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09/11/2004 - 10h01

Doença de Arafat inflaciona preços em Ramallah

EDSON PORTO
da BBC Brasil, em Ramallah

O agravamento da saúde do líder palestino Iasser Arafat levou o custo da moradia em determinados pontos de Ramallah a sofrer uma disparada nos últimos dias.

Um prédio inacabado, sem água, luz ou janelas, está tendo alguns de seus andares alugados por até US$ 2,5 mil (R$ 7,1 mil) por semana. Isso só porque ele tem vista direta para o quartel-general de Arafat.

As localidades próximas ao QG do líder palestino estão sendo disputadas pela avalanche de jornalistas que chegou à cidade.

Ramallah é a sede da Autoridade Palestina e o centro das discussões sobre uma eventual sucessão de Arafat.

Pelo menos 535 jornalistas de todo o mundo viajaram para Israel e os territórios palestinos nos últimos cinco dias.

Esse grande volume de jornalistas está gerando lucros e empregos não só para os palestinos, mas também para os israelenses.

Segundo dados do Escritório de Imprensa de Israel, onde todos os jornalistas estrangeiros devem ser registrados, esse número ainda está crescendo.

"Ainda estamos tendo muitos pedidos", diz Daniel Seaman, diretor do Escritório de Imprensa.

Centro dos interesses

Um dos locais onde os jornalistas se concentram é ao redor do QGl de Arafat, que ainda reúne boa parte das funções de governo e reuniões de altos líderes palestinos.

As estações de TV e rádio que estão trabalhando na região alugam apartamentos ou terraços no topo das casas e prédios que dão vista para o quartel-general para poder fazer filmagem e entradas de repórteres ao vivo em seus programas.

Um dos casos mais curiosos é o desse prédio em construção no qual se concentram cinco redes internacionais de TV, incluindo a BBC.

O prédio está incabado, não tem água nem luz, e a situação das redes é precária, com cabos e equipamentos de milhares de dólares espalhados entre entulhos do prédio.

Apesar da precariedade, o prédio já esta gerando grandes lucros para o seu dono, um comerciante local.

Segundo o jornal local Al-Ayyam, cada andar do prédio vem sendo alugado por valores que variam de US$ 2 mil a US$ 2,5 mil por semana.

Segundo Ahamad Siaf, da agência de notícias Reuters em Ramallah, a inflação dos preços para jornalistas é comum na cidade e envolve desde os aluguéis até o pagamento de pessoal local, passando por custos de equipamento e transmissão.

"Nossa operação, depois da doença de Arafat, passou a custar entre US$ 20 mil e US$ 25 mil por dia", disse ele ao jornal Al-Ayyam.

Para a BBC, a operação na região dobrou de tamanho depois da doença de Arafat. Dos habituais 25 jornalistas, passou a mais 50 pessoas.

Comparação

Sami Batrawi, um palestino que trabalha para uma TV russa e eventualmente ajuda a equipe da NBC, afirma que o volume de trabalho aumentou bastante na última semana.

"Apenas neste terraço alugado pela NBC chegam a passar 25 pessoas da equipe deles por dia", afirma.

Apesar dos números, a possibilidade da morte de Arafat ainda está longe de ser o momento de maior movimentação de jornalistas na região.

"Na época do assassinato de Yitzhak Rabin (morte em 1995), tivemos mais de 2,5 mil jornalistas registrados", diz Daniel Seaman, diretor do Escritório de Imprensa.

Para ele, caso Arafat morra, o interesse de jornalistas deve aumentar ainda mais, mas, mesmo assim, ele não acredita que nada como o que ocorreu em 1995 vá se repetir.

"Acho que no máximo vamos chegar a mil jornalistas", afirma Seaman. "Por enquanto, para alguém que ainda está apenas doente, o interesse é bem grande."

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