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29/12/2008 - 19h15

Análise: Batalha não será a última entre Hamas e Israel

JONATHAN MARKUS
da BBC News

Todo o caos e o sangue derramado na faixa de Gaza não significam que esta será a última batalha entre Israel e o Hamas.

Este é apenas mais um enfrentamento, ainda que seja o mais violento, em um conflito esporádico cada vez mais intenso entre o país e o grupo islâmico palestino, que controla o território desde junho de 2007.

Leia a cobertura completa dos ataques à faixa de Gaza
Entenda a disputa pela terra entre palestinos e israelenses

Israel e o Hamas estão deixando bem claras suas posturas. A do Hamas é de desafio --eles não pretendem se curvar a Israel, e foguetes continuarão a ser disparados contra o sul israelense.

Israel, por sua vez, indicou que esta ofensiva irá continuar por algum tempo, e a mobilização de reservistas e o envio de tanques para a fronteira com Gaza sugere que a batalha pode ser travada também por terra, não só com bombardeios de aviões.

Entretanto, os pelo menos 6,5 mil reservistas convocados não são suficientes para nocautear o Hamas, o que exigiria nada menos do que a reocupação da faixa de Gaza, de onde Israel se retirou em 2005.

Algumas operações limitadas por terra podem ser lançadas. Mas o objetivo delas seria o mesmo dos bombardeios aéreos: forçar o Hamas a parar com seus ataques com foguetes e restabelecer algum tipo de cessar-fogo.

Interesse comum

Uma trégua interessaria a ambos os lados.

O governo israelense precisa parar os foguetes contra o sul do país. Sim, uma eleição geral será realizada em fevereiro, mas esta não é simplesmente ou verdadeiramente uma questão de conquistar ou não o eleitorado.
Os foguetes palestinos disparados de Gaza podem atingir até 40 km dentro do território israelense, ameaçando de forma significativa uma vasta área que inclui as cidades de Beersheba e Ashdod.

As mortes israelenses em decorrência desses foguetes foram poucas. Bem poucas em comparação com as mortes de palestinos. Mas, sob a ótima israelense, essa não é a questão.

O problema é que a ameaça dos mísseis palestinos está tornando impossível se ter uma vida normal em uma parte grande do país, e a pressão popular para que algo fosse feito vinha crescendo.

A trégua seria boa para o Hamas, que permanece relativamente isolado no mundo árabe.

O grupo precisa reconstruir e reassegurar seu controle do poder e quer manter os postos de fronteira da faixa de Gaza abertos com muito mais regularidade, a fim de mostrar que pode trazer benefícios econômicos para os palestinos.

Condições para a paz

O que levou ao aumento da violência na região foi, paradoxalmente, uma disputa para estabelecer os termos de um novo acordo de paz. O Hamas estava muito insatisfeito com a situação no cessar-fogo que foi abandonado em 19 de dezembro.

O número de foguetes disparados contra Israel chegou a diminuir consideravelmente, como pedia o cessar-fogo que expirou neste mês. Mas a fronteira de Gaza só foi aberta esporadicamente por Israel e, em termos práticos, o bloqueio econômico ao Hamas até piorou.

Não é à toa, então, que muitos palestinos viram a retirada israelense da faixa de Gaza como praticamente irrelevante. Israel ainda controla o espaço aéreo de Gaza e suas fronteiras marítimas, assim como a maioria dos seus postos de fronteira terrestres.

Os palestinos se vêm como detentos em uma vasta prisão e pagando o preço da inimizade entre Israel e o Hamas.

Obviamente, há uma outra importante fronteira terrestre, entre a faixa de Gaza e o Egito. Mas esta também permaneceu fechada a maior parte do tempo, já que o Egito teme que os militantes islâmicos do Hamas incentivem o desenvolvimento de grupos semelhantes dentro do território egípcio.

O Hamas também não aceita o comportamento de soldados do Exército israelense, que atacam qualquer militante armado do Hamas que se aproxima da cerca na fronteira com Israel. As autoridades israelenses consideram isso direito legítimo de defesa, para prevenir atentados com bombas ou tentativas de seqüestro de seus soldados.

Com o acordo de cessar-fogo chegando ao final, os palestinos passaram a disparar mais foguetes contra Israel e Israel passou a intensificar suas respostas. O Hamas procurou ampliar o conflito gradualmente por meio de sua escolha de alvos e pelo alcance de seus mísseis, ansiando por uma nova trégua em seus próprios termos.

Objetivos alcançáveis?

Israel claramente previu essa possibilidade e não iria aceitar isso. As autoridades do país estavam determinadas a estabelecer as regras do jogo e, assim, lançaram a ofensiva contra o Hamas. O objetivo: forçar o grupo palestino a recuar.

A questão fundamental é se esse objetivo é alcançável. Trata-se de uma questão de tempo e poderio militar. Quanto mais tempo durar a operação, maior será a pressão internacional para que Israel pare.

Há amplos indícios de que a força, sozinha, não irá acabar com os ataques palestinos com foguetes. Uma grande incursão israelense na faixa de Gaza em 2008 foi saudada como um sucesso relativo, mas nunca foi capaz de deter completamente os ataques. O cessar-fogo de seis meses, patrocinado pelo Egito, se seguiu a essa operação.

Os líderes israelenses parecem ter discutido com cuidado a atual ofensiva antes de ela começar, em contraste com o que acontecera em 2006, quando o governo de Ehud Olmert correu para a guerra contra o Hezbollah, no Líbano.

Mas muitos analistas israelenses estão perguntando se uma das principais lições daquela guerra foi realmente aprendida: os líderes israelenses, quando embarcam em uma ação militar, sabem quando parar?

O fim do conflito atual vai exigir alguma ginástica diplomática de atores externos --do Egito, certamente; provavelmente dos Estados Unidos e talvez até da Turquia. Não deve ser fácil. O Hamas quer se salvar, não irá capitular.

Muito depende da complexa política interna da organização, com suas divisões em lideranças políticas e militares dentro da faixa de Gaza e seus líderes em Gaza e na Síria.

A batalha vai terminar, mas apenas lançará as bases para futuros enfrentamentos. Enquanto isso, a situação da população da faixa de Gaza se torna ainda mais precária.

Se alguma trégua provisória ou algum acerto for sobreviver, ele terá que abordar as preocupações israelenses com respeito à segurança, que são bastante reais.

Mas terá também que incluir uma mudança total no tocante aos postos de fronteira de Gaza, para permitir que os palestinos da faixa possam ter estabilidade e oportunidades econômicas de verdade.

Comentários dos leitores
J. R. (1269) 02/02/2010 14h02
J. R. (1269) 02/02/2010 14h02
Ricardo Perrone ( ) 31/01/2010 23h26 Vc tem razão, mas estão legalmente instalados no escritorio da CIA em São Paulo, com autorização da justiça paulista. A alguns anos um militar libanês de passagem por São Paulo foi seguido e assassinado num posto de gasolina, obviamente ninguém viu e nem sabia de nada. Se ele não fosse ligado à Siria (ainda estavam as tropas por lá) não se poderia dizer que foi a moçada. Esse negócio do governo brasileiro fazer vista grossa ao serviço militar para moleques servirem em Israel tem que acabar. Não dá para ficarem em cima do muro, ou vão para um lado ou vão para o outro. Incrível é que fazem como os batistas, alegando drama de consciência religiosa, para irem matar grávidas na Palestina (kill 2). Lamentável. sem opinião
avalie fechar
mauro halpern (120) 01/02/2010 22h36
mauro halpern (120) 01/02/2010 22h36
puxa, o sr Ricardo Perrone me descobriu.
Logo agora que eu estava tentando destruir, como fazemos todos os agentes do Mossad que querem dominar o mundo, toda a correspondencia eletronica favoravel aos palestinos!!
alem disso eu bombardeei o Zelaya com raios cósmicos de micro-ondas! vejam que ele saiu por livre vontade da embaixada, influenciado por potentes raios gama! e saiu sem chapéu!! agora que os hackers do mundo me descobriram, terei que mudar de computador!!!
Senhor Perrone, esta batalha voce venceu, mas eu voltarei. MAIS FORTE DO QUE NUNCA!
sem opinião
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hugo chavez (310) 01/02/2010 19h59
hugo chavez (310) 01/02/2010 19h59
O rabino Yitzhak Shapira, que foi detido para interrogatório pelo Shin Bet (agência sionista de segurança) por sua suposta implicação com o incêndio da mesquita em Yasuf, em Nablus, na Cisjordânia ocupada, é responsável pela escola Yeshiva "Od Yosef Chai" em Yitzhar, e é um discípulo do rabino Yitzhak Ginsberg .Gisnberg é considerado por acadêmicos do judaísmo moderno como um importante e original pensador da área do hassidut e da cabala e, além disso, ele é bem conhecido pelas suas visões extremadas diante das "diferenças fundamentais" entre judeus e não-judeus (goys), as quais tem um toque sensível de racismo. No prefácio do livro Torat Hamelech de autoria de Shapira e do rabino Yosef Elitzur, Ginsberg aponta para a necessidade de apontar as tais "diferenças fundamentais" entre judeus e goys "numa época onde nós somos obrigados a conquistar "a terra de israel", (a Palestina) de nossos inimigos, portanto, nós podemos agir "de acordo com as necessidades", dentro do espírito da Tora e então podemos fortalecer o espírito da nação e de nossos soldados." O livro menciona o assassinato de goys na guerra e inclui a seguinte passagem: - Há uma razão para matar bebês (do inimigo), mesmo se eles não violarem as 7 leis de Noé, por causa do futuro perigo que eles possam representar, quando eles irão crescer para tornar-se diabos como seus pais A hedionda e inimaginável atitude de pregar o assassinato de bebês de colo ou gestantes, só pode sair de mentes doentias, mas, já inspirou até camisetas para o exército sionista com a estampa de uma palestina grávida onde se lia "um tiro, duas mortes". Para que esta idéia de punição antecipada possa ser aplicada, é necessário preparar a grande massa, retirando-lhe qualquer vontade à resistência e para tal se conta com a lavagem cerebral diária da "grande mídia", de Holowood e outros que trabalham alinhados com a Nova Ordem Mundial Sionista e seu fundamentalismo religioso. 1 opinião
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