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Análise: Aposta política de Giuliani na Flórida custa caro
da BBC Brasil
O paraíso turístico de Orlando, na Flórida, onde muitos vão atrás de fantasias, é também o lugar em que sonhos podem ser destruídos, como provou na terça-feira à noite o pré-candidato republicano à presidência americana, Rudolph Giuliani, que ficou em terceiro lugar nas primárias do Estado.
O ex-prefeito de Nova York escolheu um dos hotéis mais luxuosos de Orlando para se reunir com correligionários depois da votação, onde ele esperava comemorar a vitória.
Em vez disso, Giuliani comandou uma espécie de "velório" político, onde correligionários chorosos ouviram o seu curto discurso --e discutiram, inconsolavelmente, onde foi que tudo deu errado.
Nós sempre soubemos que a estratégia de Giuliani de concentrar seu tempo, energia e dinheiro nas primárias do primeiro grande Estado na reta final das primárias era das duas uma: Uma sacada de gênio político que iria reescrever as regras sobre como competir para a presidência nos EUA, ou um ato de loucura em que o primeiro colocado na disputa republicana há muito tempo iria acabar caindo na primeira batalha.
Agora já sabemos qual das duas opções reflete a realidade.
Custo
Ao subir ao palco, Giuliani fez uma pausa antes de falar para receber os aplausos dos fiéis.
Uma mulher na platéia gritou, encorajadoramente: "Só acaba quando acaba!" Houve alguns assovios. Giuliani pareceu mais encorajado por alguns momentos, mas ele sabia que já havia acabado, e seu público também.
Concorrer à presidência custa caro nos Estados Unidos. Acredita-se que Giuliani teria gasto até US$ 1 milhão por semana em anúncios de TV apenas na Flórida.
Somando a isso o custo de frete de aviões, aluguel de comitês eleitorais e funcionários e é possível entender porque até os "giulianistas" mais fiéis sabiam que a batalha estava perdida.
Os custos de continuar a luta na chamada Super Terça --quando são realizadas primárias em mais de 20 Estados, na semana que vem-- seriam multiplicados pelo menos dez vezes, talvez mais. E ninguém vai continuar a colocar dinheiro na campanha de um homem que terminou em terceiro lugar no Estado em que ele fez campanha por mais de 50 dias.
Legado exagerado?
Os correligionários com quem conversei quando voltávamos para casa, passando por um chão coberto de cartazes dizendo "Flórida é o país de Rudy (Giuliani)" concordaram num ponto: Rudy é um líder e demonstrou caráter sob pressão ao liderar Nova York logo depois dos atentados de 11 de Setembro, coisa que nenhum outro, nem mesmo o pré-candidato John McCain, conseguiu equiparar.
Mas esses dois pontos fortes também dão uma idéia dos problemas que Giuliani passou a enfrentar quando resolveu apostar todas suas fichas na Flórida.
Primeiro, a questão do caráter. Muitos republicanos não gostam da atitude de Giuliani em questões sociais, como o aborto, por exemplo e, em mais de um Estado, eleitores republicanos me disseram que não gostam de seu estilo de vida pessoal --os divórcios, e as histórias de relacionamento ruim com os filhos.
Injusto, talvez, mas assim é a política conservadora --qualquer presidente republicano terá que mostrar aos Estados Unidos que mantém uma única família com grau mínimo de estabilidade. E isso nunca foi Rudy Giuliani.
E ele também pode ter exagerado no legado de 11 de Setembro. Não que alguém duvide da qualidade da liderança que ele demonstrou durante a crise, mas é que ao longo da campanha ficou cada vez mais claro que o medo da classe média de uma possível recessão era o tema-chave.
Giuliani nunca chegou a atacar este medo, mesmo quando falou repetidamente sobre a necessidade de corte na taxa de juros.
Vencedores e perdedores
Mas no fim das contas, a razão mais simples é também a mais convincente.
Giuliani achou que poderia evitar a neve de Iowa e New Hampshire --Estados onde a expectativa nunca foi boa para ele-- e compensar com o resultado na Flórida.
Ele vai entrar para os livros de ciências políticas como o exemplo de "como não fazer" --pode ter certeza de que todos os pré-candidatos de 2012 estarão em Iowa--, um legado não muito grande para um homem que gastou milhões em sua campanha.
A vitória apertada de John McCain sobre Mitt Romney provavelmente torna o primeiro ligeiramente favorito na corrida republicana, mas Romney também vai se sentir encorajado pela corrida apertada --podemos esperar outros resultados apertados na Super Terça.
Mas de um modo curioso, a noite pertenceu a Giuliani. A política americana é um drama de gladiadores com vitórias e derrotas, e 2008 já teve seu grande perdedor.
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Só assim pra se justificar esse Nobel a Obama, ou podemos ver como um estímulo preventivo a que não use da força bélica que lhe está disponível contra novos "Afeganistões" do mundo.
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