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Lula exalta ética do PT e pede defesa de réus do mensalão
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FÁBIO ZANINI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo
Ao discursar para cerca de 3.000 pessoas no 3º Congresso do PT ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos militantes que defendam os colegas acusados de crimes na ação penal do mensalão, instaurada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), e disse que "ninguém tem mais autoridade moral e ética" que o PT.
"O que é importante é que nada que nos aconteça, processados ou não, pode nos esmorecer. [...] Nós não temos o direito de nos sentir derrotados. Mais importante: nenhum petista tem que ter vergonha de defender um companheiro, nenhum petista [...] Na política, nós não precisamos ser mais duros do que nós somos. Não podemos perder a sensibilidade e o companheirismo", afirmou, minutos antes de encerrar o discurso de quase uma hora.
O plenário do Centro de Convenção Imigrantes, em São Paulo, explodiu em aplausos e gritos saudando o partido. Na platéia, estavam o ex-ministro José Dirceu, os deputados federais João Paulo Cunha (SP) e Paulo Rocha (PA) e o ex-deputado Professor Luizinho (SP), todos réus da ação.
Ao mesmo tempo, Lula mandou recados aos acusados, dizendo que não serão poupados por serem "amigos". Reafirmou que não sabia do mensalão e que é preciso aguardar o julgamento final, seja para inocentar ou culpar os petistas. Ressaltou que o PT necessita de "solidariedade" para governar.
"Eu não costumo falar das decisões da Suprema Corte, mas eu queria que os petistas tivessem em mente uma coisa: até agora, nenhum deles foi inocentado, mas também nenhum deles foi culpado. Tem um processo, e somente esses companheiros, nem eu nem vocês, sabemos o que aconteceu. Esses companheiros terão tempo para se defender."
Em seguida, disse que a trajetória do PT não se constrói sem "ferimentos e sofrimento" e relembrou nomes ilustres da esquerda brasileira mortos em anos recentes.
"Autoridade moral"
No início de seu discurso, por volta das 10h30, o presidente sinalizou que não entrará em conflito com o STF por conta do julgamento. Apesar de reafirmar sua crença no PT, admitiu que o partido errou no mensalão (escândalo de 2005 no qual o PT é acusado de comprar apoios no Congresso).
"É verdade que podemos ter cometido erros, e os erros estão sendo apurados como precisam ser. Ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética do que nosso partido. Admitimos que tem gente igual a nós, mas não admitimos que tenha melhor [...] Na hora em que algum de nós cometer um erro, por mais amigo que seja, ele estará subordinado às mesmas leis e regras do que os 190 milhões de habitantes [do Brasil] estão submetidos."
Todos os petistas acusados na ação do mensalão alegam inocência e fazem críticas ao STF e à imprensa, dizendo-se alvos de uma conspiração das elites e da oposição.
Gregos e troianos
A fala do presidente acabou sendo bem-recebida por dois grupos opostos do PT. Os anti-mensaleiros, personificados pelo ministro Tarso Genro (Justiça), festejavam o "duro golpe" nos acusados, sobretudo porque Lula disse com todas as letras que eles erraram.
"Não entendi que o presidente tivesse dado qualquer determinação em relação a isso [defesa de acusados]", disse Tarso.
Já os mais alinhados ao grupo de Dirceu consideraram "afetuosas" as palavras de Lula.
A fala do presidente se dividiu em três partes: nos primeiros dez minutos, falou de improviso, cobrando o PT e mencionando os escândalos. Depois, por meia hora, leu, em dois teleprompters de última geração e de fabricação nacional, um balanço de sua gestão. Ao final, voltando ao improviso, foi mais explícito ao falar do julgamento do Supremo Tribunal Federal.
Na mesa diretora do evento estavam os ministros Paulo Bernardo (Planejamento), Tarso Genro (Justiça), Marta Suplicy (Turismo) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).
Corregedoria
O congresso termina hoje com a votação final de teses que deverão orientar o PT nos próximos anos. Entre os pontos a serem debatidos estão a criação de um código de ética para o partido e uma corregedoria.
Pela proposta de código de ética, encampada por um grupo ligado a Tarso Genro, os dirigentes partidários deveriam prestar contas periodicamente ao partido sobre sua evolução patrimonial.
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