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Estudo americano liga químico de plástico à obesidade em crianças
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DA REUTERS
Crianças e adolescentes com altos níveis com produto químico bisfenol A na urina tiveram mais risco de estarem acima do peso ou obesas do que as com níveis baixos, em uma pesquisa publicada nesta terça (18) nos EUA.
O achado não prova que o BPA, um tipo de estrogênio sintético, seja a causa do ganho de peso.
Mas os pesquisadores dizem que químicos com propriedades hormonais podem ser uma das razões para o aumento da obesidade infantil, além da dieta e da falta de exercícios.
O bisfenol A já não pode ser usado em mamadeiras nos EUA e também no Brasil.
O produto continua presente em latas de alumínio e outros tipos de embalagem, porque ainda não se mostrou definitivamente que ele traz risco à saúde de adultos.
Anvisa proíbe mamadeiras com bisfenol A no Brasil
"Crianças são mais vulneráveis a produtos químicos no ambiente", afirmou Leonardo Trasande, da Escola de Medicina da Universidade de Nova York, um dos autores do estudo publicado no "Journal of the American Medical Association".
Ele teoriza que a ingestão de BPA pode prejudicar o equilíbrio hormonal e o metabolismo.
Trasande e colegas analisaram dados de uma pesquisa nacional de nutrição e saúde feita entre 2003 e 2008 nos EUA. Quase 3.000 voluntários com idades entre seis e 19 anos foram pesados e medidos. A urina deles foi testada para verificar os níveis de BPA. Eles também responderam a perguntas sobre dieta e estilo de vida.
Um terço das crianças tinham sobrepeso e 18% eram obesas.
Pouco mais de 10% das que tinham níveis mais baixos de BPA eram obesas. Entre as com níveis mais altos do produto químico na urina, 22% eram obesas.
Esses resultados já levaram em conta o quanto as crianças comiam, sua idade, raça e sexo.
O pesquisador disse que ficou surpreso pela força da ligação entre o BPA e a obesidade, mas que isso não significa que a carga extra do químico na dieta foi a responsável pelos quilos a mais.
Há outras teorias, segundo Trasande. "Crianças obesas podem ingerir mais alimentos com conteúdo maior de BPA."
Ou elas podem ter mais BPA guardado no organismo e liberar mais do químico na urina.
Dieta ruim e falta de atividade física ainda são as maiores causas da obesidade infantil, lembrou o pesquisador.
Karin Michels, epidemiologista da Escola de Saúde Pública de Harvard, concorda que há evidências crescentes de que o BPA pode estar ligado à obesidade e a doenças relacionadas, como diabetes. A maior parte dos estudos sobre o tema, no entanto, foi feita em animais.
Em seu próprio estudo, que usou dados similares sobre saúde e nutrição, a pesquisadora achou uma ligação entre o BPA na urina e o peso de pessoas adultas.
"Ainda não sabemos o quão seguro o BPA é, afirmou Michels, que não estava envolvida com o trabalho de Trasande.
Mais pesquisas estão sendo realizadas, mas Michels afirma que faz sentido evitar as mamadeiras com policarbonato, as latas de alumínio e outros produtos que têm BPA se houver opções.
"Acho que deveríamos nos prevenir", disse ela. "Não precisamos entrar em pânico."
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