Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/05/2010 - 10h44

Resfriamento do corpo reduz sequela após parada cardíaca

Publicidade

FERNANDA BASSETTE
DE SÃO PAULO

Resfriar o paciente a 32º C durante 24 horas depois de uma parada cardíaca será o procedimento padrão em todo o mundo a partir de outubro, quando será atualizado o consenso internacional de emergências cardíacas.

A técnica, chamada hipotermia terapêutica, reduz a temperatura corporal da pessoa em 5º C, para minimizar sequelas neurológicas causadas por falta de oxigênio.

No Brasil, o procedimento ainda é pouco difundido. É aplicado eventualmente em hospitais como Albert Einstein, InCor (Instituto do Coração) e Sírio-Libanês.

O Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch, administrado pelo Albert Einstein, usa a técnica há dois anos e alcançou resultados satisfatórios.

Dos 20 pacientes tratados com o resfriamento, 30% receberam alta sem nenhuma sequela neurológica e 50% obtiveram boa recuperação (o que inclui retomada total da consciência).

É o caso de um jovem de 21 anos que teve uma parada provocada por uma mistura de cocaína e lança-perfume.

Após ter a circulação restabelecida, ele foi resfriado. Permaneceu na UTI por mais de dois meses, mas recebeu alta quase sem sequelas.

"Sem o resfriamento, esse seria um caso praticamente perdido", diz a intensivista Ana Helena Vicente Andrade, que cuidou do caso.

Os resultados costumam ser bem piores sem o uso da hipotermia: entre 60% e 90% dos pacientes morrem logo após a parada. Dos que sobrevivem, 80% ficam com sequelas neurológicas graves.

"A maioria que sai de uma parada fica em estado vegetativo. Você recupera a circulação com o maior esforço, mas a pessoa não tem consciência. É desanimador", diz o cardiologista Antônio Cláudio Baruzzi, responsável pela UTI do hospital.

Sérgio Timerman, diretor do laboratório de treinamento e simulação em emergências cardiovasculares do InCor, diz que os resultados da técnica são satisfatórios.

"Ter 30% de sobrevida sem sequelas é um número muito bom. E o resfriamento é simples, barato e pode ser feito em qualquer hospital."

COMO FUNCIONA

Depois de reanimar o paciente e restabelecer a circulação sanguínea, a pessoa é coberta com bolsas de gelo nas axilas, no pescoço e na virilha, para que o corpo atinja a temperatura correta.

O paciente também recebe soro fisiológico gelado. Um termômetro instalado no esôfago monitora a temperatura para que ela não caia abaixo dos 30º C.

O frio reduz o metabolismo cerebral em 30%, o que evita a morte precoce das células. "Mais importante do que resfriar o paciente é mantê-lo dentro da temperatura segura", diz Timerman.

O resfriamento deve permanecer por 24 horas e a temperatura normal é restabelecida gradualmente no decorrer de 12 horas.

"A recuperação é contínua ao longo dos meses, porque as células vão se regenerando de forma lenta e progressiva", afirma Baruzzi.

Arte/Folha

+ Livraria

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página