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15/03/2006 - 14h20

Partidos pequenos em Israel pregam expulsão de palestinos

GUILA FLINT
da BBC Brasil, em Tel Aviv

Quatro dos 31 partidos que disputam os votos dos eleitores israelenses no pleito de 28 de março defendem a expulsão de palestinos de suas terras ou a retirada de cidades árabes de Israel.

Há diferenças de estilo entre os discursos de cada legenda. Mas as quatro, das quais duas têm chances de obter assentos no Parlamento, acreditam que a solução para os problemas de Israel passa pela exclusão dos palestinos para que se determine o futuro mapa do país.

Segundo as pesquisas, o partido Israel Beiteinu (Israel é nosso lar), liderado por Avigdor Liberman, deverá obter 10 cadeiras (entre 120) no Parlamento.

O partido defende uma "troca de territórios", que inclui a entrega das aldeias árabes israelenses à Autoridade Palestina em troca da anexação, por Israel, dos assentamentos que o país construiu na Cisjordânia.

"Eu teria muito prazer de entregar Um El Fahem aos palestinos", afirmou Liberman, se referindo à cidade arabe no nordeste do país.

De acordo com Liberman, a troca de territorios é a solução para o problema, que ele define como "fundamentalmente demográfico".

Em Israel, quase 20% da população é de cidadãos árabes-israelenses. São 1,2 milhão de árabes, de origem palestina, que vivem em aldeias e cidades principalmente no norte e leste do país e têm a cidadania israelense.

Para Avigdor Liberman, essas aldeias e cidades podem ser "entregues" aos palestinos em troca dos assentamentos na Cisjordânia. Ele próprio, que é imigrante da ex-União Soviética, mora no assentamento de Nokdim, ao sul de Belém, na Cisjordânia.

Transferências

O partido de Liberman é visto como o "mais pragmático" entre os partidos que defendem uma "solução demográfica".

O partido Ihud Leumi Mafdal (União Nacional e Partido Nacional-Religioso) apóia a "transferência" dos palestinos da Cisjordânia para países árabes. Segundo esse partido, a solução seria uma "troca de populações".

De acordo com o programa do Ihud Leumi Mafdal, que segundo as pesquisas deverá obter 8 cadeiras no Parlamento, "a primeira etapa do acordo de paz deve ser a solução do problema dos refugiados palestinos, que sofrem em campos de refugiados há 55 anos, constituem a infra-estrutura do terror e exigem o direito de retorno a Israel".

Mas o partido não considera aceitar esses palestinos de volta nas terras que hoje constituem o território israelense.

"A solução proposta é a transferencia voluntária, a instalação dos refugiados da guerra da independência nos países árabes, no lugar dos refugiados judeus que saíram desses países e foram absorvidos em Israel."

"O partido Uniao Nacional trabalhará pela implementação do plano de imigração voluntária dos árabes da Judéia e Samaria, por intermédio de pagamentos para incentivar a imigração."

"Qualquer elemento hostil que colaborar com o terror contra o Estado de Israel e seus cidadãos será imediatamente expulso da Terra de Israel."

Um dos slogans principais de outro partido, o Herut (Liberdade), é "indenizar e remover" palestinos da Cisjordânia.

O Herut, que, segundo as pesquisas, não vai obter o mínimo necessário de votos para uma cadeira no Parlamento, afirma que "se deve dar prioridade máxima ao problema demográfico e incentivar a imigração para os países árabes".

Já o partido Hazit Yehudit Leumit (Frente Nacional Judaica) usa explicitamente o termo "expulsão".

"Apoiamos a conquista da terra e a expulsão do inimigo", diz o programa do partido. "A expulsão dos inimigos da Terra de Israel será a solução de todos os graves problemas do país."

Esse partido é liderado por Baruch Marzel, um dos principais ativistas da extrema direita e colono residente no assentamento instalado dentro da cidade de Hebron, na Cisjordânia. As pesquisas indicam que o Marzel não tem chances de obter uma cadeira no Parlamento.

Os principais partidos na disputa pelo poder nas eleições israelenses deste mês são o Kadima (centro), o Likud (centro-direita) e o Trabalhista (centro-esquerda). Nenhum deles fala em expulsão de palestinos de suas terras em seus programas de governo.

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