CPI vai votar requerimentos polêmicos após análise de matérias consensuais

Em meio ao embate entre governo e oposição sobre o dossiê com gastos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a CPI Mista (com deputados e senadores) dos Cartões Corporativos decidiu dar início à reunião desta terça-feira com a votação de requerimentos que não são considerados "polêmicos" pelos parlamentares. A oposição protestou contra a decisão, mas se mostrou disposta a aprovar os requerimentos --mesmo na defesa da votação daqueles que quebram o sigilo de gastos do governo federal com cartões.

"Nós não instalamos CPI para fazer dela uma tribuna, em que fatos já conhecidos possam repercutir. Queremos as quebras de sigilo, o objetivo é colocar à luz os gastos do governo. O que estamos aprovando hoje não significa um avanço. Mas é do nosso dever aprovar todos os requerimentos, por isso estamos fazendo", protestou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

"Isso aqui está mais morno que um conclave. Nem um conclave na escolha do papa é assim tão tranqüilo na Capela Sistina", ironizou o deputado Vic Pires (DEM-PA).

A CPI já aprovou, desde o início da reunião desta manhã, requerimentos com o pedido de documentos e informações de cartões corporativos à CGU (Controladoria Geral da União), TCU (Tribunal de Contas da União), Ministério Público, PGR (Procuradoria Geral da República) e Ministério do Planejamento, entre outros.

Polêmicos

A presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), prometeu colocar em votação os requerimentos "polêmicos" após a análise das matérias consensuais --incluindo os que quebram os sigilos de gastos do governo com cartões corporativos. Serrano negou que a comissão esteja disposta a abrir mão das votações dos requerimentos polêmicos.

"Em nenhum momento, nenhuma CPI é instalada para bisbilhotar quem quer que seja. Estou lutando por instrumentos que são fundamentais para a democracia e para esta Casa. A CPI tem o direito de poder, sim, quebrar o sigilo, seja fiscal, telefônico ou qualquer tipo de sigilo, para o esclarecimento de qualquer fato. Isso aqui é o poder, e tem todo o direito de abrir sigilo e o achar", enfatizou.