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16/06/2004
-
17h28
SILVIO NAVARRO
da Folha Online
O ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1996), 72, teve acesso à carta atribuída a ele, na qual supostamente doa o saldo de uma conta bancária na Suíça aos seus quatro filhos, durante depoimento ao Ministério Público Estadual na terça-feira, segundo a promotoria. Maluf nega tanto ter escrito como lido o documento.
A carta manuscrita e redigida em inglês foi enviada pela Suíça à Justiça brasileira e termina com suposta assinatura de Maluf. É dirigida ao banco UBS de Zurique, datada de 16 de dezembro de 1996, e diz: "Eu gostaria de fazer uma doação de todo dinheiro atualmente existente na fundação White Gold para os meus quatro filhos em parte iguais".
Nesta quarta-feira, Maluf voltou a atacar o promotor de Justiça Sílvio Marques, que investiga o caso. Disse que ele vazou informações que nem mesmo seus advogados sabiam e "está a serviço de um partido político". Não disse, entretanto, qual seria a sigla. Maluf é pré-candidato pelo PP à prefeitura paulistana.
No depoimento de ontem, o ex-prefeito se recusou a responder perguntas e argumentou que só falará em juízo. Ele é investigado por suspeita de improbidade administrativa durante sua gestão na prefeitura paulistana e de evasão de divisas. Segundo o Ministério Público, ele teria desviado parte do dinheiro de obras públicas, como a avenida Água Espraiada (atual Roberto Marinho), para contas bancárias no exterior.
Entrevista
Hoje, o ex-prefeito convocou uma entrevista para reafirmar que a carta é forjada e que solicitou exame grafotécnico para provar que a letra não é sua. A promotoria argumenta que não há possibilidade de o documento ter sido manipulado e que constam carimbos nos documentos para atestar sua veracidade. Sobre a autoria da letra, afirma que o importante é a assinatura. A carta será periciada.
A entrevista com o ex-prefeito foi tumultuada. Rodeado por aliados políticos do PP, como os vereadores Erasmo Dias e Wadih Murtan e o deputado estadual Conte Lopes, irritou-se quando questionado sobre supostas contas no exterior. Um dos seus advogados, José Roberto Leal, chegou a bater-boca com repórteres.
No último dia 4 de junho, a Justiça acatou pedido do Ministério Público e quebrou o sigilo bancário e fiscal de Maluf, da sua mulher Sylvia, dos quatro filhos, Flávio, Otávio, Lígia e Lina, da nora Jacquelline e o genro Maurílio Curi, e de empresas que teriam sido utilizadas para enviar o dinheiro no exterior (offshores).
Em 2001, a Folha divulgou a existência dos depósitos em nome de Maluf e de seus familiares no paraíso fiscal da ilha de Jersey. A Suíça informou que, em 1987, valores depositados em Genebra foram transferidos para Jersey, onde estão bloqueados US$ 200 milhões.
Leia mais
Carta atribuída a Maluf doa saldo na Suíça para filhos
Maluf nega ter escrito carta e ataca promotor
Especial
Veja o que já foi publicado sobre as supostas contas de Maluf no exterior
Maluf teve acesso à carta durante depoimento, diz promotoria
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da Folha Online
O ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1996), 72, teve acesso à carta atribuída a ele, na qual supostamente doa o saldo de uma conta bancária na Suíça aos seus quatro filhos, durante depoimento ao Ministério Público Estadual na terça-feira, segundo a promotoria. Maluf nega tanto ter escrito como lido o documento.
A carta manuscrita e redigida em inglês foi enviada pela Suíça à Justiça brasileira e termina com suposta assinatura de Maluf. É dirigida ao banco UBS de Zurique, datada de 16 de dezembro de 1996, e diz: "Eu gostaria de fazer uma doação de todo dinheiro atualmente existente na fundação White Gold para os meus quatro filhos em parte iguais".
Nesta quarta-feira, Maluf voltou a atacar o promotor de Justiça Sílvio Marques, que investiga o caso. Disse que ele vazou informações que nem mesmo seus advogados sabiam e "está a serviço de um partido político". Não disse, entretanto, qual seria a sigla. Maluf é pré-candidato pelo PP à prefeitura paulistana.
No depoimento de ontem, o ex-prefeito se recusou a responder perguntas e argumentou que só falará em juízo. Ele é investigado por suspeita de improbidade administrativa durante sua gestão na prefeitura paulistana e de evasão de divisas. Segundo o Ministério Público, ele teria desviado parte do dinheiro de obras públicas, como a avenida Água Espraiada (atual Roberto Marinho), para contas bancárias no exterior.
Entrevista
Hoje, o ex-prefeito convocou uma entrevista para reafirmar que a carta é forjada e que solicitou exame grafotécnico para provar que a letra não é sua. A promotoria argumenta que não há possibilidade de o documento ter sido manipulado e que constam carimbos nos documentos para atestar sua veracidade. Sobre a autoria da letra, afirma que o importante é a assinatura. A carta será periciada.
A entrevista com o ex-prefeito foi tumultuada. Rodeado por aliados políticos do PP, como os vereadores Erasmo Dias e Wadih Murtan e o deputado estadual Conte Lopes, irritou-se quando questionado sobre supostas contas no exterior. Um dos seus advogados, José Roberto Leal, chegou a bater-boca com repórteres.
No último dia 4 de junho, a Justiça acatou pedido do Ministério Público e quebrou o sigilo bancário e fiscal de Maluf, da sua mulher Sylvia, dos quatro filhos, Flávio, Otávio, Lígia e Lina, da nora Jacquelline e o genro Maurílio Curi, e de empresas que teriam sido utilizadas para enviar o dinheiro no exterior (offshores).
Em 2001, a Folha divulgou a existência dos depósitos em nome de Maluf e de seus familiares no paraíso fiscal da ilha de Jersey. A Suíça informou que, em 1987, valores depositados em Genebra foram transferidos para Jersey, onde estão bloqueados US$ 200 milhões.
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