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31/01/2005
-
13h33
da BBC Brasil, em Nova York
Para o presidente George W. Bush e o seu aliado mais fiel na empreitada iraquiana, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, faz todo sentido cantar vitória após as eleições iraquianas, realizadas ontem.
As eleições aconteceram. Houve menos violência do que se temia e, ao que tudo indica, um comparecimento acima do esperado.
Rápido no gatilho, quatro horas após o encerramento da votação, Bush definiu o processo eleitoral como um "sucesso retumbante". Aqui é preciso ver o referencial.
Nas semanas que antecederam o pleito, as autoridades americanas baixaram como puderam as expectativas, enfatizando que o ponto fundamental não seria o número de votantes, mas o processo eleitoral em si.
Adjetivos retumbantes à parte, a eleição --algo tão raro no mundo árabe-- foi um sucesso.
Há mais alívio do que triunfalismo na Casa Branca após a eleição. Muitos erros foram cometidos pelos americanos, e algumas lições aprendidas nestes dois anos de intervenção no Iraque.
Custo alto
As tropas não foram recebidas como libertadoras, as armas de destruição em massa não foram encontradas, a insurgência foi subestimada e o custo do pós-guerra (em vidas e em dólares), bem acima do esperado.
Ademais, para Bush, a empreitada gerou acirrados debates domésticos e amargas divisões internacionais.
Não é à toa que o presidente esteja cauteloso e tenha constatado o óbvio: o sucesso eleitoral por si não neutraliza a insurgência e se trata de um primeiro passo em um complexo processo político.
Claro que Bush está fazendo o que pode para capitalizar este sucesso. Para ele e os seus aliados, a eleição legitima a estratégia de disseminar a democracia no Oriente Médio.
A rigor, esta se tornou a pedra de toque da política externa americana para a região, assim que ficou patente que não existia o tal arsenal de armas de destruição em massa de Saddam Hussein que, em primeiro lugar, justificou a invasão do Iraque em março de 2003.
Além da insurgência, um desafio imediato no Iraque é acomodar o maior número possível de sunitas ao processo eleitoral.
Regras do jogo
Para a Casa Branca, existem algumas regras no jogo da transição: os iraquianos não podem implantar uma teocracia pró-iraniana.
Se isto acontecer, a estratégia eleitoral terá sido um "fracasso retumbante."
Mas mesmo setores neoconservadores nos EUA advertem que é hora do governo Bush começar a se desengajar do processo político no Iraque, apesar da tentação de beneficiar o primeiro-ministro interino, o xiita secular Iyad Allawi.
Também crescem as pressões por um desengajamento militar. A oposição democrata precisou, é claro, saudar o sucesso eleitoral de domingo, mas está cada vez mais empenhada na ofensiva da "estratégia de saída" do Iraque, algo popular com a opinião pública.
Por ora, a Casa Branca resiste às pressões para fixar uma data para iniciar a retirada de suas tropas do Iraque.
Por ora, os soldados americanos são os guardiões do "sucesso retumbante" apregoado pelo comandante-em-chefe George W. Bush.
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CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
Para o presidente George W. Bush e o seu aliado mais fiel na empreitada iraquiana, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, faz todo sentido cantar vitória após as eleições iraquianas, realizadas ontem.
As eleições aconteceram. Houve menos violência do que se temia e, ao que tudo indica, um comparecimento acima do esperado.
Rápido no gatilho, quatro horas após o encerramento da votação, Bush definiu o processo eleitoral como um "sucesso retumbante". Aqui é preciso ver o referencial.
Nas semanas que antecederam o pleito, as autoridades americanas baixaram como puderam as expectativas, enfatizando que o ponto fundamental não seria o número de votantes, mas o processo eleitoral em si.
Adjetivos retumbantes à parte, a eleição --algo tão raro no mundo árabe-- foi um sucesso.
Há mais alívio do que triunfalismo na Casa Branca após a eleição. Muitos erros foram cometidos pelos americanos, e algumas lições aprendidas nestes dois anos de intervenção no Iraque.
Custo alto
As tropas não foram recebidas como libertadoras, as armas de destruição em massa não foram encontradas, a insurgência foi subestimada e o custo do pós-guerra (em vidas e em dólares), bem acima do esperado.
Ademais, para Bush, a empreitada gerou acirrados debates domésticos e amargas divisões internacionais.
Não é à toa que o presidente esteja cauteloso e tenha constatado o óbvio: o sucesso eleitoral por si não neutraliza a insurgência e se trata de um primeiro passo em um complexo processo político.
Claro que Bush está fazendo o que pode para capitalizar este sucesso. Para ele e os seus aliados, a eleição legitima a estratégia de disseminar a democracia no Oriente Médio.
A rigor, esta se tornou a pedra de toque da política externa americana para a região, assim que ficou patente que não existia o tal arsenal de armas de destruição em massa de Saddam Hussein que, em primeiro lugar, justificou a invasão do Iraque em março de 2003.
Além da insurgência, um desafio imediato no Iraque é acomodar o maior número possível de sunitas ao processo eleitoral.
Regras do jogo
Para a Casa Branca, existem algumas regras no jogo da transição: os iraquianos não podem implantar uma teocracia pró-iraniana.
Se isto acontecer, a estratégia eleitoral terá sido um "fracasso retumbante."
Mas mesmo setores neoconservadores nos EUA advertem que é hora do governo Bush começar a se desengajar do processo político no Iraque, apesar da tentação de beneficiar o primeiro-ministro interino, o xiita secular Iyad Allawi.
Também crescem as pressões por um desengajamento militar. A oposição democrata precisou, é claro, saudar o sucesso eleitoral de domingo, mas está cada vez mais empenhada na ofensiva da "estratégia de saída" do Iraque, algo popular com a opinião pública.
Por ora, a Casa Branca resiste às pressões para fixar uma data para iniciar a retirada de suas tropas do Iraque.
Por ora, os soldados americanos são os guardiões do "sucesso retumbante" apregoado pelo comandante-em-chefe George W. Bush.
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