Virgílio diz que Senado não pode ser presidido por "cacique" José Sarney

Em campanha contra a indicação de José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado, o líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), disse que a Casa não pode eleger "um cacique" somente para respeitar a regra da proporcionalidade, pela qual cabe ao maior partido indicar o presidente, informa nesta sexta-feira reportagem da Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

O governo deflagrou uma operação para convencer Sarney a disputar a presidência do Senado com o apoio do Palácio do Planalto. Ele nega que esteja disposto a entrar na corrida pelo lugar de Renan Calheiros (PMDB-AL), mas peemedebistas reconhecem que o nome do ex-presidente da República é capaz de reunir a bancada e evitar disputas que comprometem a unidade do PMDB no Senado.

Para Virgílio, Sarney não teve "coragem" de se manifestar na crise envolvendo Renan porque pratica uma "política velha" que tem como princípio a omissão e o "esmagamento dos adversários".

"Queremos um líder que responda pela ética, que enfrente de maneira altaneira os percalços que tentem colocar em seu caminho. Não se justifica ele não ter se manifestado nem a favor nem contra no episódio Renan. Um líder precisa ter coragem. Ele pratica uma política velha, acha que o político competente deve ficar calado nas horas de crise."

Outro lado

Ontem, Sarney afirmou que não recebeu apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar o comando do Senado Federal e negou que vá se candidatar ao cargo.

"[O presidente Lula] não vai me pedir. Não se pode pedir uma coisa que a pessoa não pode dar", afirmou. Sarney disse que "não há hipótese" de ele se lançar na disputa.

O senador afirmou ainda que quer aproveitar o tempo para escrever suas memórias. "Eu já estou com 78 anos, tenho de reservar meus últimos anos para terminar minhas memórias", afirmou. "Não vou ficar para Matusalém", reiterou.

Sarney afirmou que o PMDB vai conseguir definir por um nome de consenso no partido, mas não indicou para quem será o seu voto. "Nós temos tantos outros nomes de consenso, o PMDB vai decidir pelo voto e pela bancada."

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