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04/03/2009 - 21h20

Sem-terra desocupam fazenda palco de conflito em Pernambuco

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RENATA BAPTISTA
da Agência Folha, em São Joaquim do Monte

Cerca de 30 famílias ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que permaneciam na fazenda Jabuticaba, em São Joaquim do Monte (134 km de Recife), deixaram o local nesta quarta-feira, mas manifestaram a intenção de invadi-lo novamente.

Quatro seguranças da fazenda foram assassinados por integrantes do MST em conflito durante reocupação da propriedade, no último dia 21.

Dois sem-terra foram indiciados pelo crime. Segundo o delegado Luciano Soares, outros envolvidos na chacina continuam foragidos. O movimento alega que os sem-terra agiram em legítima defesa.

A desocupação da Jabuticaba foi realizada após acordo com os proprietários da fazenda mediado ontem pelo ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho. Os sem-terra deixaram a propriedade para que ela seja medida pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

No cartório do município, consta que a fazenda possui 247 hectares, o que a caracteriza como propriedade de tamanho médio e a inviabiliza para fins de reforma agrária. Os sem-terra afirmam, no entanto, que a fazenda possui mais de 800 hectares. Caso a fazenda possua mais de 525 hectares --o que a caracterizaria como grande propriedade--, ela passará por vistoria, que pode determinar a desapropriação.

A medição é realizada com aparelhos de GPS e não tem prazo para ser finalizada.

Os sem-terra começaram a desarmar os barracos às 5h de hoje e foram para a propriedade particular de uma militante do movimento, a cerca de um quilômetro da Jabuticaba.

A intenção, segundo eles, é reocupar o local após o procedimento de medição, tanto que facilitar o processo, deixaram algumas estacas para remontar os barracos.

"Se tiver mais de 525 hectares a gente volta. Se tiver menos, a gente conversa com as lideranças para ver o que faz", disse o coordenador do acampamento José Roberto da Silva, 50. Segundo ele, o grupo está no local há cinco anos e passou por oito despejos. Silva afirmou ainda que quer colher as roças já plantadas na área.

Pelo acordo, as famílias receberão cem cestas básicas por mês até que o impasse seja resolvido e não podem entrar na propriedade.

Ainda hoje, em conversa com ouvidor agrário nacional, o delegado afirmou ter recebido denúncia de que um sem-terra teve a mão ferida por bala na mesma noite do conflito. Ele disse que abriu inquérito e ainda é cedo para avaliar se o caso está relacionado ao confronto.

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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