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27/05/2009 - 12h06

Especialistas descartam confronto militar entre as Coreias

MARINA WENTZEL
da BBC

Especialistas em relações internacionais na Ásia ouvidos pela BBC Brasil não acreditam que o teste nuclear e as ameaças da Coreia do Norte possam levar a um confronto militar. A ameaça de retomada da guerra foi feita nesta quarta-feira pelo lado norte-coreano, que disse não estar mais comprometido com o armistício de 1953, que interrompeu a guerra entre as duas Coreias na península.

As declarações de Pyongyang são uma resposta à decisão sul-coreana de participar de um programa de desarmamento liderado pelos Estados Unidos, que inclui o direito de realizar vistorias em navios norte-coreanos. A Coreia do Norte disse que qualquer ação hostil contra seus navios, inclusive o confisco de material, será considerado uma violação "imperdoável" de sua soberania.

Apesar das ações hostis da Coreia do Norte, especialistas acreditam que a intenção não é retomar a guerra com o vizinho do sul.

"Isso não vai dar em combate", disse à BBC Brasil Paul French autor do livro "North Korea, the Paranoid Peninsula" ("Coreia do Norte, a Península Paranóica", em inglês). "Inicialmente essas ações servem para trazer a Coreia do Norte de volta à agenda internacional, que vem focando em outros assuntos", explica Nicholas Thomas, professor de Estudos Asiáticos na City University de Hong Kong.

"Eles vinham se sentindo um pouco ignorados e deixados de fora dos eventos mundiais e conseguiram com sucesso voltar a ganhar a atenção dos Estados Unidos e ONU", avalia French. "É muito improvável que qualquer confronto armado resulte dessas ações", afirmou Thomas. "Isso não vai dar em guerra na região", disse o professor Yan Xuetong, diretor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidade Tsinghua de Pequim.

"As forças aliadas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos são mais que o dobro das forças norte-coreanas", afirmou Soleiman Diaz, professor brasileiro de Relações Internacionais da John Hopkins University. "Acredito que não há interesse do lado norte-coreano de entrar em um conflito armado sabendo que vai perder", ponderou Diaz, que está em Seul.

Bomba por auxílio

Segundo Paul French, o teste da bomba nuclear é uma forma de pressionar pela negociação de ajuda em termos favoráveis ao país socialista. "A Coreia do Norte só vai desistir da bomba se nós a comprarmos deles em forma de reconhecimento, auxílio, dinheiro, comida e energia", disse French.

De acordo com Diaz e French o que os norte-coreanos ambicionam é um acordo unilateral com os Estados Unidos. "Eles querem um acordo unilateral só com os Estados Unidos. Isso é do interesse da Coreia do Norte, mas isso não é de interesse da comunidade internacional", avalia Diaz. "A China não é importante neste aspecto. A Coreia do Norte quer conversas diretas com os Estados Unidos", defende French.

"Eu acredito que a China, mais do que os Estados Unidos, é fundamental para um acordo. Os Estados Unidos são certamente os que vão fechar o acordo, mas qualquer coisa proposta terá de passar pela aprovação da China", discorda Nicholas Thomas.

Pressão doméstica

Os especialistas também apontam que a explosão da bomba ocorre junto com a crise de sucessão de Kim Jong-il. O líder norte-coreano não possui herdeiro aparente e poderia estar promovendo os testes bélicos como uma forma de incitar um senso de estabilidade nas massas do país.

"Essa mensagem é também para um povo que não tem acesso nenhum à informação mundial", diz Diaz, "para dar um senso de respeito, poder e patriotismo". A verdadeira situação no alto escalão do governo norte-coreano, porém, é um mistério.

"Não sei o que se passa lá. É um segredo total. E se alguém disser que sabe o que acontece nos círculos de poder de Pyongyang está mentindo", diz French. "Prefiro não comentar questões de política doméstica, não conheço os bastidores da situação", reconheceu Thomas.

Comentários dos leitores
J. R. (1159) 21/11/2009 17h42
J. R. (1159) 21/11/2009 17h42
Logo se vê que Israel encontrou um adversário à altura no O.M., pois contesta até mesmo que o Irã lance um satélite em 2011 acusando o mesmo de propósito de espionagem. Interessante, e não tem nenhum prêmio nobel no Irã, cadê o nobel como fator determinante de supremacia racial? Talvez a auto-premiação não seja uma coisa boa afinal ... sem opinião
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eduardo de souza (480) 13/11/2009 13h12
eduardo de souza (480) 13/11/2009 13h12
A coréia do Norte esta certíssima, não dorme enquanto o inimigo esta acordado. Se querem retirar do mundo as armas nucleares comecem com quem tem. Eua e sua compania estão armados até os dentes. Principalmente o Eua mostra que usa bombas nucleares mesmo, e o Japão que se cuide, esta abrigando dentro de sí, o maior trairá que existe. Aqui no Brasil já fomos alvo de ataques pequenos, com outros tipos de armas, o ideal seríamos ter bombas nucleares, caso fossemos atacados de forma mais brutal. Pela liberdade de defesa, quem possui armas nucleares, não podem se intrometer com aqueles que querem possuir também. 1 opinião
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J. R. (1159) 01/11/2009 06h50
J. R. (1159) 01/11/2009 06h50
O impositivo acordo que FHC aderiu para nosso país nos tira do alvo do clube nuclear, controlado pelos nazisionistas do eixo que dominam o mundo. Agora dizem que nem mesmo a proibição de armas nucleares prevista na constituição é suficiente, a intromissão começa a passar dos limites. Qualquer reação ou declaração, como foi a do Bolsonaro para construir bomba, constitui um argumento para o início de uma perseguição, que o Brasil já foi alvo anteriormente, por parte do "não tão aliado assim" U-S-A; de maneira que as autoridades brasileiras devem evitar declarações polêmicas que sirvam de "carvão" para os "candinhas" da AIEA prejudicarem nosso país. "Brasil é pressionado a aceitar inspeções intrusivas a programa nuclear." 56 opiniões
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