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Depois de visita ao Brasil, líder do Irã quer consolidar aliança com Chávez
CLAUDIA JARDIM
da BBC Brasil, em Caracas (Venezuela)
Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, dois dos principais críticos do governo americano, voltarão a se encontrar nos próximos dias para consolidar sua "aliança estratégica" e "anti-imperialista".
Ahmadinejad deve passar por Caracas depois de seu encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, previsto para a próxima segunda-feira.
Nos últimos anos, Chávez se converteu no principal aliado político do Irã na América Latina. Defensor da "construção de um mundo multipolar", além de compartilhar o discurso anti-imperialista com o governo iraniano, o presidente venezuelano considera o Irã um "aliado estratégico" para a consolidação do eixo sul-sul, tanto no âmbito político como econômico.
Na última semana, durante a visita do ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Nicolas Maduro, a Teerã, para preparar a visita de Ahmadinejad, o presidente iraniano disse que as relações entre as "duas nações revolucionárias" é 'necessária' neste momento.
Na última visita de Chávez a Teerã, em setembro, Ahmadinejad disse que 'Irã e Venezuela compartilham a importante missão de ajudar as nações revolucionárias oprimidas, e de estender a frente anti-imperialista pelo planeta'.
'Acabaram aqueles tempos em que os poderes arrogantes podiam influir nas nações revolucionárias', afirmou o líder iraniano.
Para o governo americano, a presença do Irã na América Latina, utilizando a Venezuela como porta de entrada, chegou a ser considerada como 'inquietante' pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, quando avaliou, em maio, o aumento da influência de outros países na região. Na lista de preocupação de Washington também apareciam China e Rússia.
Energia nuclear
A Venezuela é um dos poucos países que tem defendido abertamente o programa nuclear iraniano, fortemente criticado por países ocidentais.
Na última visita a Teerã, Chávez afirmou que 'não existe prova alguma de que o Irã construa uma bomba'.
'Estamos convencidos de que o Irã, como demonstrou, não vai deixar seus esforços para conseguir o que é um direito de seu povo: ter equipamento e estruturas para fazer um uso civil da energia atômica', disse o presidente venezuelano.
Estados Unidos, Israel e países da União Europeia acusam o governo iraniano de ocultar um possível programa nuclear de caráter militar, para uma suposta aquisição de armas atômicas. O governo de Teerã nega as acusações e diz que seu programa tem fins pacíficos.
Aliados econômicos
Aliados na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Irã e Venezuela começaram a estreitar relações em 2000, quando Chávez visitou Teerã pela primeira vez.
Desde então, mais de 300 acordos de cooperação comercial e energética foram assinados e estão sendo implementados na Venezuela. A aliança entre os dois países vai desde a construção de casas e desenvolvimento industrial à cooperação energética.
A Venezuela se comprometeu, em setembro, exportar 20 mil barris de petróleo por dia ao parceiro, em um acordo da ordem de US$ 800 milhões. O Irã é o quarto maior produtor de petróleo do mundo, mas tem limitações em infraestrutura para o refinamento.
A aliança energética também fortalece o interesse venezuelano de reduzir sua dependência econômica dos Estados Unidos, principal comprador do petróleo da Venezuela.
Há duas semanas, ao anunciar a visita de Ahmadinejad, Chávez disse que seu colega, assim como ele, também "é atacado pelo Império".
"Nos acusam de exportar terrorismo, mas eles (os americanos) são os genocidas", atacou o líder venezuelano. "Nós queremos paz contra os que pretendem nos encher de violência e morte."
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