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Especialistas descartam confronto militar entre as Coreias
MARINA WENTZEL
da BBC
Especialistas em relações internacionais na Ásia ouvidos pela BBC Brasil não acreditam que o teste nuclear e as ameaças da Coreia do Norte possam levar a um confronto militar. A ameaça de retomada da guerra foi feita nesta quarta-feira pelo lado norte-coreano, que disse não estar mais comprometido com o armistício de 1953, que interrompeu a guerra entre as duas Coreias na península.
As declarações de Pyongyang são uma resposta à decisão sul-coreana de participar de um programa de desarmamento liderado pelos Estados Unidos, que inclui o direito de realizar vistorias em navios norte-coreanos. A Coreia do Norte disse que qualquer ação hostil contra seus navios, inclusive o confisco de material, será considerado uma violação "imperdoável" de sua soberania.
Apesar das ações hostis da Coreia do Norte, especialistas acreditam que a intenção não é retomar a guerra com o vizinho do sul.
"Isso não vai dar em combate", disse à BBC Brasil Paul French autor do livro "North Korea, the Paranoid Peninsula" ("Coreia do Norte, a Península Paranóica", em inglês). "Inicialmente essas ações servem para trazer a Coreia do Norte de volta à agenda internacional, que vem focando em outros assuntos", explica Nicholas Thomas, professor de Estudos Asiáticos na City University de Hong Kong.
"Eles vinham se sentindo um pouco ignorados e deixados de fora dos eventos mundiais e conseguiram com sucesso voltar a ganhar a atenção dos Estados Unidos e ONU", avalia French. "É muito improvável que qualquer confronto armado resulte dessas ações", afirmou Thomas. "Isso não vai dar em guerra na região", disse o professor Yan Xuetong, diretor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade Tsinghua de Pequim.
"As forças aliadas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos são mais que o dobro das forças norte-coreanas", afirmou Soleiman Diaz, professor brasileiro de Relações Internacionais da John Hopkins University. "Acredito que não há interesse do lado norte-coreano de entrar em um conflito armado sabendo que vai perder", ponderou Diaz, que está em Seul.
Bomba por auxílio
Segundo Paul French, o teste da bomba nuclear é uma forma de pressionar pela negociação de ajuda em termos favoráveis ao país socialista. "A Coreia do Norte só vai desistir da bomba se nós a comprarmos deles em forma de reconhecimento, auxílio, dinheiro, comida e energia", disse French.
De acordo com Diaz e French o que os norte-coreanos ambicionam é um acordo unilateral com os Estados Unidos. "Eles querem um acordo unilateral só com os Estados Unidos. Isso é do interesse da Coreia do Norte, mas isso não é de interesse da comunidade internacional", avalia Diaz. "A China não é importante neste aspecto. A Coreia do Norte quer conversas diretas com os Estados Unidos", defende French.
"Eu acredito que a China, mais do que os Estados Unidos, é fundamental para um acordo. Os Estados Unidos são certamente os que vão fechar o acordo, mas qualquer coisa proposta terá de passar pela aprovação da China", discorda Nicholas Thomas.
Pressão doméstica
Os especialistas também apontam que a explosão da bomba ocorre junto com a crise de sucessão de Kim Jong-il. O líder norte-coreano não possui herdeiro aparente e poderia estar promovendo os testes bélicos como uma forma de incitar um senso de estabilidade nas massas do país.
"Essa mensagem é também para um povo que não tem acesso nenhum à informação mundial", diz Diaz, "para dar um senso de respeito, poder e patriotismo". A verdadeira situação no alto escalão do governo norte-coreano, porém, é um mistério.
"Não sei o que se passa lá. É um segredo total. E se alguém disser que sabe o que acontece nos círculos de poder de Pyongyang está mentindo", diz French. "Prefiro não comentar questões de política doméstica, não conheço os bastidores da situação", reconheceu Thomas.
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