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31/01/2005 - 10h05

Clérigo iraquiano pedirá a mesquitas apelo por brasileiro seqüestrado

MARCIA FREITAS
da BBC Brasil, em Amã

O xeque Ali Abdouni, representante da comunidade muçulmana no Brasil, chegou neste domingo a Amã, na Jordânia, para participar das negociações visando a libertação do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Jr., 49, seqüestrado no Iraque há 11 dias.

Em sua chegada, no aeroporto de Amã, Abdouni disse que se encontrou, no Líbano, com o porta-voz da Associação dos Clérigos Muçulmanos do Iraque, Muthanna Hareth al Dhari, com o objetivo de estabelecer estratégias para se comunicar com os seqüestradores e obter alguma informação sobre o paradeiro do brasileiro.

Ali Abdouni disse que o porta-voz prometeu entrar em contato com as mesquitas no Iraque para que apelos pelo brasileiro seqüestrado pudessem fazer parte dos sermões --uma tentativa, segundo Al Dhari, de mobilizar os seqüestradores e a população local.

"São as pessoas que mais têm poder em levar qualquer comunicado a toda a população do Iraque. Sabemos que existem no Iraque mais de 9.000 mesquitas. E todos os xeques estarão fazendo o mesmo apelo", afirmou Abdouni.

Ali Abdouni está em Amã com o vice-representante da comunidade muçulmana no Brasil, xeque Jihaed Hammaddeh.

"Estamos tentando todos os meios de comunicação", afirmou Hammaddeh.

O xeque carregava um comunicado do Itamaraty apoiando a sua ida a Amã. A carta é endereçada ao embaixador Affonso Celso de Ouro-Preto, que está em Amã coordenando os trabalhos.

Ouro-Preto foi à Síria neste domingo para negociar com autoridades do país pela libertação do brasileiro. Mas voltará na segunda-feira para se encontrar com os xeques.

Depois de se encontrar com os diplomatas brasileiros em Amã, os xeques devem retornar ao Líbano para um novo contato com os clérigos do Iraque.

Sermões

Os xeques afirmaram que o clérigo iraquiano aguarda detalhes sobre o engenheiro brasileiro para que as informações passadas à população iraquiana sejam corretas.

"Em nível de conselho islâmico, já foi feito o pedido. Agora nós esperamos para ouvir o que o enviado (o embaixador Ouro-Preto) tem a nos dizer. Vamos resolver juntos que caminho iremos tomar", afirmou Hammaddeh.

Segundo o xeque Abdouni, o fato de o engenheiro ser brasileiro está sendo reforçado, já que, na opinião dele, o Brasil é um país muito respeitado pelo mundo islâmico.

"Quando falamos do Brasil em qualquer dos países árabes, dos muçulmanos, eles nos tratam de uma maneira melhor. Todos sabem a posição do Brasil em relação à guerra do Iraque, em relação ao Oriente Médio em geral", afirmou o xeque.

No Líbano, os dois xeques se encontraram também com a cúpula dos clérigos no país e pretendem fazer o mesmo na Jordânia.

Os xeques afirmaram que não vêem a necessidade de se deslocarem ao Iraque.

"Eu acho que não teríamos o que fazer lá, já que o nosso apelo poderia ir daqui, da Jordânia, do Líbano, da Síria. No Iraque nós teríamos o mesmo contato que teremos aqui", afirmou Abdouni.

Mídia

Abdouni disse acreditar que os clérigos no Iraque não têm um contato direto com os grupos insurgentes, como o Saraya (Brigadas) al Mujahidin, que assumiu ter seqüestrado o brasileiro juntamente com o Ansar al Sunna, ligado à organização Al Qaeda.

Segundo Abdouni, al Dhari disse que existe a possibilidade de que outro grupo tenha realizado o seqüestro e usado o nome do Saraya al Mujahidin.

"Às vezes são outros grupos que seqüestraram dizendo que são esses grupos, é isso que nos informou o porta-voz. Que talvez sejam outros grupos, pessoas que estão interessadas em algum resgate, algum dinheiro", afirmou.

Segundo os xeques, as redes de TV árabe já estão transmitindo informações sobre o seqüestro do engenheiro.

A comunidade muçulmana no Brasil havia gravado dois apelos --um aos seqüestradores e outro aos grupos religiosos-- e enviado às TVs árabes.

Diplomacia

O embaixador Ouro-Preto, o representante do Núcleo de Iraque, Paulo Joppert Crissiuma, e o embaixador brasileiro em Amã, Antonio Carlos Coelho da Rocha, estiveram reunidos neste domingo com autoridades do serviço de inteligência jordaniano.

Os diplomatas brasileiros em Amã têm se encontrado com representantes de vários governos estrangeiros desde a chegada de Ouro-Preto à capital jordaniana, na última quinta-feira (27).

Entre aqueles com os quais eles se encontraram estão representantes dos governos espanhol, italiano e britânico.

A embaixada brasileira tem, no entanto, mantido sigilo em relação aos resultados dos contatos feitos até agora.

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