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PF vê tentativa de lobby de ex-presidente do PP
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ANDRÉA MICHAEL
RANIER BRAGON
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal mostram que o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) comandou tentativa de "flexibilizar" norma do Ministério das Cidades que estaria criando obstáculos para o repasse de verbas à empreiteira Gautama, apontada como o centro do esquema desmontado na Operação Navalha.
As gravações indicam que a tentativa de lobby para a alteração da norma teve seu ápice em uma reunião no gabinete do ministro Márcio Fortes, indicado ao cargo pelo PP, partido que foi presidido por Corrêa.
A reunião teria ocorrido em 28 de junho de 2006. Estariam presentes, além do ministro e de Corrêa, o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Figueiredo, e Flávio José Pin, funcionário da Caixa responsável por analisar a liberação de verba de ministérios para projetos. Pin foi preso na Operação Navalha.
"Pedro diz que está com Rodrigo, com o ministro e [que] Flávio Pin está chegando agora", diz a transcrição de grampo feita momentos antes da suposta reunião. Na ocasião, Corrêa falava ao telefone com Flávio Candelot, lobista que trabalhava para a Gautama. "Se não flexibilizar os SPAs, enrola tudo", disse Candelot. SPAs são instrumentos pelos quais a Caixa autoriza a liberação de recurso para os projetos, com base em critérios das Cidades.
Os grampos mostram que coube a Candelot sugerir a Corrêa que levasse ao ministro a proposta de suavização da norma. As gravações sinalizam que a flexibilização não ocorreu. Em grampo no dia seguinte à reunião, Corrêa diz que não haveria problema no ministério, "que a complicação é a Caixa".
No primeiro relatório, a PF disse, em outubro passado, que Corrêa e Candelot faziam tráfico de influência no ministério. Nas gravações, Corrêa diz ter tratado de interesses da Gautama com o secretário de Saneamento da pasta, Márcio Galvão, e com "Magda", que seria da área de orçamento. Os grampos indicam que Corrêa repassava à Gautama dados sobre MPs ainda não editadas.
Na casa de Corrêa, diz-se que ele está fora do país. Pin afirmou à Justiça que sua função na Caixa era "apolítica e fora de influências pessoais". O ministro das Cidades informou que só comentará os grampos quando recebê-los da PF.
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