Oposição e governistas divergem sobre comando da CPI dos Cartões

Integrantes da base governista e da oposição voltaram a divergir publicamente sobre o comando da CPI mista --formada por deputados e senadores-- dos Cartões. Os governistas querem controlar os dois principais cargos da comissão: presidência e relatoria. Insatisfeita com a distribuição, a oposição ameaça obstruir as votações do Congresso se não ficar com pelo menos um desses dois cargos.

Na tentativa de chegar a um acordo com a oposição e acabar com a ameaça de obstrução, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN) sugeriu que o comando da CPI fosse compartilhado entre oposição e governistas. Ele está reunido com as lideranças partidárias.

Mas os dois lados sinalizaram que será difícil fechar um acordo. O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), por exemplo, disse que a obstrução começa amanhã. "A partir de amanhã, se não chegarmos a um entendimento, não contem com o DEM para votações. O governo tem que respeitar o direito ao contraditório e à divisão de poder na CPI."

O vice líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou que a tradição de alternância de poder da Casa no comando de CPIs tem de ser respeitada. "Queremos votar, mas não podemos abrir mão de investigar o governo. Enquanto o governo não permitir que a oposição participe do comando da CPI, temos que obstruir."

O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), disse que o partido não abre mão de ter um peemedebista na presidência da CPI. O partido indicou ontem o senador Neuto de Conto (SC) para o cargo. "O PMDB sempre tem sido compreensivo. Mas desta vez não vamos abrir não do cargo. Para abrir mão, só se os membros indicados pelo partido rejeitarem essa função."

O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), criticou as ameaças da oposição e disse que se o DEM e PSDB mantiverem essa oposição, não haverá acordo entre os dois lados. "A oposição foi inábil na condução das negociações e partiu para a ameaça. E ameaça na política, às vezes, funciona ao contrário."

Casagrande é o único que acha que o governo deve abrir mão da presidência para a oposição.

Garibaldi se reúne hoje com os líderes partidários para tentar chegar a um acordo sobre o comando da CPI e impedir a obstrução das votações. "O problema da CPI será resolvido por um acordo entre as lideranças do governo e da oposição. Mas o Senado não pode ter sua pauta obstruída pela oposição porque nós não estamos votando nada de interesse do governo", disse.

Relatoria

Na Câmara, o PT ainda não definiu qual deputado será designado para ser o relator da comissão.

Na disputa estão os deputados Luiz Sérgio (RJ), ex-líder da bancada na Câmara, e José Eduardo Cardozo (SP), que atualmente é secretário-geral da legenda. E, há, ainda, uma terceira opção que é guardada sob sigilo para evitar desgastes antecipados.