Presidente do PSDB diz que oposição vai disputar comando de CPI dos Cartões

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse hoje que a oposição vai disputar um cargo de comando na CPI mista (formada por senadores e deputados) que vai investigar o uso dos cartões corporativos do governo federal. Os governistas, entretanto, dizem que têm o direito de indicar nomes para a presidência e relatoria da comissão, pois possuem as maiores bancadas da Câmara dos Deputados e do Senado.

"A oposição vai insistir no entendimento para o comando da CPI", disse Guerra hoje após participar do 1º Encontro de Vereadores do PSDB, em São Paulo.

Segundo ele, se a base aliada não ceder a presidência ou a relatoria para a oposição, DEM e PSDB vão instalar uma CPI formada só por senadores. "Se o governo não tiver juízo e ficar contra tudo e todos, a gente pode pedir uma CPI no Senado."

Cartões de pagamento de SP

Apesar de defender a investigação dos gastos do governo federal com o cartão corporativo, Guerra diz não ver necessidade para abrir uma CPI em São Paulo para apurar as despesas com o cartão de pagamento do Estado.

"Em São Paulo, não tem razão para pedir uma CPI. No governo federal, uma ministra já caiu", afirmou ele se referindo à ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial). "Em São Paulo não tem nada para falar."

A bancada do PT na Assembléia Legislativa tem dificuldade para conseguir as 32 assinaturas necessárias para protocolar um pedido de CPI dos cartões de São Paulo. Até agora, conseguiu 22 assinaturas para o requerimento: 20 dos deputados do PT, um do PSOL e outro do PV. Mesmo que o PT consiga as 32 assinaturas, a CPI só começará a tramitar se o plenário da Assembléia aprovar o pedido por, no mínimo, 48 votos favoráveis.

Questionado sobre a CPI que a bancada do PT quer instalar na Assembléia Legislativa para investigar o uso dos cartões, o governador José Serra disse na segunda-feira que não teme a apuração do caso, pois não viu evidências de mal uso do meio de pagamento. "Não há denúncias. Qual a denúncia?", questionou.

Serra disse ainda que não vai interferir nas decisões da Assembléia nem orientar deputados tucanos sobre o instalação ou não da comissão. Mas disse que há interferência da Executiva Nacional do PT em São Paulo para atingir o seu governo e fazer uma "cortina de fumaça" sobre o uso dos cartões corporativos. "Sem dúvida nenhuma é uma indústria de cortina de fumaça."

Reportagem publicada pela Folha informa que o governo de São Paulo destinou R$ 108.384.268,26 a gastos efetuados com o cartão de pagamento de despesas. Segundo os dados do Sigeo (Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária), a qual somente as bancadas de deputados na Assembléia Legislativa têm acesso, 44,58% dos gastos --R$ 48,3 milhões-- foram realizados graças a saques.

Na segunda-feira, Serra anunciou a suspensão dos saques com os cartões de pagamento do governo para que fosse feito um exame nos saques já realizados.

Serra negou que a medida tenha sido tomada por conta de eventuais irregularidades nos saques realizados com os cartões do governo.

Ele afirmou ainda que há equívocos de interpretação na análise preliminar da movimentação com os cartões. Segundo ele, os saques referem-se, na maior parte, a transferências bancárias ou ordens de débito para pagamento de despesas diversas.