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19/08/2005
-
13h37
Dois meses atrás não havia nada em Nitzan. Agora se vêem em pé várias fileiras de casas amarelas e muita atividade na construção de mais uma boa quantidade delas.
O que está havendo é uma corrida contra o tempo --nos últimos dias, um grande número de famílias que deixaram a faixa de Gaza está chegando a este complexo residencial em Israel para tomar posse de suas novas casas.
É o caso dos membros da família Cohen. Eles viviam em Gadid, um assentamento cuja retirada terminou nesta sexta-feira, e onde eles tinham uma casa grande e um negócio agrícola que prosperava com a exportação de frutas e verduras.
Agora eles vão ter que recomeçar praticamente do zero em Nitzan, onde devem viver pelo menos pelos próximos dois anos.
"Queríamos deixar a faixa de Gaza com o nosso orgulho intacto, mas acabamos vindo para cá de joelhos", diz Itai Cohen, tentando arranjar espaço em uma sala de estar apinhada de caixas.
Felizardos
Ele se queixa que a casa não é grande o suficiente para abrigar a si, seus pais e seus quatro irmãos e diz que não sabe como os Cohen agora vão ganhar o pão de cada dia.
Como parte do plano de retirada proposto pelo primeiro-ministro Ariel Sharon, as famílias que deixaram os assentamentos da faixa de Gaza vão receber consideráveis quantias de dinheiro como indenização.
Mas Itai Cohen diz que o pacote cobre apenas metade do valor da antiga propriedade familiar e que é difícil imaginar quem vai dar um emprego a seu pai, que tem 55 anos de idade.
Sua família, porém, em vários aspectos, faz parte do grupo que pode ser considerado de felizardos entre os ex-colonos da faixa de Gaza.
Sao pessoas que conseguiram casas como a dos Coehn --propriedades que, apesar de não serem das maiores, contam com ar-condicionado, cozinhas e banheiros já montados e um pequeno jardim.
Apenas algumas centenas de famílias --uma fração do total de colonos evacuados-- conseguiram garantir um desses imóveis.
Muitas outras demoraram a formalizar seus pedidos e vão ter que ficar hospedadas em hotéis até que mais moradias sejam construídas.
"Dez dias atrás as pessoas não queriam vir, elas ainda achavam que [a retirada] não iria acontecer", conta Ari Kildar, o responsável pelo projeto de Nitzan.
"Agora não estou conseguindo atender à demanda", afirmou.
Banho de sol
Segundo Kildar, na medida do possível, familiares e amigos vão poder continuar vivendo perto uns dos outros.
Um mapa em seu escritório mostra blocos de casas divididos por assentamentos, em uma tentativa de facilitar a aclimatação das pessoas, mas também para procurar respeitar os hábitos religiosos de cada uma.
"No último shabat eu recebi um telefonema em casa", lembra Kildar.
"Um grupo reclamou que estava indo rezar quando olharam para os vizinhos e viram mulheres quase nuas tomando banho de sol", afirma.
"Foi então que eu notei que poderia haver problemas aqui."
Apesar destes esforços, e de toda a atividade que está sendo desenvolvida em Nitzan, muitos dos recém-chegados parecem chocados com a nova situação --como se não estivessem acreditando no que lhes sucedeu e em tudo que tiveram que deixar para trás.
Leia mais
Artigo: Retirada de Gaza, demonstração unilateral
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Ex-colonos de Gaza recomeçam vida em Israel
da BBC BrasilDois meses atrás não havia nada em Nitzan. Agora se vêem em pé várias fileiras de casas amarelas e muita atividade na construção de mais uma boa quantidade delas.
O que está havendo é uma corrida contra o tempo --nos últimos dias, um grande número de famílias que deixaram a faixa de Gaza está chegando a este complexo residencial em Israel para tomar posse de suas novas casas.
É o caso dos membros da família Cohen. Eles viviam em Gadid, um assentamento cuja retirada terminou nesta sexta-feira, e onde eles tinham uma casa grande e um negócio agrícola que prosperava com a exportação de frutas e verduras.
Agora eles vão ter que recomeçar praticamente do zero em Nitzan, onde devem viver pelo menos pelos próximos dois anos.
"Queríamos deixar a faixa de Gaza com o nosso orgulho intacto, mas acabamos vindo para cá de joelhos", diz Itai Cohen, tentando arranjar espaço em uma sala de estar apinhada de caixas.
Felizardos
Ele se queixa que a casa não é grande o suficiente para abrigar a si, seus pais e seus quatro irmãos e diz que não sabe como os Cohen agora vão ganhar o pão de cada dia.
Como parte do plano de retirada proposto pelo primeiro-ministro Ariel Sharon, as famílias que deixaram os assentamentos da faixa de Gaza vão receber consideráveis quantias de dinheiro como indenização.
Mas Itai Cohen diz que o pacote cobre apenas metade do valor da antiga propriedade familiar e que é difícil imaginar quem vai dar um emprego a seu pai, que tem 55 anos de idade.
Sua família, porém, em vários aspectos, faz parte do grupo que pode ser considerado de felizardos entre os ex-colonos da faixa de Gaza.
Sao pessoas que conseguiram casas como a dos Coehn --propriedades que, apesar de não serem das maiores, contam com ar-condicionado, cozinhas e banheiros já montados e um pequeno jardim.
Apenas algumas centenas de famílias --uma fração do total de colonos evacuados-- conseguiram garantir um desses imóveis.
Muitas outras demoraram a formalizar seus pedidos e vão ter que ficar hospedadas em hotéis até que mais moradias sejam construídas.
"Dez dias atrás as pessoas não queriam vir, elas ainda achavam que [a retirada] não iria acontecer", conta Ari Kildar, o responsável pelo projeto de Nitzan.
"Agora não estou conseguindo atender à demanda", afirmou.
Banho de sol
Segundo Kildar, na medida do possível, familiares e amigos vão poder continuar vivendo perto uns dos outros.
Um mapa em seu escritório mostra blocos de casas divididos por assentamentos, em uma tentativa de facilitar a aclimatação das pessoas, mas também para procurar respeitar os hábitos religiosos de cada uma.
"No último shabat eu recebi um telefonema em casa", lembra Kildar.
"Um grupo reclamou que estava indo rezar quando olharam para os vizinhos e viram mulheres quase nuas tomando banho de sol", afirma.
"Foi então que eu notei que poderia haver problemas aqui."
Apesar destes esforços, e de toda a atividade que está sendo desenvolvida em Nitzan, muitos dos recém-chegados parecem chocados com a nova situação --como se não estivessem acreditando no que lhes sucedeu e em tudo que tiveram que deixar para trás.
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