Dois relatores pretendem concluir processos contra Renan até o dia 15; aliado diverge

Os relatores dos três processos contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética do Senado apresentaram hoje prazos distintos para a conclusão das investigações sobre o presidente licenciado da Casa. Enquanto os senadores João Pedro (PT-AC) e Jefferson Peres (PDT-AM) pretendem concluir os trabalhos em novembro, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) não apresentou prazos para a apresentação do seu relatório.

"Prazo regimental eu aceito, o que eu não admito é imposição. Recebi apenas ontem o processo, vou cumprir o que determina o regimento. O meu trabalho pode durar oito, 15 dias, seis meses ou até um ano. Eu não posso subordinar a tramitação do processo a nenhum prazo", disse.

Lima --um dos principais aliados de Renan no Senado-- admitiu que poderá concluir os trabalhos depois dos 45 dias de afastamento do peemedebista da presidência da Casa. "Esse processo não guarda nenhuma relação com o afastamento do senador Renan."

O peemedebista relata o quarto processo contra Renan, no qual o presidente licenciado do Senado é acusado de integrar um esquema de desvio de recursos em ministérios controlados pelo PMDB. O esquema teria à frente o lobista Luiz Garcia Coelho, pai de uma funcionária de Renan.

Nenhum dos relatores, no entanto, vai cumprir o prazo de 2 de novembro fixado pela oposição para o término dos processos contra Renan. O prazo era uma estratégia para forçar o peemedebista a se afastar do comando da Casa, mas como Renan já deixou o cargo, não houve protestos de senadores da oposição para que a data seja cumprida.

Prazos

João Pedro disse que pretende concluir as investigações do segundo processo contra Renan no dia 5 de novembro. Na ação, o peemedebista é acusado de intermediar em favor da Schincariol no INSS para reverter dívida de R$ 100 milhões da empresa --depois da cervejaria comprar uma fábrica de seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), por preço acima do mercado.

João Pedro solicitou à Polícia Federal cópia do inquérito da Operação Cevada, que investigou ações de sonegação de impostos de empresas, incluindo a Schincariol. O relator disse que também encaminhou dez perguntas a serem respondidas pela diretoria da empresa sobre as denúncias. Ele ainda pretende realizar diligências no INSS e na Receita Federal para apurar a acusação contra Renan.

"Trabalho com a perspectiva de até o dia 5 de novembro concluir esses trabalhos. Ou seja: estou aguardando o relatório da PF e as respostas da Schincariol sobre ação", afirmou.

O senador Jefferson Peres, por sua vez, disse que vai concluir as investigações do terceiro processo contra Renan no dia 15 de novembro. O senador pretende ouvir o usineiro João Lyra, que acusa o presidente licenciado do Senado do uso de laranjas, fora do Senado --já que o empresário não se mostrou disposto a comparecer ao conselho para prestar esclarecimentos.

"O depoimento do senhor João Lyra com certeza é importante. Ele já mandou comunicar por advogados que não virá ao conselho. Nem para depor nem para ser acareado. Ele concorda em depor outra vez, em reunião restrita, ou mandar por escrito a resposta. Existem arroladas duas testemunhas que residem em Maceió que também mandei notificá-las", disse.

Peres afirmou que Renan poderá apresentar sua defesa no processo após terminar de ouvir todas as testemunhas do caso.

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