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23/08/2002 - 16h59

Sabatina Genoino: Leia 3ª parte das perguntas dos jornalistas

da Folha Online

Nesta segunda parte da sabatina da Folha, o candidato José Genoino -último a ser ouvido entre os candidatos ao governo do Estado de São Paulo- responde perguntas formuladas pelos jornalistas. O ciclo de sabatinas da Folha ocorre em Higienópolis.

Genoino fala sobre gasto com segurança, educação e o apoio do candidato ao Senado pelo PMDB Orestes Quércia a Lula. O petista explica ainda porque o leitor de Lula vota mais em Maluf do que nele.

Nilson de Oliveira: Deputado, como o senhor pretende investir mensalmente em segurança pública para que já que esse governo vem gastando uma média de 2 bi por ano.

José Genoino: É verdade, o governo gasta mal, o governo gasta mal. Primeiro porque a prioridade dos gastos deve ser na capacidade de investigação de perícia e de inteligência da polícia. Você tem que combinar...

Nilson de Oliveira: Tem requalificado a polícia...

José Genoino: Você tem que combinar os gastos com carro, com arma, com colete, com computador, com o mapa para que a polícia tenha condições de pensar e localizar a quadrilha, e localizar o crime. Esse é um gasto muito alto. Você sabe que o sistema eletrônico de banco de dados, no Estado de São Paulo, está superado. Nós não temos um banco de dados eletrônico centralizado. Segundo, o sistema de tirar impressão digital é da década de 60, demora alguns dias. Normal inicial no Infocrime não é uma coisa... é um sistema novo que está aí à disposição da polícia.

José Genoino: Sistema de dados, agora a polícia não é o IBGE, o sistema de dados. Você tem que pegar os dados e fazer a operação eficiente. Saliento um sistema, agora ele produz a informação e você tem que saber trabalhar com ela. O que eu estou te falando? Que os dados do Infocrime chamam a atenção para a necessidade de ter um aparelhamento da polícia. Por exemplo, o IML, tem que ter uma maior descentralização e melhores equipamentos, o Instituto de Criminalística de São Paulo, a mesma coisa. Então nós temos que gastar com equipamento. No equipamento vai exigir durante, o meu governo, um investimento maior. Aí nós temos que trabalhar com o Orçamento, segundo, para efeito de equipamento, para efeito de equipamento, nós temos que discutir uma parceria com o governo federal, no caso de equipamentos, no caso de presídios e no caso de salários, sim, é que eu presente diminuir fortemente o bico. Você sabe que a média do policial militar é R$ 500 por mês. É muito mais econômico ter mais policial na rua do que sistema de 12 por 36, agora para isso é necessário ter uma melhoria no salário, principalmente da Polícia Militar e o salário base da polícia civil para isso nós vamos ter que discutir com a margem de manobra que nós temos no Orçamento que é de 12%. Agora, já que você citou o governo do Estado, em 2001, o governo deixou de executar 41 milhões no Orçamento de segurança pública. 41 milhões. Tem esse dado aqui, dado tirado do Orçamento do Estado. O Estado de São Paulo disse, e é bom vocês levarem em conta essa informação até para verificar, até aonde ela procede, o governo do Estado tem declarado na televisão, que tem R$ 26 bilhões de investimento. Eu achei um número grandioso, isso precisa passar por uma verificação. Porque se realmente existe essa possibilidade, vocês podem ter certeza que a prioridade do meu governo será emprego e uma segurança boa, que funcione, que seja eficiente. Então, por exemplo, melhorar o equipamento e o salário da polícia vai ter também uma boa corregedoria. E por que não tem uma boa corregedoria? Porque não tem uma corregedoria de carreira.

Nilson de Oliveira: Quanto vai custar isso, deputado? Isso que estou perguntando?

José Genoino: Nós temos um Orçamento de R$ 50 bilhões, o Orçamento do Estado de São Paulo, temos uma margem de manobra em torno de, remanejamento em torno de R$ 12 milhões. Eu vou deixar muito claro, porque é uma decisão política, no meu governo três áreas são prioridades, duas porque cuidam da vida, que é a saúde e segurança e uma que cuida da cabeça das pessoas que é a educação. E aí eu tenho que ter escolha e prioridade na hora de mexer com o Orçamento. É isso que nós vamos tratar, a segurança pública em relação a questão salarial, vamos negociar com a polícia, vamos definir os números, você sabe que o PT tem um projeto de segurança pública que eu participei da elaboração dele. Nesse projeto nós temos, estamos defendendo um piso nacional, um piso, o projeto de segurança do PT, nós estamos defendendo que o governo federal melhore o equipamento da Polícia Federal que terá uma grande incidência no Estado de São Paulo, principalmente nos portos, aeroportos e rodovias federais e nas fronteiras, nós vamos trabalhar, pode ter certeza de uma coisa, pode ter várias polícias, mas nós vamos trabalhar com uma política única de segurança pública.

Fernando Canzian: Deputado, eu queria fazer uma pergunta política para o senhor. Depois de passar anos criticando aí a política de governo de condomínio, onde cabe tudo do governo Fernando Henrique Cardoso. O PT aqui em São Paulo está numa aproximação bastante amigável com o ex-governador Orestes Quércia. Agora vocês estão passando de, de uma certa forma, um atestado de dono edifício, estando juntos aí nessa campanha. Como o senhor explica essa aproximação com o Quércia?

José Genoino: Vamos por partes. Em primeiro lugar o Quércia, primeiro o PMDB nacional, tem um candidato a presidente da República que é José Serra. Decisão da convenção nacional. Em São Paulo, o PMDB tem um candidato a governador, que era o Fernando Morais, e agora é o Lamartine, portanto não há aliança política eleitoral com o PMDB de São Paulo.

Fernando Canzian: Eles estiveram juntos.... O candidato...

José Genoino: Terceiro, se qualquer político como o Quércia, o PMDB declara o voto no Lula, o Lula já respondeu essa questão, a declaração de voto não muda o programa do PT, os compromissos do PT, nem as identidades do PT.

Fernando Canzian: O governo Fernando Henrique dizia a mesma coisa em relação ao PFL.

José Genoino: Você não vai comparar, Fernando.

Fernando Canzian: Não estou comparando, estou perguntando.

José Genoino: Vou responder, estou respondendo, chamando o diálogo entre nós, você me aperta, eu com toda a razão posso também apertar. O jogo de uma entrevista dinâmica.

Fernando Canzian: Assim fica até melhor.

José Genoino: Claro, como você pode, quando o Fernando Henrique Cardoso fez uma aliança com o PFL, o PFL é um partido que tem um núcleo de direita, tem uma base econômica, tem uma força capaz de mudar o governo.

Fernando Canzian: Mas deputado...

José Genoino: Deixa eu explicar, quando o PT faz alianças pontuais, e nós não fizemos aliança programática, nem de chapa com o PMDB de São Paulo. O PT, o Lula, está recebendo o apoio do Orestes Quércia, está recebendo o apoio....

José Genoino: Aliás, vocês divulgaram, ele está dizendo que declarou voto no Lula, quem quer ser presidente da República não pode recusar nenhum apoio. Sobre a Marta Suplicy, nós não fizemos em São Paulo nenhum condomínio, Fernando. Nenhum condomínio. O programa da Marta, de 2000, ela está executando, ela está executando o programa social, está executando o programa do Plano Diretor, está executando o programa das subprefeituras e está administrando a cidade, portanto, condomínio é quando você estabelece uma relação política de dividir o poder, mudar o programa e mudar as idéias e nós não estamos fazendo isso. Nós estamos fazendo uma aliança mantendo o nosso programa e os nossos compromissos.

Vaguinaldo Marinheiro: Mas deputado, o senhor tem menos votos que o Maluf mesmo entre os eleitores do Lula. Dentre os eleitores de Lula, o Maluf alcança 37% das intenções de voto, e o senhor, 23%. Isso também não é um pouco reflexo desse novo PT, porque, quem é esse eleitor que vota ao mesmo tempo no Lula e no Maluf e não no senhor?

José Genoino: Olha, ainda bem que você fez essa pergunta. (risos).

Fernando Canzian: Tá vendo, deputado, a gente só faz pergunta interessante.

José Genoino: Estou achando, só fazem pergunta para levantar a bola para mim, eu vou chutar. (aplausos).

José Genoino: Olha bem, em primeiro lugar, vocês, como jornalistas, sabem que quem nunca disputa uma eleição majoritária não é conhecido amplamente pela população, que é o meu caso. Como foram outros candidatos do PT quando disputaram eleição majoritária? Portanto a maioria da população não sabe que eu sou candidato. E veja bem, a primeira pesquisa da Folha, eu estava em torno, uma saiu com 4%, outra saiu com 5%, a outra saiu com 6%, a Folha agora me botou com 10%, quer dizer que eu dobrei, sem televisão. Estou com 10% sem televisão. É claro que quem é o palanque do Lula em São Paulo? A candidatura é Genoino, Mercadante e Wagner Gomes, qual é a aliança nossa, PT, PC do B e PCB. Qual é o nosso compromisso, garantir em São Paulo uma grande votação para o Lula. E essa grande votação para o Lula passa pela nossa ida para o segundo turno. Então, nós estamos fazendo agora um trabalho de dialogar, de ser conhecido porque a rejeição a meu nome é muito baixa.

Vaguinaldo Marinheiro: É de 22%. Não é baixa, não.

José Genoino: É mais baixa do que a rejeição que existe em relação ao PT. E você sabe que quem não é conhecido, essa rejeição, parte dela é porque não conhece. Na hora que a gente coloca a história.

Vaguinaldo Marinheiro: A pergunta para aferir a rejeição é: em quem você não votaria de maneira nenhuma, e dá 22%, não é baixo.

José Genoino: Mas você sabe que essa rejeição, ela faz parte, com certeza, das pessoas que me identificam com aquela rejeição histórica do PT. Isso portanto é absolutamente normal. Agora, se você considerar que 52% da população de São Paulo ainda não tem candidato e que na hora que a gente souber o meu nome, a minha história política, a candidatura do Lula, as administrações do PT e a legenda PT, pode ter certeza, nós vamos subir nas pesquisas e ir para o segundo turno com toda a tranquilidade.

Nilson de Oliveira: Deputado, voltando a questão.

José Genoino: Só queria cumprimentar o meu amigo, senador Suplicy, obrigado pela sua presença. (aplausos).

Nilson de Oliveira: Ainda sobre a questão programática, eu queria que o senhor explicasse por que o senhor é contrário à posição da política de educação continuada sendo que isso é uma prática nas administrações petistas, inclusive aqui sendo adotada pela gestão Luiza Erundina, pelo professor Portela que está aqui presente e que depois foi seguida pelo governo do Maluf, Pitta e agora sequência na direção da Marta. Por que o senhor se opõe?

José Genoino: Vou deixar isso claro até em respeito aos educadores, estou aqui olhando para o Mário Sérgio Portela, e dizer, Portela, que a educação continuada, você sabe melhor do que eu, ela virou aprovação automática. Isso foi um erro. Alguns governos têm a ousadia de botar conteúdos perversos em palavras bonitas. A educação continuada nasceu na história dos educadores, como o Paulo Freire, na história, a história da idéia de que a repetição intensa não é uma política de governo, agora, se repetição intensa não é uma política de governo, também não pode ser política de governo o acordo que foi feito aqui em São Paulo de transformar o aluno em número para, com o número de alunos que passam, ter um acordo com o Banco Mundial para efeito dos investimentos aqui. Aí é que está o erro. Nós vamos mudar a educação continuada naquilo que ela virou promoção automática. Para isso é necessário outra medida, diminuir o número de aluno por sala de aula. Você sabe que o padrão da Unesco é de 35, São Paulo tem de 45 a 50 alunos. Terceiro, nós vamos mudar a relação com o professorado. O professorado tem que ser valorizado, tem que ser considerado e não pode ser tratado de maneira didatorial e autoritária. Vamos chamá-lo para um papo pela educação. O professor, é protagonista da educação. Não é o governo com seus burocratas. Para isso nós vamos ter que discutir um plano, ao longo do governo, recuperação salarial, ao longo do governo, não vai ser de uma vez. Nós temos que estabelecer uma parceria com as universidades públicas, por exemplo, programas de apoio pedagógico ao professorado. Nós temos que chamar as universidades, principalmente as três estaduais, Unicamp, USP e Unesp, que têm as melhores escolas, as melhores faculdades de educação para fazer uma parceria junto com a rede pública. E nós vamos trabalhar com as prefeituras, ao nível de fazer correções na municipalização, de fazer alterações para recuperar o ensino fundamental e médio. Esse número que de São Paulo tem 17% de analfabetos funcionais é verdadeiro. Então nós vamos fazer uma mudança significativa nessa área. Mas não é só parar no ensino fundamental e médio. Nós temos que também fazer um diálogo positivo com as universidades em relação ao tipo de ação, de medida que pode ser tomada na área do sistema de educação no Estado de São Paulo.

Leia a íntegra da sabatina:
  • 1° Parte- Perguntas Platéia

  • 2° Parte- Perguntas Platéia e Encerramento


  • Veja também: o especial Eleições 2002
     

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