Com críticas ao governo, Serrano ameaça encerrar CPI dos Cartões na próxima semana

Depois de pouco mais de 20 dias de trabalhos, a CPI dos Cartões Corporativos pode encerrar na próxima quinta-feira as suas atividades. A presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), disse que vai encerrar os trabalhos da CPI diante da determinação de parlamentares governistas de não aprovarem nenhum requerimento de convocação para depoimentos à comissão.

"Na quinta-feira ouvimos a última personalidade, o relator me diz o prazo que precisa para elaborar o seu relatório e, na semana que vem, encerramos a parte de plenário da CPI. Até quinta-feira certamente o governo vai mandar os documentos que precisa", disse a senadora.

A CPI já marcou para a próxima semana os depoimentos dos ministros Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional), Orlando Silva (Esportes), Altemir Gregolin (Pesca), e dos ex-ministros Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) e Alberto Cardoso (Segurança Institucional). Após os depoimentos, Serrano disse que as atividades da CPI vão se resumir ao trabalho do relator.

Governo e oposição tentaram chegar a um acordo para a votação dos 34 requerimentos de convocação ainda não aprovados pela comissão nesta quinta-feira, mas nenhum dos lados se mostrou disposto a ceder. Os governistas afirmaram que vão rejeitar todos os requerimentos de convocação, enquanto parlamentares do DEM e PSDB defendem a aprovação das matérias.

"O senador Arthur Virgílio [PSDB-AM] disse que não teria clima para ter votação hoje. Mas se diz que não tem clima, o motivo não é a base aliada. Eu acho que não tem clima porque o senador Álvaro Dias [PSDB-PR] é suspeito [de vazar o dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à imprensa]. Ele acha que não tem clima por causa da disputa aqui", afirmou.

Virgílio, por sua vez, disse que a oposição vai procurar outras instâncias para investigar irregularidades no uso dos cartões corporativos diante da blindagem dos governistas na CPI.

"Eu entendo mesmo que está difícil votar qualquer coisa, a maioria diz que não quer votar. Nós temos caminhos outros a buscar. Caberá ao relator dizer se ele tem condições de fazer o relatório com o que aqui se discutiu. O que muitos cogitavam, começa a se transformar em realidade", afirmou.

Em um tom de desabafo, Serrano disse que a CPI não pode dar prosseguimento aos trabalhos sem ouvir autoridades do governo federal. "O que não posso é ficar aqui dependendo de, não sei quando, votar as personalidades."

Votações

Mesmo com a falta de acordo, Serrano decidiu colocar em votação os 34 requerimentos de convocação --apesar da disposição dos governistas de rejeitarem as matérias em bloco.

A estratégia da oposição é constranger os governistas junto à opinião pública para forçar a basae aliada a rejeitar integralmente os requerimentos.