Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
06/06/2007 - 13h10

Sibá nega blindagem na escolha de relator em processo contra Renan

Publicidade

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O presidente do Conselho de Ética do Senado, Sibá Machado (PT-AC), negou hoje que tenha escolhido o senador Epitácio Cafeteira (PTB-PA) para relator do processo contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) com o objetivo de "blindá-lo" contra uma eventual perda de mandato. Sibá disse que Cafeteira aceitou seu convite "de pronto" e tem "perfil" para apurar as denúncias contra Renan, informou Sibá.

"Eu o consultei por telefone e ele [Cafeteira] aceitou de pronto. Uma pessoa com o perfil dele vai nos ajudar", disse o presidente do conselho.

Questionado sobre o perfil de Cafeteira, Sibá disse que ele é "objetivo e direto" nas investigações. O relator não participou da reunião do conselho desta manhã que decidiu pela abertura de processo para investigar o senador.

Cafeteira é ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP), um dos principais aliados de Renan no Senado. Apesar da proximidade com Renan, Sibá disse não temer críticas sobre a escolha de Cafeteira para a relatoria. "A amizade não prejudica. Essa Casa não deve ter posições políticas. O critério para a escolha é a seriedade do trabalho. Vamos fazer Justiça, que será favorável a quem quer que seja", enfatizou.

O senador Demóstentes Torres (DEM-GO), integrante do Conselho de Ética, disse que Sibá tem a prerrogativa de escolher por contra própria o relator sem consultar os demais senadores. "Não temos como discutir quem foi indicado. O presidente tem essa autonomia e o relator terá a obrigação de ser isento. Se o relator entender que se deve ouvir pessoas, elas devem ser ouvidas. Se entender que deve ouvir o presidente do Senado, ele deve depor, isso é praxe", afirmou.

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP) --que vinha investigando as denúncias contra Renan-- chegou a ser sondado para ocupar a relatoria. Mas disse que não estaria disposto a ocupar o cargo para dar "equilíbrio" às investigações. "Eu falei que não gostaria de ser o relator para confrontar com ele o que eu fiz", disse.

Segundo Tuma, o relator é quem deve decidir daqui para frente o rumo das investigações. "Vou passar todo o material a ele. Não tenho conclusões, eu teria somente ao final das investigações. Eu fiz a busca do maior número de informações para o relator antes dele ser designado", disse.

Durante a reunião do Conselho de Ética, Tuma chegou às lágrimas depois de ser acusado pelo PSOL de ter absolvido previamente Renan nas denúncias. "Eu já fui rotulado por vocês [jornalistas] como xerife e tenho orgulho disso. Eu me precipitei nas investigações no vazio que havia naquele momento. Qualquer senador poderia ter feito isso. O PSOL poderia ter me consultado e aguardado a minha explicação", criticou.

Inocência

Apesar de não revelar se considera Renan culpado ou inocente nas denúncias, Tuma disse que a ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Eliana Calmon não viu até agora nenhum envolvimento do senador em irregularidades. Tuma se reuniu ontem à noite com a ministra, que coordena as investigações da Operação Navalha da Polícia Federal.

"Ela me disse que, por enquanto, não havia nada que o incriminasse até aquele momento", disse o corregedor.

Renan é acusado de utilizar recursos da empreiteira Mendes Júnior para o pagamento de pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento. O PSOL quer que o conselho investigue Renan por "recebimento de vantagens indevidas durante o mandato parlamentar" numa referência à denúncia de que ele teria utilizado dinheiro da construtora para pagar contas pessoais.

Além de investigar essa denúncia, o Conselho de Ética vai apurar a suposta liberação de emendas parlamentares de Renan para a Gautama --empresa apontada pela Operação Navalha com a responsável por fraudes em licitações do governo. O PSOL quer apurar a ligação do PSOL com a Gautama e também pede, na representação, as denúncias de que Renan colocou imóveis em nome de terceiros.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página