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28/01/2004
-
18h35
analista político da BBC, em Londres
A impressão geral sempre foi de que o relatório do juiz Brian Hutton iria transformar o cenário político no Reino Unido do dia para a noite. E foi isso o que aconteceu. Mas ninguém imaginava que a mudança seria tão claramente a favor do governo britânico e do primeiro-ministro Tony Blair.
Embora limitado, o relatório calculado e detalhista de Hutton foi o melhor possível do ponto de vista de Blair. O documento também eliminou qualquer dúvida a respeito do futuro do ministro da Defesa britânico, Geoff Hoon.
As conclusões do inquérito Hutton também removeram a nuvem que rondava Alastair Campbell, ex-chefe de comunicações de Blair, e John Scarlett, chefe do Joint Intelligence Committee (órgão do governo que lida com informações dos serviços de inteligência).
O relatório, no entanto, não poderia ser pior para o líder do Partido Conservador, Michael Howard, e para os críticos do primeiro-ministro, incluindo alguns de seus colegas no Partido Trabalhista.
Elo de confiança
A partir de agora, Blair deve tentar aproveitar a boa fase para iniciar um processo de reconstrução do elo de confiança com os eleitores que sofreu um considerável abalo nos últimos anos.
O primeiro-ministro também vai procurar reafirmar sua autoridade no Partido Trabalhista e combater aqueles que constantemente sugeriram que ele sobrevivia no cargo graças a manipulações e mentiras.
Blair certamente precisava de um evento capaz de mudar o rumo de sua liderança, que foi colocada em dúvida durante o ano passado.
Embora apertada, a vitória na noite de ontem em uma votação parlamentar sobre uma proposta do governo para o aumento de anuidades no ensino universitário ajudou Blair, mesmo com as insinuações de que o resultado foi possível graças a uma manobra do ministro da Fazenda, Gordon Brown. O ministro é apontado pelos críticos de Blair como o verdadeiro homem-forte do governo britânico.
O relatório Hutton, no entanto, acabou se tornando um acontecimento decisivo para o primeiro-ministro. Blair não só conseguiu se livrar das acusações de que mentiu e manipulou a opinião pública britânica, como também ganhou um novo fôlego para sua liderança.
Novo inquérito
O primeiro-ministro britânico agora pode contar com uma boa margem de segurança contra os insistentes rumores de que seu futuro seguiria uma trajetória de queda.
O relatório também foi um duro golpe aos ataques de Michael Howard contra a integridade e a honestidade de Blair.
Mas, apesar de tudo isso, as questões sobre como e por que o primeiro-ministro levou o Reino Unido à guerra contra o Iraque permanecem sem resposta.
O líder liberal-democrata Charles Kennedy insistiu nesse assunto durante o debate parlamentar realizado após a apresentação do relatório Hutton.
Kennedy disse que o Reino Unido agora voltou ao ponto em que estava antes do caso Kelly e da disputa entre o governo e a BBC.
O líder liberal-democrata afirmou que ainda é necessária a realização de um inquérito independente sobre a guerra e as supostas armas de destruição em massa do Iraque.
Diante das conclusões do lorde Hutton, no entanto, é muito difícil que qualquer apelo nesse sentido tenha sucesso.
Por outro lado, Tony Blair vai trabalhar para garantir que o relatório Hutton marque o início de um novo começo para a sua liderança.
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NICK ASSINDERanalista político da BBC, em Londres
A impressão geral sempre foi de que o relatório do juiz Brian Hutton iria transformar o cenário político no Reino Unido do dia para a noite. E foi isso o que aconteceu. Mas ninguém imaginava que a mudança seria tão claramente a favor do governo britânico e do primeiro-ministro Tony Blair.
Embora limitado, o relatório calculado e detalhista de Hutton foi o melhor possível do ponto de vista de Blair. O documento também eliminou qualquer dúvida a respeito do futuro do ministro da Defesa britânico, Geoff Hoon.
As conclusões do inquérito Hutton também removeram a nuvem que rondava Alastair Campbell, ex-chefe de comunicações de Blair, e John Scarlett, chefe do Joint Intelligence Committee (órgão do governo que lida com informações dos serviços de inteligência).
O relatório, no entanto, não poderia ser pior para o líder do Partido Conservador, Michael Howard, e para os críticos do primeiro-ministro, incluindo alguns de seus colegas no Partido Trabalhista.
Elo de confiança
A partir de agora, Blair deve tentar aproveitar a boa fase para iniciar um processo de reconstrução do elo de confiança com os eleitores que sofreu um considerável abalo nos últimos anos.
O primeiro-ministro também vai procurar reafirmar sua autoridade no Partido Trabalhista e combater aqueles que constantemente sugeriram que ele sobrevivia no cargo graças a manipulações e mentiras.
Blair certamente precisava de um evento capaz de mudar o rumo de sua liderança, que foi colocada em dúvida durante o ano passado.
Embora apertada, a vitória na noite de ontem em uma votação parlamentar sobre uma proposta do governo para o aumento de anuidades no ensino universitário ajudou Blair, mesmo com as insinuações de que o resultado foi possível graças a uma manobra do ministro da Fazenda, Gordon Brown. O ministro é apontado pelos críticos de Blair como o verdadeiro homem-forte do governo britânico.
O relatório Hutton, no entanto, acabou se tornando um acontecimento decisivo para o primeiro-ministro. Blair não só conseguiu se livrar das acusações de que mentiu e manipulou a opinião pública britânica, como também ganhou um novo fôlego para sua liderança.
Novo inquérito
O primeiro-ministro britânico agora pode contar com uma boa margem de segurança contra os insistentes rumores de que seu futuro seguiria uma trajetória de queda.
O relatório também foi um duro golpe aos ataques de Michael Howard contra a integridade e a honestidade de Blair.
Mas, apesar de tudo isso, as questões sobre como e por que o primeiro-ministro levou o Reino Unido à guerra contra o Iraque permanecem sem resposta.
O líder liberal-democrata Charles Kennedy insistiu nesse assunto durante o debate parlamentar realizado após a apresentação do relatório Hutton.
Kennedy disse que o Reino Unido agora voltou ao ponto em que estava antes do caso Kelly e da disputa entre o governo e a BBC.
O líder liberal-democrata afirmou que ainda é necessária a realização de um inquérito independente sobre a guerra e as supostas armas de destruição em massa do Iraque.
Diante das conclusões do lorde Hutton, no entanto, é muito difícil que qualquer apelo nesse sentido tenha sucesso.
Por outro lado, Tony Blair vai trabalhar para garantir que o relatório Hutton marque o início de um novo começo para a sua liderança.
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