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Após fracasso de diálogo, partidários de Zelaya prometem resistência em Honduras
ERIC LEMUS
da BBC Mundo, em Honduras
As principais organizações civis de Honduras chamaram a uma "resistência pacífica" nesta segunda-feira, após o fracasso de negociações para tentar resolver o impasse político no país.
"Devemos redobrar os esforços para que os organismos internacionais garantidores dos processos democráticos atuem de maneira efetiva e obriguem [o presidente interino] Roberto Micheletti a abandonar as posições que ocupou", disse o líder da Frente de Resistência Popular, Saúl Cuello.
A segunda rodada de negociações em San José da Costa Rica terminou sem acordo entre os partidários do governo interino e o presidente deposto, Manuel Zelaya.
Falando à Radio Progresso, na cidade de San Pedro Sula, Cuello disse que "o anúncio que chegou da Costa Rica não nos intimidou em nada".
"Isto já era esperado. Por essa via sabemos que não há solução."
Sem diálogo
O presidente deposto Manuel Zelaya disse que cumprirá o prazo de 72 horas requerido pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, para a retomada das negociações.
Mas acrescentou que "já começou a organizar o seu retorno a Honduras para ser reintegrado no cargo."
Partidários do presidente deposto dizem que não alimentam expectativas em relação à retomada do diálogo na quarta-feira.
Saúl Cuello anunciou que os professores voltarão às aulas nesta semana "dentro de uma estratégia de luta".
"A liderança do magistério considerou importante voltar por três dias ao trabalho, mas ao mesmo tempo explicando para os alunos e apelando aos pais [que expliquem aos seus filhos] a posição patriótica e cívica do magistério", afirmou.
O padre Andrés Tamayo, que preside uma organização ambientalista, disse que "nosso plano de resistência continua mesmo que os militares saiam para bloquear estradas".
Enfrentamentos civis
Enquanto isso, a tensão entre as partes em conflito se acirra e desponta com maior força a possibilidade de enfrentamentos.
A deputada do partido Unificação Democrática Doris Gutiérrez alertou para a possibilidade de que o fracasso de novas negociações acirre ainda mais os ânimos em Honduras.
"Poderia haver um enfrentamento entre a população, o que seria extremamente desastroso", afirmou.
Falando à BBC de San Pedro Sula, a jornalista Emília Torres afirmou que uma série de marchas e piquetes em pedágios foram realizados no fim de semana, enquanto o aeroporto permaneceu isolado pelo Exército e a polícia.
"Durante toda a manhã [aviões militares] sobrevoaram a cidade, causando muito medo", descreveu ela.
O Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos em Honduras (COFADEH) denunciou o "encerramento" de seu programa de rádio Vozes Contra o Esquecimento, transmitido semanalmente por uma rádio local.
Bertha Oliva, coordenadora geral do COFADEH, disse ter sido informada pela gerência da Rádio América que da suspensão temporária do programa "até segunda ordem por conta da situação no país".
A interrupção do programa ocorre após a organização veicular um relatório denunciando um total de 1.155 "violações dos direitos humanos" cometidas após o golpe de Estado contra o governo de Zelaya.
Entre 28 de junho e 11 de julho, a instituição denunciou 1.046 "prisões ilegais", além de "ameaças, agressões, ferimentos, abuso, e pelo menos duas mortes".
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