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09/08/2008 - 02h53

Brasil espera que referendo traga "reconciliação" à Bolívia

MÁRCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires

O governo brasileiro espera que o referendo revogatório, que será realizado, neste domingo na Bolívia, contribua para a "reconciliação nacional" e que os bolivianos superem dificuldades pela "via democrática" e do "entendimento", disse nota oficial assinada pelo assessor de Política Externa do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia.

"O Brasil espera que todos os bolivianos possam expressar livre e pacificamente suas opções sobre o futuro do país e que essa iniciativa contribua para (..) a reconciliação nacional", afirma.

"Que o povo irmão da Bolívia consiga superar as dificuldades conjunturais pela via do exercício da democracia e do entendimento".

O referendo revogatório confirmará ou não a continuidade do presidente Evo Morales e de oito dos nove governadores do país.

Tensão

O país vive uma crescente tensão a poucas horas do referendo. Duas pessoas morreram na terça-feira, durante enfrentamentos entre mineiros e policiais, na estrada que liga os departamentos (equivalentes a Estados) de Cochabamba a Oruro e La Paz. A polícia argumentou que tentava desbloquear a estrada.

Nesta quinta-feira, novos protestos foram registrados em diferentes pontos do país, com bloqueios de estradas e passeatas, um dia depois do fim na campanha eleitoral. Ao mesmo tempo, prefeitos (equivalentes a governadores) da oposição e seus seguidores mantinham greve de fome contra o referendo, em Santa Cruz de la Sierra, argumentando que o pleito é ilegal.

O governo, através de propaganda eleitoral e de diferentes assessores, pediu que os eleitores não sejam "impedidos" de votar, num sinal de preocupação de que os mais radicais dificultem a votação.

Dúvidas

Cerca de quatro milhões de eleitores vão marcar na cédula "si" (sim) ou "no" para cada um dos governantes. Mas as dúvidas sobre as regras que serão adotadas neste referendo contribuem para o clima de incerteza.

Em maio passado, o Congresso Nacional aprovou uma lei, que foi ratificada por Morales, determinando que perderá o cargo aquele que receber quantidade de votos negativos superior ao que teve na eleição de 2005.

Recentemente, a CNE (Corte Nacional Eleitoral) interpretou que a regra deveria ser outra --a autoridade poderá perder o cargo se 50% mais 1% dos eleitores disserem que esta deve deixar o posto.

Para analistas, a discussão, abre espaço para possíveis disputas jurídicas por aqueles que perderem o posto.

Nas últimas horas, a imprensa boliviana recordou o percentual de votos de cada um dos prefeitos, quando foram eleitos em 2005. E especulou sobre os que poderão ficar ou não no poder, a partir do percentual de votos que vão necessitar neste domingo para não perderem o cargo.

Diferentes pesquisas de opinião indicam que Morales, eleito com 53,76% dos votos, deverá ser ratificado. O mesmo poderá ocorrer com um de seus principais opositores, o prefeito de Santa Cruz, Rubén Costas - um dos que realizam greve de fome contra o referendo.

Atenção internacional

A situação política e social na Bolívia tem sido acompanhada atentamente por diferentes líderes da região.

País com cerca de 10 milhões de habitantes, a Bolívia abastece Argentina e Brasil com o gás que produz. E é um país com um mapa político e social dividido entre as regiões mais carentes que apóiam Morales, como La Paz e Cochabamba, e as outras mais ricas, como Santa Cruz e Tarija, onde seu índice de rejeição é mais alto.

A pedido de Morales, uma comitiva de observadores dos países do Mercosul --Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai-- viajou para La Paz e vai acompanhar a eleição deste domingo.

O comunicado assinado por Garcia confirma que a situação na Bolívia vem sendo acompanhada com "atenção" pelo governo brasileiro. No texto, destacou-se ainda: "Nossa expectativa é de que o país vizinho continue consolidando sua democracia e construindo oportunidades para bolivianos de todas as origens e de todas as regiões".

No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a "democracia" na Bolívia e o papel político de Morales, o primeiro indígena a chegar ao poder em quase 200 anos de República. "Evo é a cara da Bolívia", disse Lula, durante reunião do Mercosul, na província argentina de Tucumán.

 

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