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15/03/2006 - 15h34

Apenas partidos de esquerda criticam ação em Jericó

GUILA FLINT
da BBC Brasil, em Tel Aviv

A decisão do primeiro-ministro israelense em exercício, Ehud Olmert, de invadir a prisão palestina de Jericó e capturar o líder da Frente Popular da Libertação da Palestina, Ahmed Saadat, e outros militantes, foi elogiada pela maioria dos líderes políticos em Israel, porém deputados da esquerda e alguns analistas afirmam que a ação teve fins basicamente eleitoreiros e pode ter conseqüências graves.

Os dois principais adversários de Olmert nas eleições do 28 de Março, o líder do Likud, Biniamin Netanyahu e o líder do Partido Trabalhista, Amir Peretz, elogiaram a operação militar.

"Esta operação enviou uma mensagem importante, de que assassinos e terroristas não podem circular livremente e devem pagar um preço integral por suas ações assassinas", afirmou Amir Peretz depois que os militantes, acusados por Israel do assassinato do ministro Rehavam Zeevi em 2001, se entregaram.

"Esta foi uma medida acertada, que demonstra que o terror não deve receber prêmios nem concessões", disse Netanyahu.

Porém deputados da esquerda criticam a operação militar.

A deputada Zahava Galon, do partido social-democrata Meretz, disse que "concorda que o lugar de assassinos é na prisão mas Israel deveria ter tentado resolver o problema por meios diplomáticos".

As tentativas do líder do Meretz, Yossi Beilin, de intermediar uma solução diplomática para a crise, foram rejeitadas pelo governo de Israel.

"Estratagema eleitoral"

Enquanto as tropas israelenses atacavam a prisão de Jericó, Beilin telefonou ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, que se encontrava na Áustria, e obteve a promessa de Abbas, de que se Israel suspendesse a operação, o presidente palestino iria garantir que os assassinos do ministro Zeevi não seriam libertados.

Para o ativista da esquerda e ex-deputado Uri Avnery, "a ação foi um estratagema eleitoral de Olmert, planejado em conspiração com os americanos e os britânicos".

Avnery se referiu ao fato de que a invasão da prisão comecou poucos minutos depois que os monitores da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos abandonaram o local.

De acordo com o analista político do jornal "Haaretz", Yossi Verter, "o público gosta de líderes que demonstram moderação diplomática e rigidez militar... na semana passada Olmert afirmou que pretende devolver grande parte dos territórios e nesta terca-feira ele completou a equação, enviando o exercito israelense e suas escavadeiras para derrubar as paredes da prisão de Jericó".

Já o deputado Ahmed Tibi, do Movimento Árabe Nacional, foi mais longe em suas acusações. "Sangue palestino é o combustível dessas eleições", disse ele.

Tibi também advertiu para a onda de violência que a ação em Jericó pode gerar. "Estas imagens de policiais palestinos com roupas de baixo e bracos para o alto, vao levar ao derramamento de sangue".

O especialista para assuntos do mundo árabe, Tzvi Yeheskeli, do canal 10 da TV israelense, afirmou que "a ação em Jericó foi principalmente uma humilhação para a Autoridade Palestina e para o presidente Mahmoud Abbas".

E o analista militar do canal 10, Alon Ben David, disse que esta foi uma mensagem clara de unilateralismo por parte de Israel.

"A invasão da prisão de Jericó foi a primeira ação militar importante de Israel, depois da vitória do Hamas. Esta operação indica que a partir de agora Israel não pretende mais dialogar com a Autoridade Nacional Palestina, mas sim agir de maneira clara e unilateral", afirmou Ben David.

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