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Presidente da Fenaj diz que fim do diploma de jornalista gera dúvidas sobre profissão
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WANDERLEY PREITE SOBRINHO
colaboração para a Folha Online
O presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Sérgio Murillo, convocou para julho uma reunião em São Paulo com todos os sindicatos de jornalistas do país para discutir a decisão de ontem do STF (Supremo Tribunal Federal) que acaba com a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Segundo Murillo, o fim do diploma gera dúvidas sobre a regulação da profissão.
"Estamos calculando o tamanho da pancada", afirmou o presidente da entidade à Folha Online. "Vamos reunir os sindicatos no começo de junho para avaliar os novos rumos."
De acordo com ele, a decisão do STF acaba com a já frágil regulamentação do setor. Na reunião, os sindicalistas vão discutir como ficará a situação de quem é diplomado e de quem não é, como ficará o acesso aos sindicatos e se os concursos públicos poderão exigir o registro de jornalista como exigência para a realização das provas. "São questões que o presidente do STF, Gilmar Mendes, não responde", afirmou Murillo.
Ele diz que no resto do mundo, "menos no Brasil", a tendência é a maior regulação do setor. Por aqui, ele teme a decisão do Supremo impressa o Congresso de formular qualquer lei para o setor. "Qualquer coisa pode ser considerada pelos ministro como violação ao direito à liberdade de expressão", disse.
ANJ
O diretor do Comitê de Relações Governamentais da entidade, Paulo Tonet Camargo, afirmou ontem que a Suprema apenas oficializou o que já ocorria na prática.
Segundo Camargo, a ANJ não é contrária ao diploma nem à formação do jornalista, mas avalia que a obrigatoriedade do diploma fere a liberdade de expressão. "A decisão consagra no Direito o que já acontecia na prática. O número de profissionais era pequeno sem ser jornalista. A ANJ é a favor do curso de jornalismo, mas o que se discutia aqui era o diploma como pré-requisito", afirmou.
Para o representante da ANJ, o diploma é importante, mas não fundamental para o exercício da profissão. "É importante que existam os cursos de jornalismo, mas avaliamos que o exercício do trabalho nas redações e nos meios de comunicação não deve ser exclusivo de jornalistas com diploma", disse.
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Quando ingressei na profissão, não havia ainda escolas de Jornalismo oficializadas. Daí o fato de eu ter podido trabalhar 45 anos como Jornalista Profissional, devidamente registrado no MTPS, sem o diploma. A Lei que regulamentou a profissão me assegurou isso, por já estava no exercício profissional há mais de cinco anos quando ela foi editada.
Nestas condições, sinto-me bastante à vontade para defender a exigência do diploma de Jornalista para os profissionais que militam hoje nos vários segmentos da mídia. Não é que o diploma fará os jornalistas melhores ou não, em relação ao seu caráter. Maus profissionais e maus caráteres, mesmo carregados de diplomas, existem em todas as profissões.
O que afirmo é que o Curso Superior, sem dúvida alguma, preparará melhor o profissional para esta área que a simples frequência a uma redação, como se dava antigamente (quando sequer existiam faculdades de Jornalismo). Esse era o tempo do jornalismo idealista, onde poucos eram os profissionais remunerados nas salas de redação. Escrevia-se por ter "dom" ou por ter "paixão" pela causa pública ou pelo desejo de dar a sua contribuição ao aprimoramento da sociedade.
Nos dias de hoje a situação é muito diferente. Para o exercício diário e remunerado da profissão, exige-se muita técnica. O mercado exige profissionais bem preparados para esta atividade. Foi o tempo dos jornais se valerem somente de colaboradores e profissionais mal remunerados.
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