências de Natal), dirigido pelo ex-mentor de Ribeiro, Miguel Nicolelis.
Nicolelis diz que quebra de parceria foi 'coisa trivial'
Acesso a equipamentos de pesquisa provoca cisão entre cientistas
Em nota conjunta, o órgão gestor do instituto de Nicolelis e a reitora da UFRN haviam dito que os problemas se resumiam a "divergências pessoais" entre pesquisadores.
"O que existe é um problema que envolve uma parceria público-privada, que precisa ser resolvido e vai ser resolvido", disse Ribeiro.
Ele e colegas cortaram seus laços com o IINN, inclusive requisitando equipamentos antes compartilhados com o órgão, e estão implantando o Instituto do Cérebro na própria UFRN.
"Nosso projeto tem 15 anos e mobilizou muita gente no Brasil e no exterior. Já é um sucesso. Não podemos deixar que um problema de gestão acabe com tudo isso", disse.
Antigos colaboradores do instituto afirmaram à Folha que a gestão de Nicolelis teria envolvido ações autoritárias. O pesquisador argentino Diego Laplagne, da Universidade Rockefeller, foi proibido de entrar no IINN para assistir a uma palestra.
Laplagne havia trabalhado entre 2008 e 2009 como pós-doutorando no IINN. Em 2010, voltou a Natal para participar de um concurso para uma vaga de professor na UFRN.
No dia seguinte, foi ao IINN assistir a uma palestra do também argentino Pedro Beckinschtein, hoje na Universidade de Cambridge.
"Ao chegar me dei conta de que existia uma lista e que, como meu nome não estava nela, não tinha autorização para entrar no instituto, mesmo acompanhado de um professsor do IINN.
A lista estava impressa e plastificada!", contou Laplagne. "Só me restou partir no meu velho Fusca amarelo."
Laplagne também diz que o problema não é pessoal, e sim acadêmico. "A boa ciência básica só pode ocorrer em um ambiente de liberdade, onde o pesquisador tem independência de escolher suas perguntas e a forma de respondê-las. Minha sensação foi a de que não se estava avançando nesse caminho."
Editoria de arte/folhapress | ||
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