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14/02/2007
-
17h04
da BBC, no Cairo
Políticos aliados do governo libanês mantiveram o discurso duro contra a oposição --que é liderada pelo grupo Hizbollah, considerado pró-Síria-- no evento em memória do primeiro-ministro assassinado Rafik al Hariri realizado no centro de Beirute nesta quarta-feira
Analistas dizem que os discursos desta quarta-feira-- um dia tenso, mas sem episódios de violência-- mostram que não há disposição para um acordo que encerre o impasse.
"Esta é a hora da verdade e estamos nas últimas etapas para a formação do tribunal internacional [para investigar a morte de Rafik al Hariri, há dois anos]. Estamos prontos para tomar decisões corajosas, mas qualquer solução tem que passar pela instituição do tribunal", disse o filho do premiê e herdeiro político, o deputado governista Saad Hariri.
Saad Hariri fez seu discurso em praça pública separado das dezenas de milhares de manifestantes por um vidro a prova de balas.
Um inquérito da ONU já apontou o governo sírio como responsável pela morte de Al Hariri, mas o governo de Damasco e seus aliados no Líbano se opõem com veemência à instalação de um tribunal internacional.
A oposição libanesa --liderada pelo Hizbollah-- realizou grandes manifestações em Beirute em dezembro e desde então mantém uma vigília constante no centro da capital pedindo a renúncia do gabinete do atual primeiro-ministro libanês Fouad Siniora, acusado por eles de estar a serviço de interesses ocidentais.
"Violência oral"
"Acho que nas próximas semanas vamos ver uma retórica agressiva e muita violência oral dos dois lados, e possivelmente episódios de violência nas ruas também, mas esporádicos", avalia o cientista político e especialista em movimentos islâmicos da Universidade Americana de Beirute, Ahmad Moussali.
"Não me parece que nenhum dos dois lados tenha agora a menor disposição para chegar a um acordo, mas tampouco acho que haja disposição para violência aberta, para qualquer coisa próxima de uma guerra civil", diz.
Moussali acredita que o Líbano vai continuar a conviver com esta instabilidade por mais algum tempo porque seria impossível resolver a crise no país em meio à atual situação no Oriente Médio.
"A Síria está sob pressão do Ocidente e por sua vez pressiona o Líbano, o Irã joga com influência que tem sobre o Hizbollah e a guerra no Iraque cria uma clima geral de instabilidade. É impossível conseguir um acordo aqui dentro com todos estes interesses externos envolvidos", diz o cientista político.
Síria
A Síria foi alvo de muitos ataques nos discursos feitos na demonstração de hoje. As palavras mais duras vieram do líder druso Walid Jumblat, que chamou o presidente sírio Bashar al-Assad de "macaco, cobra e açougueiro".
"Não vamos nos render ao terrorismo, aos explosivos, partidos totalitários, sejam eles da Síria ou de qualquer outro lugar", disse Jumblat para a multidão de dezenas de milhares de pessoas.
A analista política libanesa Rula Talj diz que Jumblat tem que jogar duro porque está isolado e sabe que não haveria espaço para ele se a oposição e a situação conseguirem se entender.
"A demonstração de hoje era uma homenagem a Al Hariri, mas num momento tenso como este muitos políticos tomaram a atitude imprudente de transformá-la numa manifestação de apoio ao governo", disse.
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Governistas fazem duros ataques à oposição no Líbano
PAULO CABRALda BBC, no Cairo
Políticos aliados do governo libanês mantiveram o discurso duro contra a oposição --que é liderada pelo grupo Hizbollah, considerado pró-Síria-- no evento em memória do primeiro-ministro assassinado Rafik al Hariri realizado no centro de Beirute nesta quarta-feira
Analistas dizem que os discursos desta quarta-feira-- um dia tenso, mas sem episódios de violência-- mostram que não há disposição para um acordo que encerre o impasse.
"Esta é a hora da verdade e estamos nas últimas etapas para a formação do tribunal internacional [para investigar a morte de Rafik al Hariri, há dois anos]. Estamos prontos para tomar decisões corajosas, mas qualquer solução tem que passar pela instituição do tribunal", disse o filho do premiê e herdeiro político, o deputado governista Saad Hariri.
Saad Hariri fez seu discurso em praça pública separado das dezenas de milhares de manifestantes por um vidro a prova de balas.
Um inquérito da ONU já apontou o governo sírio como responsável pela morte de Al Hariri, mas o governo de Damasco e seus aliados no Líbano se opõem com veemência à instalação de um tribunal internacional.
A oposição libanesa --liderada pelo Hizbollah-- realizou grandes manifestações em Beirute em dezembro e desde então mantém uma vigília constante no centro da capital pedindo a renúncia do gabinete do atual primeiro-ministro libanês Fouad Siniora, acusado por eles de estar a serviço de interesses ocidentais.
"Violência oral"
"Acho que nas próximas semanas vamos ver uma retórica agressiva e muita violência oral dos dois lados, e possivelmente episódios de violência nas ruas também, mas esporádicos", avalia o cientista político e especialista em movimentos islâmicos da Universidade Americana de Beirute, Ahmad Moussali.
"Não me parece que nenhum dos dois lados tenha agora a menor disposição para chegar a um acordo, mas tampouco acho que haja disposição para violência aberta, para qualquer coisa próxima de uma guerra civil", diz.
Moussali acredita que o Líbano vai continuar a conviver com esta instabilidade por mais algum tempo porque seria impossível resolver a crise no país em meio à atual situação no Oriente Médio.
"A Síria está sob pressão do Ocidente e por sua vez pressiona o Líbano, o Irã joga com influência que tem sobre o Hizbollah e a guerra no Iraque cria uma clima geral de instabilidade. É impossível conseguir um acordo aqui dentro com todos estes interesses externos envolvidos", diz o cientista político.
Síria
A Síria foi alvo de muitos ataques nos discursos feitos na demonstração de hoje. As palavras mais duras vieram do líder druso Walid Jumblat, que chamou o presidente sírio Bashar al-Assad de "macaco, cobra e açougueiro".
"Não vamos nos render ao terrorismo, aos explosivos, partidos totalitários, sejam eles da Síria ou de qualquer outro lugar", disse Jumblat para a multidão de dezenas de milhares de pessoas.
A analista política libanesa Rula Talj diz que Jumblat tem que jogar duro porque está isolado e sabe que não haveria espaço para ele se a oposição e a situação conseguirem se entender.
"A demonstração de hoje era uma homenagem a Al Hariri, mas num momento tenso como este muitos políticos tomaram a atitude imprudente de transformá-la numa manifestação de apoio ao governo", disse.
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