Lavrador preso no Maranhão acusado de abuso pode ir a julgamento em agosto

Após a conclusão do inquérito sobre o caso do lavrador preso sob suspeita de ter tido sete filhos-netos com a filha, o Ministério Público de Pinheiro (MA) diz que vai oferecer denúncia (acusação formal) contra ele em cinco dias.

Em prisão preventiva, o lavrador José Agostinho Bispo Pereira, 54, responderá pelos crimes de estupro presumido, estupro de vulnerável, cárcere privado, abandono material e intelectual. O julgamento do caso deve acontecer em agosto, segundo a Promotoria.

No relatório da Polícia Civil, resultado de 30 dias de investigações e depoimentos de mais de 20 testemunhas, a delegada Laura Barbosa, da Polícia Civil, classificou a personalidade de Pereira como a de um homem frio, que tentou esconder por muitos anos os abusos contra a filha Sandra Maria Monteiro, 29, mantendo-a isolada e usando de violência.

Efe

Imagem cedida pela polícia mostra casa onde morava lavrador, no interior do Maranhão

O caso de incesto foi revelado no dia 8 de junho. Uma ação da Polícia Civil e do Conselho Tutelar encontrou em uma área isolada do povoado de Experimenta (a 30 km da cidade de Pinheiro) uma família em cárcere privado. A filha Sandra Maria foi resgatada com sete filhos. Pereira foi preso em flagrante. A mulher e as crianças viviam em condições precárias, numa casa de taipa, sem energia, comida, higiene, roupas e sem escola. "Eles viviam numa penúria", disse a delegada Laura Barbosa.

"Ele é um homem muito complexo de caráter e de personalidade, frio e tranquilo. As testemunhas dizem que ele era violento, ameaçava pessoas que desconfiavam e sempre andava com uma faca", afirmou.

A promotora Alineide Martins Costa, que vai formular a denúncia, afirma que o julgamento do caso será urgente, diante da manutenção da prisão do lavrador. Disse que, se o acusado não constituir advogado, um defensor público será nomeado.

Com Sandra, Pereira é suspeito de ter seis crianças com idades de um a 13 anos, além de um bebê que completou ontem três meses. No decorrer da investigação, outra filha, Maria Sandra, 31, afirmou que também sofreu abuso e teve com o pai um menino, hoje com 14. Os filhos-netos têm certidões de nascimento com o nome de Sandra como mãe e pai desconhecido.

Um exame de DNA ficará pronto em um mês para identificar de quem são as crianças. Em depoimento, Pereira confessou a paternidade dos filhos-netos e o abuso das filhas, mas diz que elas são responsáveis. Ele nega o estupro de duas filhas-netas. Sandra Maria diz que não sabia que o abuso do pai era crime.

O relatório da Polícia Civil diz que, das oito crianças, quatro filhos-netos prestaram depoimentos, acompanhados por assistentes sociais e psicólogos. Uma menina de oito anos disse que o pai-avô lhe molestava. Os meninos de 13 e 14 afirmaram que todos chamam Pereira de pai. Eles disseram que passavam fome e não tinham roupas para vestir. Não frequentavam a escola porque o pai-avô não os levava, segundo os depoimentos.