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TCE diz que contrato com a Finatec é irregular em Recife
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RENATA BAPTISTA
da Agência Folha, em Recife
O TCE (Tribunal de Contas do Estado) de Pernambuco julgou ontem irregular a dispensa de licitação no contrato de prestação de serviços entre a Prefeitura de Recife e a Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnologia), ligada à UnB (Universidade de Brasília), de R$ 19,8 milhões.
O contrato --que teve dois termos aditivos-- tinha como objetivo a prestação de serviços de consultoria técnica à gestão do prefeito João Paulo (PT) entre 2002 e 2005.
Entre os serviços, o contrato previa assessoria no acompanhamento e avaliação de projetos estratégicos de governo, qualificação gerencial do modelo de atendimento dos gabinetes, sistema de atendimento ao público e capacitação de servidores.
A prefeitura informou que contratou a Finatec sem licitação devido à "notória especialização" da fundação. Em nota divulgada ontem, a administração disse que vai recorrer da decisão do Tribunal.
No entendimento da Segunda Câmara do TCE, a prefeitura desrespeitou o princípio da isonomia ao contratar a Finatec sem fazer licitação, pois tinha em mãos as cotações de preço de outras duas fundações.
Segundo o relator do processo, o conselheiro-substituto Ricardo Rios, houve "indícios de favorecimento" da prefeitura à Finatec e que a qualidade dos serviços prestados vai ser analisada por uma comissão.
Ainda ontem, o TCE aprovou a instauração de uma nova auditoria especial na prefeitura para examinar a execução do contrato firmado com a Finatec. Vai ser examinado se houve subcontratação indevida para execução dos serviços e se o preço pago foi compatível aos preços praticados no mercado.
A decisão, que acolheu o parecer do Ministério Público de Contas, será divulgada no Diário Oficial do Estado hoje e encaminhada para o Ministério Público Estadual, que vai avaliar que medidas devem ser tomadas caso seja constatado o prejuízo aos cofres públicos na nova auditoria.
O Ministério Público do Distrito Federal investiga a suspeita de que administrações petistas --como a de Recife e a de Fortaleza-- tenham usado a Finatec para estabelecer, sem licitação, contratos com empresas do consultor gaúcho Luís Antônio Lima e de sua mulher, Flávia Maria Camarero.
Segundo os promotores, a Intercorp e a Camarero&Camarero Consultoria Empresarial, foram beneficiadas com R$ 23 milhões de R$ 50 milhões pagos à Finatec entre 2001 e 2005. O caso também está sendo analisado na CPI das ONGs.
Outro lado
A Prefeitura do Recife informou ontem, por meio de uma nota, que "respeita o julgamento proferido pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado), mas assegura ter a absoluta convicção da legalidade dos atos praticados" pelo órgão.
Ainda segundo a nota, a prefeitura informou que vai aguardar a notificação judicial para entrar com recurso.
No dia 27 de fevereiro, o prefeito João Paulo (PT) concedeu entrevista à imprensa para falar sobre o contrato firmado entre a prefeitura e a Finatec.
Na ocasião, ele disse que contratou a Finatec para prestar serviços à prefeitura para criar um novo modelo de gestão municipal, pois era necessário "ampliar as estruturas do município para atender as demandas da cidade, assim como renovar e oxigenar a prefeitura para adequar a máquina a essa nova estrutura".
Para o petista, a Finatec foi a prestadora de serviço que passou maior segurança e que apresentou maior experiência para o trabalho.
Segundo o prefeito, "os resultados da escolha podem ser medidos pelo sucesso das ações da gestão para a cidade".
A Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnologia) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só vai se pronunciar sobre o caso na Justiça.
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