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02/04/2008 - 07h13

Líder de agricultores é solto e diz que conflito é inevitável em terra indígena de Roraima

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JOSÉ EDUARDO RONDON
da Agência Folha
ANDREZZA TRAJANO
Colaboração para a Agência Folha, em Boa Vista

O presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero, foi solto anteontem pela Polícia Federal e disse que, com a determinação do governo federal de retirar os produtores rurais da terra indígena Raposa/Serra do Sol, "o conflito é inevitável".

A declaração foi dada por telefone à Folha, após o rizicultor deixar o prédio da PF em Boa Vista, onde estava preso.

"Iremos resistir [à retirada]. O que está se plantando é um conflito. Está sendo fabricado um conflito e vai estourar, não tem como não estourar, inevitavelmente", disse ele.

Quartiero foi preso anteontem no interior da terra indígena por, segundo a PF, desacatar um delegado e tentar obstruir os trabalhos de policiais federais na área. Ele foi liberado na noite de anteontem, depois de pagar fiança de R$ 500.

Desde a semana passada, agentes federais de outros Estados desembarcam em Boa Vista para dar início à retirada dos habitantes não-indios que ainda permanecem no interior da terra indígena.

Ontem, mais uma aeronave com agentes federais chegou ao Estado. Segundo a Polícia Federal, em torno de 150 policiais já estão em Roraima.

Em abril de 2005, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que destinou o uso e a posse da terra (área de 1,7 milhão de hectares no nordeste do Estado) aos cerca de 15 mil índios que vivem no local.

O governo federal determinou a retirada dos não-índios do local, entre eles de um grupo de arrozeiros que tem plantações na área.

Tensão

Com a chegada dos agentes à capital do Estado, o clima de tensão aumentou na Raposa/ Serra do Sol.

Uma ponte foi incendiada durante o final de semana por homens não identificados. Ontem, manifestantes bloquearam uma ponte no interior da terra indígena, limitando o acesso à área.

O CIR (Conselho Indígena de Roraima) --ONG favorável à retirada dos arrozeiros da Raposa/Serra do Sol-- informou que "a preocupação aumentou depois que a ponte foi incendiada e destruída".

O assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, José Nagib Lima, disse em Boa Vista que os policiais federais que estão na Raposa/ Serra do Sol realizam trabalho de levantamento de informações na área. A Polícia Federal afirmou que não há uma data definida para que os habitantes não-índios sejam retirados.

Merenda suspensa

A Secretaria da Educação do Estado informou que, "por causa do clima de tensão que se instalou na região, suspendeu temporariamente a distribuição da merenda escolar nos municípios de Uiramutã, Pacaraima e Normandia", que têm parte de seus territórios dentro da terra indígena.

A interrupção, de acordo com a secretaria, ocorreu "para resguardar a segurança dos servidores que fazem o transporte da merenda".

 

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