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21/03/2007
-
16h25
da BBC Brasil, em Roma
O alinhamento de dom Odilo Scherer com a Santa Sé o tornou uma indicação previsível para assumir a Arquidiocese de São Paulo, na opinião de especialistas em religião.
"A nomeação não trouxe surpresas, porque ele tem um perfil muito ligado à administração e à Cúria Romana", diz Fernando Altemeyer Júnior, ex-assessor de dom Cláudio Hummes na Arquidiocese de São Paulo, professor e ouvidor da PUC-SP.
"Como bispo-auxiliar, ele já acompanhava a arquidiocese; como secretário-geral da CNBB, possui boa conexão com todo o Brasil; tem sólida formação teológica, com mestrado e doutorado, e bom trânsito em Roma, por ter trabalhado no Vaticano."
De acordo com Altemeyer, a nomeação de dom Odilo é um sinal de que ele é uma pessoa muito bem vista pelo Vaticano, que o escolheu para administrar a maior arquidiocese brasileira.
"Hoje, é difícil dizer quem é de esquerda ou de direita. Como bom gaúcho, dom Odilo é conservador e, como trabalhou na Cúria, ele mantém a ortodoxia em primeiro lugar", avalia.
"É um homem que fala pouco. Uma pessoa multifacetada, com muitos perfis, o que o coloca em diversas realidades e, inclusive, de muito conflito", acrescenta.
Altemeyer destaca que o novo arcebispo ainda não teve grandes responsabilidades pastorais, e cuidar dos pobres e da dura realidade de São Paulo será seu grande desafio.
Dinâmica
"A nomeação dele segue a dinâmica de todas as demais construídas nas últimas três décadas desde João Paulo 2º", diz Faustino Teixeira, professor do programa de pós-graduação em Ciência das Religiões da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).
"São pessoas comprometidas com a linha de coibir o que o papa Bento 16 chama de desarranjos ocorridos na vida da Igreja Católica nos últimos anos."
Segundo Teixeira, dom Odilo, como secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), se esforçou para alinhar a entidade às diretrizes da Santa Sé, defendendo uma linha de equilíbrio da nova identidade católica, o que deve ter sido visto com bons olhos pelo papa Bento 16.
"A CNBB hoje não tem mais a presença pública que tinha nos anos 80. Ela se adequou à conjuntura internacional ratzingueriana", afirma. "Não quer dizer que não existam vozes proféticas no episcopado brasileiro, mas eles não são designados para postos importantes na Igreja."
De acordo com Teixeira, a nomeação desta quarta-feira representa "a identidade clara de uma Igreja brasileira que se cala quando o Vaticano pune Jon Sobrino, um dos mais expressivos teóricos da Teologia da Libertação".
Institucional
João Batista Libânio, professor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte, diz que dom Odilo não era a figura mais profética no episcopado brasileiro. Ele prefere classificar o novo arcebispo como institucional em vez de conservador.
"Dom Odilo reuniu requisitos importantes como eficiência, capacidade administrativa, coragem de tomar decisões e conhecimento da cidade", diz o teólogo, que já no primeiro ano de João Paulo 2º na Santa Sé afirmou que seu pontificado seria marcado pela volta à grande disciplina.
Com relação aos aspectos pastorais, se ele terá maior sensibilidade com os pobres, com as comunidades de base e se conduzirá a Igreja com mais liberdade e diálogo, o teólogo diz não saber o que ocorrerá.
"Ele teve mais experiência organizacional, como executivo", afirma. "Agora, terá uma presença em todo o panorama nacional."
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VALQUÍRIA REYda BBC Brasil, em Roma
O alinhamento de dom Odilo Scherer com a Santa Sé o tornou uma indicação previsível para assumir a Arquidiocese de São Paulo, na opinião de especialistas em religião.
"A nomeação não trouxe surpresas, porque ele tem um perfil muito ligado à administração e à Cúria Romana", diz Fernando Altemeyer Júnior, ex-assessor de dom Cláudio Hummes na Arquidiocese de São Paulo, professor e ouvidor da PUC-SP.
"Como bispo-auxiliar, ele já acompanhava a arquidiocese; como secretário-geral da CNBB, possui boa conexão com todo o Brasil; tem sólida formação teológica, com mestrado e doutorado, e bom trânsito em Roma, por ter trabalhado no Vaticano."
De acordo com Altemeyer, a nomeação de dom Odilo é um sinal de que ele é uma pessoa muito bem vista pelo Vaticano, que o escolheu para administrar a maior arquidiocese brasileira.
"Hoje, é difícil dizer quem é de esquerda ou de direita. Como bom gaúcho, dom Odilo é conservador e, como trabalhou na Cúria, ele mantém a ortodoxia em primeiro lugar", avalia.
"É um homem que fala pouco. Uma pessoa multifacetada, com muitos perfis, o que o coloca em diversas realidades e, inclusive, de muito conflito", acrescenta.
Altemeyer destaca que o novo arcebispo ainda não teve grandes responsabilidades pastorais, e cuidar dos pobres e da dura realidade de São Paulo será seu grande desafio.
Dinâmica
"A nomeação dele segue a dinâmica de todas as demais construídas nas últimas três décadas desde João Paulo 2º", diz Faustino Teixeira, professor do programa de pós-graduação em Ciência das Religiões da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).
"São pessoas comprometidas com a linha de coibir o que o papa Bento 16 chama de desarranjos ocorridos na vida da Igreja Católica nos últimos anos."
Segundo Teixeira, dom Odilo, como secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), se esforçou para alinhar a entidade às diretrizes da Santa Sé, defendendo uma linha de equilíbrio da nova identidade católica, o que deve ter sido visto com bons olhos pelo papa Bento 16.
"A CNBB hoje não tem mais a presença pública que tinha nos anos 80. Ela se adequou à conjuntura internacional ratzingueriana", afirma. "Não quer dizer que não existam vozes proféticas no episcopado brasileiro, mas eles não são designados para postos importantes na Igreja."
De acordo com Teixeira, a nomeação desta quarta-feira representa "a identidade clara de uma Igreja brasileira que se cala quando o Vaticano pune Jon Sobrino, um dos mais expressivos teóricos da Teologia da Libertação".
Institucional
João Batista Libânio, professor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte, diz que dom Odilo não era a figura mais profética no episcopado brasileiro. Ele prefere classificar o novo arcebispo como institucional em vez de conservador.
"Dom Odilo reuniu requisitos importantes como eficiência, capacidade administrativa, coragem de tomar decisões e conhecimento da cidade", diz o teólogo, que já no primeiro ano de João Paulo 2º na Santa Sé afirmou que seu pontificado seria marcado pela volta à grande disciplina.
Com relação aos aspectos pastorais, se ele terá maior sensibilidade com os pobres, com as comunidades de base e se conduzirá a Igreja com mais liberdade e diálogo, o teólogo diz não saber o que ocorrerá.
"Ele teve mais experiência organizacional, como executivo", afirma. "Agora, terá uma presença em todo o panorama nacional."
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