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13/06/2010 - 13h25

Vítima de abuso sexual pode se afeiçoar ao seu agressor, diz psicóloga

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GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

Casos em que os abusos sexuais são cometidos por familiares ou pessoas próximas, é comum a vítima se afeiçoar ao agressor. Essa é a opinião da psicanalista Ana Maria Brayner Iancarelli, ao analisar a reação de Sandra Maria Monteiro, 29, que, após 16 anos sendo violentada pelo pai, ainda afirma gostar dele.

A mulher e os filhos foram retirados de um casebre do povoado em uma ação do Ministério Público e do Conselho Tutelar na última terça-feira (15). Seu pai está preso sob suspeita de manter a filha em cárcere privado e abusar sexualmente por cerca de 16 anos, tendo sete filhos com ela no período.

Efe
Imagem cedida pela polícia mostra casa onde morava lavrador, no interior do Maranhão
Imagem cedida pela polícia mostra casa onde morava lavrador, no interior do Maranhão

Analfabeta e abandonada pela mãe, Sandra contou à Folha que viveu desde os 12 anos sem saber que a violência sexual, o cárcere privado e os maus-tratos cometidos pelo pai eram crimes.

"Ele me batia muito, me empurrava. Ele me procurava de três em três dias, de oito em oito dias, mas eu não pensava que isso fosse crime."

Segundo a especialista no tratamento de crianças e adolescentes, a atitude de Sandra, 29, que teve sete filhos com o pai, o agricultor José Agostinho Bispo Pereira, reflete o terror psicológico sofrido por ela.

"Ela e os filhos foram privados de qualquer convívio social. O pai, mesmo agredindo, era a única referência afetiva. Por isso eles relutam em aceitar que foram abusados", diz.

Os abusos também trazem sequelas físicas às crianças. De acordo com Zan Mustacchi, presidente do departamento de genética da Sociedade de Pediatria de São Paulo, filhos de relações incestuosas têm alta probabilidade de doenças congênitas. Mesmo que aparentemente sejam saudáveis.

Segundo ele, uma das alterações mais comuns são os problemas mentais, como os que atingem o filho de 10 anos de Sandra Maria, que tem problema de surdez.

 

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